A paralisação dos motoristas e demais trabalhadores do transporte coletivo de Campo Grande está mantida para esta segunda-feira (15). Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano da Capital, Demétrio Freitas, 100% dos ônibus ficarão parados, mesmo após o Consórcio Guaicurus depositar apenas metade do salário devido aos funcionários.
De acordo com o sindicato, o pagamento integral dos vencimentos era a condição para evitar a greve. No entanto, o depósito parcial feito na noite de sexta-feira (13) não foi suficiente para impedir a mobilização da categoria. “Está confirmada a paralisação para segunda-feira, não terá ônibus. O consórcio depositou só metade do salário, e como já tínhamos avisado, se não pagasse integralmente, a greve seria mantida”, afirmou Demétrio.
A greve foi aprovada na quinta-feira (11), durante assembleia com a categoria. Os trabalhadores alegam que o consórcio não quitou o salário referente ao mês de novembro, que deveria ter sido pago até o quinto dia útil, além do 13º salário e do adiantamento salarial previsto para o dia 20. Segundo o sindicato, cerca de 1,1 mil trabalhadores, entre motoristas, cobradores e demais funcionários, são afetados com o atraso.
Demétrio reforça que a paralisação não tem prazo para terminar e está condicionada exclusivamente ao pagamento das três verbas. “A greve vai se prolongar até que o consórcio efetue a quitação do salário integral, do décimo terceiro e do adiantamento. Não tem um tempo determinado, o prazo é o pagamento”, disse.
O presidente do sindicato também criticou o que classificou como descaso recorrente com a categoria. “De uns três, quatro anos para cá, isso vem acontecendo com frequência o atraso salarial, problema com adiantamento, entre outros problemas internos. O transporte coletivo é um serviço essencial e a paralisação vai atrapalhar muita gente, algo que a gente não gostaria que acontecesse. Mas chegou no limite, ficar oito, nove dias sem receber não tem como”, afirmou.
A última mobilização da categoria ocorreu em 22 de outubro, quando os ônibus saíram atrasados das garagens como forma de protesto contra atrasos salariais. O sindicato apontou que o atraso nos repasses das gratuidades concedidas a alunos da Rede Municipal e da Rede Estadual de Ensino foi apenas parte de um problema estrutural do sistema de transporte coletivo, considerado falho. Entre as soluções defendidas por autoridades está a criação de um Fundo de Mobilidade e Trânsito para Campo Grande.
“O trabalhador decidiu pela paralisação caso o consórcio não efetue os pagamentos. Nosso objetivo não é ficar parado, é receber o que a gente tem direito. Se o consórcio pagar essas três verbas, a gente suspende a greve”, reforçou Demétrio.
Em nota encaminhada à imprensa esta semana, o Consórcio Guaicurus atribuiu a crise à “grave situação financeira” do sistema, alegando inadimplência do poder público nos repasses contratuais. Segundo a empresa, estariam em atraso pagamentos relacionados ao vale-transporte, subsídios e outros componentes tarifários necessários para manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
O jornal O Estado entrou em contato com o Consórcio Guaicurus para um novo posicionamento, porém até o fechamento desta edição não houve retorno.
Por Inez Nazira