Dicas populares contra escorpiões funcionam? Biólogo alerta para os verdadeiros cuidados

Foto: Arquivo/Marcos Maluf
Foto: Arquivo/Marcos Maluf

Com o aumento no número de acidentes com escorpiões em Mato Grosso do Sul, a população tem buscado soluções alternativas para afastar os animais, como cultivar arruda e alecrim no quintal ou criar galinhas. Mas será que essas práticas funcionam? Ao jornal O Estado, o biólogo Marcelo Bruno Pessoa explica que o uso de plantas como arruda e alecrim, apesar de populares, não é eficaz no controle de escorpiões.

“Essas plantas não têm efeito comprovado. A forma mais eficiente de evitar acidentes é investir em prevenção, principalmente com limpeza, evitando entulho acumulado e combatendo baratas e outras pragas das quais os escorpiões se alimentam. Inseticidas, inclusive, têm pouca eficácia”. Por outro lado, ele reconhece que algumas estratégias populares fazem sentido, como a criação de aves.

“Galinhas, galos e galinhas-d’angola se alimentam de escorpiões e ajudam a controlar a presença desses animais. O mesmo vale para saruês e gambás”. O biólogo ressalta que o combate ao problema não pode ser individual. “Não adianta cuidar só da sua casa. Essa é uma ação que precisa ser coletiva. Os escorpiões se adaptam muito bem às zonas urbanas, se reproduzem com facilidade — inclusive sem a presença do macho — e encontram abrigo em qualquer fresta”.

Segundo ele, as altas temperaturas também favorecem a reprodução e atividade dos escorpiões: “O calor pode sim intensificar a movimentação e o ciclo reprodutivo desses animais”.

Marcelo alerta ainda de que os acidentes costumam ser mais frequentes em regiões com maior vulnerabilidade social: “Eles se escondem em locais com lixo, entulho e frestas. A mudança climática pode até influenciar o comportamento, mas o principal fator é a falta de higiene e o acúmulo de pragas que servem de alimento”.

Entre os cuidados práticos, ele destaca: “É essencial bater o calçado antes de usá-lo, especialmente quem mora em área de risco”.

Se alguém encontrar um escorpião, o biólogo orienta que a Vigilância Sanitária seja acionada imediatamente. Em caso de picada, a pessoa deve procurar atendimento médico o quanto antes. Se possível, levar o animal para identificação e, após o atendimento, notificar oficialmente o caso à Vigilância.

Medidas eficazes de prevenção
Na área externa:
Manter quintais e jardins limpos, sem folhas secas ou lixo;

Acondicionar o lixo em sacos fechados e entregá-los ao serviço de coleta;

Evitar jogar resíduos em terrenos baldios e manter um “aceiro” de 2 metros ao redor dos imóveis;

Eliminar fontes de alimento como baratas, grilos e aranhas;

Remover periodicamente entulhos e materiais de construção;

Evitar umidade e locais com superfícies sem revestimento.

Na área interna:
Rebocar paredes com vãos ou frestas;

Vedar portas com rolos de areia ou rodos de borracha;

Colocar telas em janelas, ralos, pias, tanques e aberturas de ventilação;

Manter rodapés fixos e assoalhos calafetados;

Vedar todas as passagens de energia e telefone;

Bater calçados e roupas antes de usá-los.

Atenção: Em áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode desalojar escorpiões de habitats naturais, como troncos e barrancos. A prevenção também deve ser redobrada nesses casos.

Por Suelen Morales

 

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