Após anos em casas improvisadas, beneficiados comemoram segurança e dignidade
Mais de um ano após o incêndio que destruiu barracos na Favela do Mandela, em Campo Grande, famílias que perderam suas moradias foram realocadas em casas construídas pela prefeitura. A última entrega ocorreu na semana passada. Nessa etapa, 24 famílias foram contempladas com novas moradias no Iguatemi II. Para os moradores, a conquista representa mais segurança e qualidade de vida, após anos de incertezas com cada chuva e o medo de perder “tudo” em enchentes e incêndios como o registrado.
Ao todo, foram construídas e entregues 181 casas, sendo 44 unidades no José Tavares do Couto, 32 no Jardim Talismã, 38 no Iguatemi I, 36 no Iguatemi II e 31 no Oscar Salazar. As cinco áreas selecionadas na Região Urbana do Segredo passaram por uma análise criteriosa, garantindo que os novos moradores tivessem acesso à infraestrutura essencial, como escolas e postos de saúde.
A moradora Rosilaine foi uma das sortudas que recebeu a casa ainda na primeira etapa.

Foto: Marcos Maluf
Convivendo com a nova realidade há seis
meses, avalia a mudança como positiva. “Graças a Deus, é muito melhor do que onde a gente estava antes”, relata.
Todas as unidades habitacionais foram construídas pela construtora credenciada pelo Programa Credihabita, instituído pela Lei n. 6.123 em 9 de novembro de 2018. Foram investidos aproximadamente R$ 15 milhões em recursos próprios do Município. Cada família beneficiada pagará parcelas de R$ 185,00, ao longo de 360 meses. Neste mês, Rosilaine pagou a primeira parcela do sonho, planejado durante uma vida inteira. “Esse mês foi o primeiro pagamento, R$ 225. Aos poucos, a gente vai se ajeitando e comprando o que precisa”.
Durante a cerimônia de entrega dos últimos imóveis, a prefeita Adriane Lopes (PP) reforçou que a promessa feita em novembro de 2023, quando o município mobilizou diversas equipes para auxiliar desde as primeiras horas do incêndio, foi cumprida.
“O que era a comunidade Mandela se tornou cinco áreas. Nós escolhemos a dedo as regiões, todos os parques residenciais. Não é só a entrega de um documento, é a concretização de algo que foi prometido e cumprido. Nas outras áreas em que finalizamos as entregas, agora as demandas são outras. É assim que funciona: primeiro a gente dá o primeiro passo, depois avançamos, e as melhorias vão chegando”, destacou a prefeita Adriane Lopes.
Para a moradora Simone Rocha do Carmo, que também foi beneficiada com a casa nova, a nova moradia trouxe, além do conforto, melhores condições de vida, já que ela e os filhos estão ficando menos doentes e com menos risco de contraírem doenças. “Antes, a gente vivia no meio do lixo, com esgoto aberto. Agora, tudo está mais organizado, dá até para respirar melhor”, celebra.
Distribuição das casas e desafios
O diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Claudio Marques, disse que a rapidez na resposta da gestão municipal foi fundamental para que este dia se tornasse realidade. “São 181 famílias que passaram pela tragédia do incêndio e nós buscamos uma solução rápida. Desde a movimentação célere de todas as secretarias até o recurso. Nós não ficamos esperando para fazer com que a obra saísse do papel. As famílias viviam em uma condição insalubre, esgoto a céu aberto, sem rede de água e sem energia com ligações regulares. Hoje essas famílias terão segurança e legitimidade”.
Exemplo nacional
O reassentamento das famílias da comunidade Mandela garantiu a Campo Grande um importante reconhecimento nacional. A Emha recebeu o Prêmio Selo de Mérito 2024 pelo trabalho realizado através do programa Credihabita. A premiação, composta por troféu e certificado, foi entregue no dia 6 de dezembro, durante o 71º Fórum Nacional de Habitação de Interesse Social, em Curitiba.
O prêmio Selo de Mérito é promovido pela ABC (Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação) e o FNSHDU (Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano) com o objetivo de estimular e difundir as experiências bem-sucedidas desenvolvidas pelos órgãos públicos estaduais e municipais no âmbito da habitação de interesse social.
Roberta Martins
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