“Pagamos por um serviço que não é prestado”, reajuste causa revolta no setor do transporte

Falta de duplicação e melhorias são alguns dos fatores que motivam reclamações - Foto: Marcos Maluf-Arquivo
Falta de duplicação e melhorias são alguns dos fatores que motivam reclamações - Foto: Marcos Maluf-Arquivo

A partir do dia 14, valores cobrados por pedágio serão 5,53% maiores, impactando no bolso de motoristas

O reajuste de 5,53% nas tarifas de pedágio da BR-163/MS, autorizado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), passará a valer a partir do dia 14 de junho e já causa revolta entre caminhoneiros, empresas de transporte e motoristas de carro passeio. O aumento segue a correção anual baseada no índice de inflação IPCA e foi publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (3).

A Concessionária CCR MSVia, responsável pela administração da rodovia, afirma que o reajuste está previsto no contrato anterior à repactuação assinada em maio. O novo acordo prevê investimentos para duplicar cerca de 203 km da via, implantar faixas adicionais, marginais e contornos urbanos. As obras estão previstas para começar ainda neste mês, com assinatura do aditivo contratual prevista para agosto.

“Trata-se de uma variação positiva de 5,53%, referente à correção anual pelo IPCA. A otimização da concessão visa tornar o modelo mais eficiente, com previsão de importantes obras de infraestrutura”, informa a CCR em nota ao jornal O Estado.

Apesar das promessas, o setor de transporte não esconde o descontentamento. Dorival de Oliveira, assessor da presidência do SETLOG/MS (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística), critica duramente a decisão: “É mais uma sangria à população sul-mato-grossense. Temos uma rodovia não duplicada e pagamos pedágio como se fosse duplicada. Após 11 anos de concessão, menos de 20% da BR está duplicada”.

Segundo Dorival, não há diálogo efetivo entre a ANTT, a concessionária e o setor. “Os reajustes seguem previsão contratual, mas as obras previstas não são entregues. A ANTT não faz nada quanto a isso”, diz.
O assessor também alerta para o impacto direto no bolso das transportadoras. “Não tem como absorver esse aumento. O SETLOG orienta que o custo do pedágio seja repassado imediatamente ao frete”.

Foto: Marcos Maluf-Arquivo

A falta de resultados também é sentida por motoristas como Fernando Villa, que costuma viajar pela BR-163 com a família. “Na parte de atendimento, não tenho o que reclamar. Mas na questão da duplicação, há trechos perigosos, é uma causa perdida. Poderia ser bem melhor”, relata.

Atualmente, a BR-163/MS conta com nove praças de pedágio. Os valores para automóveis vão variar entre R$6,50 e R$10. Caminhoneiros e ônibus pagarão entre R$13 e R$60, conforme o tipo de veículo e quantidade de eixos.

A ANTT defende que reajustes anuais estão previstos em contrato e são necessários para manter a qualidade da infraestrutura e garantir serviços de atendimento 24 horas, conservação da pista e suporte emergencial. Ainda assim, a percepção dos usuários é de que o valor pago não corresponde ao serviço entregue.

“Esse modelo de concessão não funciona. O ideal seria retirar a empresa da rodovia e fazer novo certame com regras claras e metas de conclusão das obras”, conclui Dorival de Oliveira.

Tabela 1 – Tarifas por praça para automóveis
Praça–Localidade–Tarifa (R$)
P1– Mundo Novo– 6,50
P2– Itaquirai–8,90
P3– Caarapó — 8,90
P4– Rio Brilhante –9,10
P5– Campo Grande –10,00
P6– Jaraguari– 7,80
P7– São Gabriel do Oeste — 7,50
P8– Rio Verde de MT– 10,00
P9– Sonora– 7,40

 

Suelen Morales

 

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