Operação de mineradora em Presidente Figueiredo, localizada a cem quilômetros de Manaus, foi negociada por US$ 340 milhões – o equivalente a cerca de R$ 2 bilhões, com a empresa chinesa CNT (China Nonferrous Trade). A empresa, denominada por Taboca, atua na exploração de estanho no Amazonas. Na reserva, contudo, há resíduo de urânio. Membros do parlamento questionam a transação, visto que a comercialização do mineral é proibida.
Localizada na Mina de Pitinga, interior do Amazonas, a transação da mineração Taboca S. A. é intermediada pelo grupo minerador peruano Misur. O negócio, fechado na terça-feira (26), inclui a transferência de 100% das ações à estatal chinesa. Na reserva, que tem estoque para um século, além de conter estanho, abriga também niobio e tântalo; o resíduo de urânio no local, no entanto, levanta questionamentos sobre a negociação.
O uránio é elemento químico estratégico e que depende de autorização da União para ser explorado. De acordo com a INB (Indústrias Nucleares do Brasil), o átomo do mineral pode gerar calor quando a ligação entre os seus prótons e nêutrons é rompida – é o que se chama fissão nuclear. A Constituição, ainda conforme o instituto, determina que a energia do urânio só pode ser utilizada no país para fins pacíficos.
Para o professor pesquisador geógrafo, Gustavo Amorim, a negociação pode comprometer o território brasileiro. Para Amorim, o controle por uma estatal estrangeira pode comprometer a gestão de recursos e gerar tensões. “Essa transação pode gerar disputas internas e pressões externas que vão exigir que o Brasil reavalie políticas que equilibrem o crescimento econômico associado à proteção da soberania e à sustentabilidade”, comenta.
Em crítica a negociação, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) destacou que, enquanto brasileiros enfrentam restrições, empresas chinesas têm liberdade para explorar reservas minerais no país. “Estamos lá impedidos, com cadeados ambientais que nos escravizam e que nos prendem, porque sempre esbarramos nas ONGs. Sempre esbarramos na ministra Marina Silva, a serviço das ONGs, e, de repente, os chineses compram a maior mina de urânio do Brasil. Vão beneficiar urânio no Amazonas, perto de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, que vive do turismo, que vive das suas 160 e poucas cachoeiras, e ninguém fala nada. Por quê? O que há aí? Um compromisso? Um conluio? Uma perseguição àquilo que a gente pode ou não pode fazer? — protestou, em reportagem.
A empresa Misur tem como área de atuação a mina do Pitinga desde 1969, na região da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo. A reserva, segundo relatos de integrantes do governo, é vista como uma das que podem ser mais rentáveis do Brasil nos próximos anos.
Por Ana Cavalcante