Para evitar maior número de internações, Corumbá-MS suspendeu aulas na rede pública
A Prefeitura de Corumbá decidiu suspender as aulas da Rede Municipal de Ensino a partir de ontem (29) até o próximo domingo (4), como resposta ao aumento expressivo de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no município. A recomendação partiu da Secretaria Municipal de Saúde e visa conter o avanço das doenças que têm lotado unidades de saúde e pressionado leitos hospitalares.
A rede atende cerca de 15 mil estudantes na cidade. A suspensão, até o momento, vale apenas para escolas municipais. A rede estadual ainda analisa a adesão à medida, enquanto as instituições privadas não seguiram a recomendação.
Além da paralisação das aulas, o secretário de Saúde de Corumbá, Antônio Juliano de Barros, publicou uma nota técnica com uma série de orientações à população. As recomendações incluem o isolamento de casos sintomáticos, uso de máscara por pessoas gripadas, higienização frequente das mãos, suspensão de eventos com aglomerações e intensificação da vacinação para os grupos prioritários.
A preocupação não é isolada. Em Campo Grande, a situação levou a prefeitura a decretar emergência por 90 dias no último sábado (26). A decisão veio após reunião do COE (Centro de Operações de Emergência), reativado no início de abril, diante do aumento acelerado de casos de doenças respiratórias, especialmente entre crianças.

Em Aquidauana-MS, prefeitura aposta na busca ativa de pessoas do grupo de risco – Foto: divulgação
Segundo dados da SESAU (Secretaria Municipal de Saúde), Campo Grande já notificou 971 casos de SRAG em 2025. Destes, 486 foram confirmados e 66 resultaram em morte. Os vírus mais identificados nos exames são o Influenza A, o Rinovírus e o VSR (Vírus Sincicial Respiratório), este último responsável por quadros graves, principalmente em bebês com menos de seis meses de idade.
“A nossa prioridade é proteger a vida da nossa população, especialmente das nossas crianças, que são as mais vulneráveis neste momento”, declarou a prefeita Adriane Lopes. A capital intensificou a vacinação contra a Influenza, liberando a dose para toda a população desde o domingo (27), numa tentativa de frear a propagação do vírus.
Como parte das ações emergenciais, a prefeitura anunciou um plano de contingência que prevê atendimento pediátrico 24 horas em duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) — Universitário e Coronel Antonino — e no Pronto Atendimento Infantil do CRS Tiradentes, que será referência para internações pediátricas, diante da falta de leitos disponíveis.
De acordo com a secretária de Saúde, Rosana Leite, o avanço das doenças respiratórias se confirma pelos dados da Fiocruz, que mostram tendência de crescimento sustentado em Campo Grande e em todo o Mato Grosso do Sul nas próximas semanas.
“Hoje não temos mais leitos disponíveis em nossa Capital para internação de crianças com síndrome respiratória”, alertou a secretária. A SES trabalha em parceria com o Governo do Estado e o Ministério da Saúde para abrir novos leitos em cidades do interior, como Três Lagoas.
Uma das iniciativas em andamento é o projeto “Aluno Imunizado”, que leva equipes de vacinação e ações educativas às escolas públicas. A campanha reforça a importância da prevenção nas salas de aula, com atividades lúdicas e presença do personagem Zé Gotinha.
“Crianças com sintomas leves devem ser mantidas em casa”, diz Semed
Diante da crise atual, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) reforça aos pais e responsáveis a necessidade de rigorosas medidas de prevenção, para garantir um melhor atendimento e de qualidade para todos.
“Tendo em vista o decreto 16.246, sobre o protocolo de biossegurança orienta-se: as crianças que apresentarem sintomas leves (tosse, coriza, mal estar), devem ser mantidas em casa, sob observação e em casos graves, devem procurar as Upas ou os CRS (Centro Regionais de Saúde).
Enquanto as autoridades reforçam os esforços, os cuidados individuais continuam essenciais. Confira as dicas:
– Uso de máscara por pessoas com sintomas;
– Lavagem frequente das mãos;
– Atenção a sinais como febre persistente e dificuldade para respirar – Procure o médico;
– Evite locais aglomerados.
Ações paliativas
Em outros municípios de Mato Grosso do Sul, a preocupação não é diferente. Os dados de outras cidades, embora não tão expressivos como em Corumbá e Campo Grande, também são alarmantes. Para mitigar a crise, os municípios investem em medidas de orientação, campanhas de vacinação e unidade sentinela com horário de atendimento estendido, como ação de emergência.
Dentre os municípios do Estado, Chapadão do Sul contabilizava 84 casos de SRAG, 3 óbitos e incidência 271,0 — é a maior no Estado de Mato Grosso do Sul, conforme divulgado pela SES/MS. Como medida paliativa, o município realiza hoje uma campanha de vacinação contra a influenza. A equipe de saúde está na Feira Municipal da cidade, das 16h às 19h, vacinando apenas o grupo prioritário. A equipe de reportagem entrou em contato com a prefeitura para saber de outras ações serão realizadas, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Já em Ponta Porã, os dados chegaram a 129 casos e 14 óbitos, com letalidade de 10,9%. Para que o cenário epidemiológico atual não atinja critérios para decreto de emergência, o município intensificou ações de controle, monitoramento e assistência dos casos.
“Não temos números de casos, óbitos e falta de insumos que justifiquem tal medida. A estratégia mais eficaz de prevenção é a vacinação dos grupos prioritários, pois esses têm evoluído com gravidade e infelizmente a óbito. Com esse intuito, estamos indo até a população facilitando o acesso aos imunizantes em escolas, unidades de longa permanência de idosos, creches, casas de apoio e acamados”, reforça Eduardo Campos (PSDB), prefeito de Ponta Porã.
Ação entre municípios
Em Aquidauana, apesar da incidência de casos demonstrarem-se um pouco mais baixa em comparação com os outros municípios, a cidade encontra-se com lotação máxima na UTI e não há vagas na área vermelha no Hospital Regional Dr. Estácio Muniz. Para mitigar a crise, medidas de prevenção foram intensificadas para reforçar orientações à população, além de uma ação integrada entre o município e Anastácio, que implementaram uma unidade sentinela, com horário de atendimento estendido e que atuará como reforço emergencial por 20 dias.
Devido ao feriado prolongado desta semana e com o aumento expressivo nos casos, estiveram em reunião para discutir algumas medidas de prevenção, em conjunto com o prefeito de Aquidauana, o prefeito Manoel Aparecido (PSDB), de Anastácio. Ambos implementaram ontem (29) um atendimento de emergência em uma unidade sentinela. A unidade, localizada na rua Estevão Alves Corrêa, nº 2834, em Aquidauana, funcionará por 20 dias, de ontem até o dia 18 de maio.
A unidade tem como objetivo atender pacientes com sintomas respiratórios de forma rápida e eficiente, contribuindo para o diagnóstico precoce e o controle da disseminação dos vírus. Na unidade também há atendimento da farmácia básica, ou seja, o paciente passa pela consulta e já pode ali mesmo retirar sua medicação gratuitamente. O horário de atendimento na unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 17h às 21h, e aos fins de semana e feriados, das 14h às 18h.
“Estamos atendendo e agindo de forma rápida para proteger a nossa população. A colaboração de todos é fundamental neste momento para enfrentarmos juntos esse desafio”, afirmou o prefeito de Aquidauana, Mauro do Atlântico.
Aquidauana, que somava 23 casos de SRG, 4 óbitos e letalidade de 15,4%, reforça, por meio da secretaria de saúde, Sandra Calongo, a importância da vacinação do teste rápido e o uso de máscara, em especial, para o grupo prioritário.
“Nós estamos com covid, com influenza, meningite, enfim, com vários vírus circulando ao mesmo tempo. Mas, dentre eles, a gente tem alguns vírus que são preveníveis pela vacinação. Eu oriento quem for do grupo prioritário e ainda não tomou vacina, procurar as unidades de saúde. Quem estiver com sintomas gripais, a realizar o teste de covid. Se der negativo, mas a pessoa estiver com sintomas gripais, utilizar a máscara, seja no ambiente de trabalho, para ir ao banco ou supermercado, mas utilizar até você se recuperar”, reitera.
Por Suelen Morales e Ana Cavalcante
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