Pesquisas recentes indicam que os incêndios florestais liberam grandes proporções de aerossóis orgânicos, geralmente em escalas submicrométricas, que são mais tóxicos do que as emissões de outras fontes devido à sua composição química e tamanho. Com isso, a poluição do ar tem impactos diretos na saúde das crianças, podendo contribuir para a menor inteligência e para quadros de leucemia infantil. O desenvolvimento pulmonar é prejudicado, o que leva ao comprometimento dos pulmões na idade adulta.
Dados recentes divulgados pela Ecoa indicam que a poluição do ar tem relação com 19% das mortes cardiovasculares e 21% de todas as mortes por acidente vascular cerebral. Existem indicações de associação da poluição do ar com câncer de bexiga e leucemia infantil. O desenvolvimento pulmonar na infância é prejudicado pela exposição a poluentes atmosféricos, o que leva a comprometimento dos pulmões quando adultos. Outras associações: redução da função cognitiva, aumento do risco de demência, atraso no desenvolvimento psicomotor e menor inteligência infantil. Vários estudos relacionam a poluição do ar com a prevalência, morbidade e mortalidade do diabetes mellitus, problemas com o sistema imunológico, problemas de osteoporose e fraturas ósseas, conjuntivite, doença do olho seco, doença inflamatória intestinal, doenças de pele atópicas, acne e envelhecimento da pele.
Considerando que partes do Brasil têm sido submetidas durante meses, nas 24 horas do dia, à fumaça tóxica dos incêndios florestais, é de se esperar um quadro agravado de saúde da população para os próximos anos, levando em conta o que foi apresentado pelo “Forum of International Respiratory Societies’ Environmental Committee”.
É preciso considerar que as queimadas e os incêndios florestais podem ser contidos, carecendo, porém, de difíceis mudanças culturais e ideológicas que contaminam as políticas na área, levando a desastres como os atuais na América do Sul.
A reportagem do jornal O Estado conversou com Widinei Alves Fernandes, ele é doutor em geofísica espacial e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Segundo ele, as queimadas no Pantanal têm afetado diariamente a qualidade do ar na Capital. “Só deve melhorar quando chover. Nos últimos 30 dias, apenas 5 tiveram uma boa qualidade do ar, isso é o resultado de meses de queimada”, afirmou. (Com informações Ecoa)
Por Thays Schneider