Na PMMS e no CBMMS, pais e filhos compartilharem vivências dentro da mesma instituição
No Mato Grosso do Sul, a dedicação à segurança pública ultrapassa gerações. No Dia dos Pais, histórias como as de Jessyca e seu pai, o 1º Tenente Carlos Henrique Weissinger, ambos da PM (Polícia Militar) e de Eluiz Silva Paulon e seu filho, o cabo Luiz Eugênio Pereira Paulon, do CBM (Corpo de Bombeiros Militar), mostram que a vocação para proteger e servir também é um elo de amor e inspiração familiar.
Para Jessyca Weissinger, recém-formada no Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar, a vontade de ajudar e combater injustiças sempre esteve presente. Mesmo que indiretamente, seu pai influenciou a escolher sua carreira. “Desde pequena, sempre tive o instinto de ajudar as pessoas, além de indignação com a injustiça. Acompanhando a trajetória de meu pai, percebi que na Polícia Militar poderia atuar no que acredito ser certo”.
O pai, 1º Tenente Weissinger, garante que nunca incentivou diretamente a filha, mas reconhece que a convivência nos quartéis e a admiração pela profissão foram determinantes. “Em momento algum eu incentivei, isso aconteceu de forma natural e espontânea. Quando ela tinha uns 10 anos, a mãe encontrou um desenho que ela fez de uma policial, acompanhado de uma frase dizendo que era seu sonho. Não levamos em consideração na época, achávamos que fosse passageiro, mas hoje vemos que era vocação”, recorda.
Jessyca também guarda lembranças marcantes da infância ligadas ao trabalho do pai e relembra que quando era criança, acompanhava de perto a rotina do pai, que já vestia a farda. “Lembro do Dia das Mães de 2006, quando ele chegou em casa para almoçar, mas mal deu três colheradas e o telefone tocou o convocando com urgência. Ele teve que sair às pressas para apoiar uma ocorrência de rebelião nos presídios em Campo Grande. Percebi ali o quanto esta profissão exige do militar”, conta.
Para Weissinger, ver a filha seguir seus passos é uma emoção única. “É um orgulho imenso vê-la saindo para o patrulhamento com a missão de proteger a sociedade, mesmo colocando em risco a própria vida. Digo a ela: cumpra sua missão com dedicação e amor e, no final da sua carreira, se você tiver salvo pelo menos uma vida, já valeu a pena todo o sacrifício. Ame a causa do bem, de servir. Na minha opinião ela escolheu a melhor profissão do mundo, de salvar e proteger vidas”.
Jessyca reconhece que hoje tem mais tempo para a família do que o pai teve no início da carreira, mas entende que o sacrifício é parte do trabalho. “Meu pai me ensinou a ter seriedade, honra, comprometimento, ética, integridade e tantas outras coisas. Carregar o sobrenome dele é uma enorme responsabilidade. Sei que, se for 0,01% do militar que ele é, já me realizarei profissionalmente”.
No CBMMS, a história também se repete. O sargento aposentado Eluiz Silva Paulon seguiu os passos do próprio pai, militar do Exército Brasileiro, e passou o bastão ao filho, cabo Luiz Eugênio Pereira Paulon, que atualmente integra a corporação. “Desde pequeno ele me acompanhava no quartel. Aos seis anos, desfilou fardado na escada Magirus. Aos 17, o levei para ser bombeiro voluntário em Mundo Novo. Acredito que plantei uma boa semente e dei um bom incentivo”, declara Eluiz.
Luiz Eugênio Paulo confirma que crescer nesse ambiente foi decisivo para a escolha da profissão, mas afirma que tudo aconteceu de forma natural. “Sempre quis ser policial ou bombeiro. Meu pai levava eu e minha irmã para o trabalho e ficávamos brincando entre os caminhões. Aconteceu tão naturalmente ser bombeiro que parece até que sempre fui. Acho que, para o meu pai, tem ainda mais significado, por ter passado o bastão para mim”.
O cabo lembra ainda que, quando se formou, o pai já estava próximo da aposentadoria. “Ele trabalhava no Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança), despachando ocorrências, enquanto eu atuava nas ruas. Trabalhamos apenas no mesmo dia juntos, mas nunca na mesma guarnição”.
Segundo ele, o pai transmitiu valores fundamentais para a vida e para a profissão. “Me ensinou a ter respeito, resiliência, e disciplina”. Para Eluiz, ter a base familiar é essencial. “O sentimento do dever cumprido é tão importante que o considero a medalha mais valiosa da minha carreira: a Medalha de Honra. O equilíbrio vem do apoio familiar, que esteve sempre comprometido com a minha trajetória”.
Por Inez Nazira