Para evitar internações, Sesau aposta em medicamentos injetáveis e tratamento fisioterapêutico
Com a elevação no número de casos de doenças respiratórias e gastrointestinais em Campo Grande, a procura por aparelhos de nebulização e acessórios relacionados ao tratamento desses quadros também aumentou. A equipe de reportagem realizou uma pesquisa nas principais farmácias e redes da Capital e constatou que, especialmente em bairros mais afastados do centro, há falta de nebulizadores e máscaras descartáveis nas prateleiras.
Segundo farmacêuticos de algumas unidades ouvidos pela reportagem, a demanda por inaladores e espaçadores — dispositivos usados por quem utiliza bombinhas — teve um crescimento médio de 5% nas últimas semanas. Os modelos ainda disponíveis apresentam variações de preço que vão de R$ 125 a R$ 260 para os inaladores, e de R$ 34,99 a R$ 69,99 para os espaçadores.
O cenário acende um alerta para famílias que dependem desses recursos no controle de doenças como bronquite, asma, rinite e sinusite — especialmente em períodos como o outono, em que a umidade do ar tende a cair e os sintomas respiratórios se agravam.
Inalador ou nebulizador?
Na prática, inaladores e nebulizadores são a mesma coisa: aparelhos que transformam medicamentos líquidos em micropartículas, facilitando a absorção via sistema respiratório. No entanto, em algumas regiões do Brasil, os termos são usados para diferenciar formatos: enquanto “inalador” costuma ser associado às bombinhas, “nebulizador” remete ao modelo com máscara e compressor.
Em entrevista ao Jornal O Estado, a Pneumopediatra Jaqueline pasa Carnelos explicou sobre as principais diferenças e quais são os aparelhos mais indicados conforme os sintomas. “Os nebulizadores têm essa questão que a pessoa pode confundir. Ela pode colocar a medicação no nebulizador que vai inativar. O espaçador com a máscara é um dispositivo mais moderno, utilizado para as medicações que são chamadas sprays orais. Ela é mais efetiva, por vários motivos. Assim, a medicação chega melhor no pulmão da criança, porque também ela precisa de menos tempo para ser feita. Apenas 15 segundos segurando a máscara bem acoplada”, explicou reforçando o segundo como aliado no tratamento de crianças.
Existem três tipos principais de aparelhos:
– Pneumático (compressor): utiliza um motor que comprime o ar e transforma o medicamento em vapor.
– Ultrassônico: utiliza vibração de alta frequência e precisa de água para funcionar.
– Rede vibratória: gera uma névoa mais fina e eficiente, com maior aproveitamento do medicamento.
Entre os medicamentos mais usados estão broncodilatadores, mucolíticos, antibióticos, soro fisiológico e anti-inflamatórios. Mesmo sendo vendidos sem prescrição, os especialistas alertam: a automedicação é perigosa e o uso deve ser sempre orientado por um profissional de saúde.
Recomendações e prevenção
Durante o outono e o inverno, o uso do nebulizador pode ser fundamental para aliviar sintomas respiratórios, melhorar a qualidade do ar inalado e evitar complicações. A orientação médica é manter os ambientes ventilados, evitar exposição a fumaça e poeira, e reforçar a hidratação.
Em entrevista ao O Estado, o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul informou que os fornecedores seguem disponibilizando os aparelhos normalmente, até porque se reforçam os estoques para o período de outono e inverno. “Acontece que pode ser que algumas farmácias, por ter um fluxo maior de procura, acabam esgotando os estoques da farmácia. Mas em relação ao fornecedor de estar abastecendo, não, está tendo normal abastecimento”, alertou.
Capital tem superlotação em UPAs e na rede particular
O agravamento de doenças crônicas e de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) respiratórios ampliaram os atendimentos diários para 5 mil no mês de abril na rede pública Capital. Com a superlotação de leitos hospitalares, as UPAs internam pacientes, especialmente crianças, que aguardavam o atendimento.
No entanto, cenário também está preocupante no Hospital Cassems de Campo Grande. A unidade informa que está trabalhando acima de sua capacidade operacional, com 100% dos leitos ocupados. “A alta demanda já esperada para esse período é reflexo do atual surto de infecções respiratórias que atinge a cidade”, explica o hospital em nota, e acrescenta que a demanda elevada também está sendo percebida em toda a rede hospitalar da Caixa dos Servidores do Estado.
“Nos dois primeiros dias de abril, percebemos um aumento de quase 55% no número de atendimentos, se comparado com o mesmo período de março. Entre janeiro e março de 2025, houve um aumento de 40% nos atendimentos da unidade hospitalar, em relação ao mesmo período de 2024”, detalha.
O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), também informou que atualmente, disponibiliza 48 leitos pediátricos, distribuídos entre enfermaria, CTI pediátrico e o PAM (Pronto Atendimento Médico). No entanto, apesar da estrutura disponível, o hospital encontra-se superlotado. A superlotação atinge tanto os leitos pediátricos quanto os leitos destinados aos adultos.
Diante da alta incidência de casos, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) expande a equipe de profissionais e implementa medicamentos essenciais e tratamento fisioterapêutico nas unidades.
Em entrevista ao Jornal O Estado, a secretária de Saúde, Rosana Leite, detalha as ações paliativas adotadas no enfrentamento à superlotação. “A maioria desses casos envolve pacientes com síndrome respiratória, e muitos apresentam calafrios. Além disso, estamos observando um agravamento de casos crônicos, como descompensação de diabetes, que exigem internação, além de aumento de infartos e derrames”, explica.
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