Piscicultura em Itaporã enfrenta crise ambiental e econômica sem precedentes

Falta de água afeta o ciclo de produção e tanques que deveriam Meio Ambiente estar cheios, estão vazios - Foto: Nilson Figueiredo
Falta de água afeta o ciclo de produção e tanques que deveriam Meio Ambiente estar cheios, estão vazios - Foto: Nilson Figueiredo

Escassez de recursos hídricos gera prejuízos e põe em risco empregos diretos e indiretos

 

A piscicultura de Itaporã vive uma crise ambiental que ameaça não apenas a produção de tilápias, mas também a economia local e centenas de empregos. A falta de água, agravada pela seca prolongada e o possível uso irregular dos recursos hídricos, já comprometeu o funcionamento do frigorífico Mar & Terra, uma das principais empresas da região.

Com 65 tanques distribuídos em três fazendas (Mar & Terra, Só Peixes e São Lucas), a empresa enfrenta uma redução drástica no nível dos tanques, que já baixaram mais de 1 metro em profundidade. Sem reposição de água nos tanques, que dependem diretamente do abastecimento dos rios, a qualidade da água se deteriora, resultando na morte de peixes e comprometendo a produção. “O peixe está acumulando dejetos, a água não está entrando limpa, e isso prejudica toda a cadeia”, afirmou a diretoria da empresa.

Foto: Nilson Figueiredo

Atualmente, o frigorífico emprega diretamente 500 pessoas e sustenta mais de 500 empregos indiretos em setores como transporte, fábricas de ração e fornecedores de alevinos. A paralisação da produção ameaça demitir esses trabalhadores, o que impactaria drasticamente o comércio e a economia da cidade.

Primeira vez em décadas

Desde sua fundação, a Mar & Terra sempre contou com um grande volume hídrico, atraindo visitantes de outros estados e países interessados no modelo de produção. Porém, a seca prolongada e a possível captação excessiva de água por outros produtores rurais comprometem o abastecimento. “Nunca passamos por isso. Sempre tivemos água suficiente para manter a produção”, lamentou a diretoria.

Foto: Nilson Figueiredo

A situação foi comunicada aos órgãos competentes, incluindo o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e a PMA (Polícia Militar Ambiental), que realizaram fiscalizações e prometeram respostas. Mas, até o momento, as providências para regularizar o uso da água e garantir o abastecimento não foram efetivadas. “Os dados estão sendo levantados, mas precisamos de ações concretas. Estamos parados, sem água, e isso compromete não apenas a empresa, mas toda a região”, enfatizou a diretoria da empresa.

Sem água para os tanques, o ciclo de produção é interrompido. Peixes não crescem e até perdem peso, afetando diretamente a linha de abate. A falta de matéria-prima paralisa o frigorífico, impede a produção de ração e interrompe o transporte e a exportação, afetando tanto o mercado interno quanto o externo. Com a continuidade desse cenário, a piscicultura local, que é referência no setor, pode perder sua relevância e comprometer o sustento de muitas famílias.

 

Por Ana Cavalcante e Roberta Martins

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