MS ocupa o 2º lugar no ranking nacional de casos prováveis de chikungunya

Foto: Bruno Rezende
Foto: Bruno Rezende

Com mais de 3,7 mil casos prováveis, autoridades alertam para que cuidados sejam redobrados

Mato Grosso do Sul ocupa o segundo lugar no ranking nacional de casos prováveis de chikungunya, com 3.764 registros até o momento, segundo o painel de arboviroses do Ministério da Saúde. O Estado fica atrás apenas de Mato Grosso, que possui 24.415 casos prováveis. Além disso, o país registra 53 óbitos em investigação, sendo um confirmado em Mato Grosso do Sul.

A situação no Estado vizinho já é preocupante. Segundo o jornal Gazeta, as mortes por chikungunya em Mato Grosso tiveram um aumento alarmante de 39% em apenas uma semana. Nos últimos sete dias, nove óbitos foram confirmados, elevando para 32 o total de vítimas fatais pela doença. Outras 15 mortes ainda estão sob investigação. Esse crescimento coloca a chikungunya como a doença mais letal no Estado em comparação com outras arboviroses, superando, neste ano, o total de mortes causadas por dengue e covid-19 juntas. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, até o momento, Mato Grosso registrou oito óbitos por dengue e 14 por covid-19. O Estado vive uma epidemia de chikungunya, com 24.148 notificações.

Em Mato Grosso do Sul, a situação também é preocupante. O último boletim divulgado pela SES/MS (Secretaria Estadual de Saúde), no dia 27 de março, apontava 3.773 casos prováveis, com 719 confirmados e um óbito. Até o momento, havia registros de 8 gestantes infectadas pela doença no Estado. Médicos e especialistas alertam para a gravidade da situação, ressaltando a necessidade de intensificar as medidas de controle e prevenção da doença.

Já em Campo Grande, segundo a Sesau (Secretaria de Saúde de Campo Grande) foram confirmados 16 casos de chikungunya. Apesar de nenhum óbito ter sido registrado na Capital, a preocupação com a disseminação do vírus é crescente, principalmente devido à circulação do mosquito Aedes aegypti, transmissor também da dengue e do zika vírus. No último mês, foram identificados 582 imóveis com foco do mosquito na cidade, e mais de 32 mil imóveis foram visitados pelos agentes de saúde.

Série histórica no Estado

A série histórica de casos de chikungunya em Mato Grosso do Sul, iniciada em 2015, mostra um aumento significativo na doença nos últimos três anos, o que levanta preocupações sobre 2025, que pode ser o pior ano da série. Em 2015, o número de casos prováveis era de apenas 9, e desde então, os números aumentaram de forma alarmante:

• 2015: 9 casos
• 2016: 94 casos
• 2017: 157 casos
• 2018: 271 casos
• 2019: 173 casos
• 2020: 193 casos
• 2021: 173 casos
• 2022: 596 casos
• 2023: um salto para 2.711 casos
• 2024: 2.766 casos
• 2025: 3.165 casos até o momento

Cidades com mais casos

Os municípios de Mato Grosso do Sul que apresentam maior número de casos prováveis de chikungunya incluem Jateí, com 237 registros; Maracaju, com 283; e Corumbá, que já soma 325 casos. Outras cidades com incidência considerável são Sonora, com 196 casos; Glória de Dourados, com 130; Pedro Gomes, com 68; Antônio João, com 82; Terenos, com 115; e Três Lagoas, com 174 casos. Esses dados indicam uma distribuição geográfica ampla da doença, afetando diferentes regiões do Estado.

A gerente de Doenças Endêmicas da SES, Jéssica Klener, destaca que a Chikungunya é uma doença que exige atenção constante. “A SES tem se dedicado a fornecer suporte aos municípios no enfrentamento do Aedes aegypti, por meio de ações de prevenção e acompanhamento. A população precisa continuar se engajando, eliminando focos e buscando orientação médica caso surjam sintomas, para evitar complicações e promover a saúde coletiva”.

Perfil dos casos prováveis

A maior parte dos casos prováveis é do sexo feminino (56,8%), com a faixa etária predominante entre 20 e 29 anos (19,25%), seguida por 10 a 19 anos (13,43%) e 30 a 39 anos (15,53%).

Além disso, o Estado registrou um óbito relacionado à chikungunya em 2025, em Dois Irmãos do Buriti. A vítima, um homem de 84 anos, teve início dos sintomas em 01/02/2025 e faleceu em 04/02/2025, com a confirmação do óbito em 06/03/2025.

Medidas de controle

Para tentar conter a disseminação do mosquito transmissor, a Prefeitura de Campo Grande tem realizado ações de controle vetorial. Segundo o último boletim, foram utilizados 140,02 litros de inseticida e ainda há 349,87 litros em estoque. Além disso, 42 pacientes com sintomas foram atendidos na atenção básica, e 399 buscaram atendimento na urgência.

A população também deve contribuir no combate ao mosquito, eliminando possíveis criadouros, como recipientes com água parada, lixos acumulados e caixas d’água sem tampa. O aumento dos casos reforça a necessidade de conscientização da população e ações rápidas das autoridades de saúde para evitar um agravamento ainda maior da situação epidemiológica do Estado.

Chikungunya: O Que é?

A chikungunya é uma doença febril aguda causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A doença recebeu esse nome devido à referência na língua makonde, falada na Tanzânia, que significa “aqueles que se dobram”, devido à aparência curvada dos pacientes na primeira epidemia registrada.

Os principais sintomas incluem febre alta, acima de 39 graus, e dores intensas nas articulações, especialmente nos pés e mãos. Outros sinais podem incluir dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. A doença pode se manifestar entre dois a dez dias após a picada do mosquito, com a possibilidade de persistência de dores nas articulações por meses.

A doença tem se espalhado de forma crescente pelo Brasil desde 2014, com surtos registrados principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Em 2014, o Brasil confirmou os primeiros casos autóctones (transmitidos no próprio país), e desde então, a doença tem sido um desafio para o sistema de saúde. O Ministério da Saúde tem intensificado as ações de controle e monitoramento para conter a propagação do vírus.

Diagnóstico e tratamento

O vírus é transmitido pela picada da fêmea dos mosquitos infectados. A prevenção envolve a eliminação de criadouros de mosquitos, como recipientes com água parada. O controle é similar ao da dengue, outra doença transmitida pelo Aedes aegypti. A população deve evitar o acúmulo de lixo, verificação da caixa d’água e cuidado com os pratos de plantas, que são locais ideais para a reprodução do mosquito.

Não há tratamento específico para a chikungunya. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como sorologia, PCR e isolamento viral. O tratamento se concentra no alívio dos sintomas, como febre e dor nas articulações, com medicamentos como paracetamol e anti-inflamatórios. Em casos graves, a internação pode ser necessária. A recuperação ocorre em média em dez dias, mas as dores articulares podem persistir por meses.

Por Suelen Morales

 

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