Alta na ração e dificuldades na produção pressionam custos e impactam consumidores
As constantes ondas de calor, a alta no preço da ração e a aproximação do período da quaresma elevaram o preço do ovo, que atingiu o nível mais alto dos últimos 22 meses, com um aumento de 69% em relação a janeiro. Em Mato Grosso do Sul, consumidores buscam alternativas para compor suas refeições.
Nas prateleiras dos mercados, os preços em Campo Grande variam. O custo de uma bandeja com 30 ovos já chega a quase R$ 40, de acordo com o apurado pela reportagem do jornal O Estado. Na região sul da cidade, é possível encontrar cartelas custando entre R$ 25,98 e R$ 36,79.
No mês de fevereiro, para os revendedores brasileiros, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a R$ 227, representando um aumento de 69% em relação a janeiro, quando o valor era de R$ 134.
De acordo com especialistas, a alta temperatura impacta diretamente a produção de ovos, já que as galinhas reduzem a postura em condições climáticas extremas. Para manter a produção satisfatória, a temperatura ideal precisa ficar abaixo dos 28ºC. No entanto, as ondas de calor registradas nos últimos meses têm dificultado esse controle.
Outro fator determinante é o custo da ração. O produtor rural Veimar Isaías explica que a alimentação das aves representa um dos principais custos na produção. “O milho e os insumos estão cada vez mais caros, e isso acaba sendo repassado ao consumidor final”, diz. Para ele, a tendência é de estabilidade ou novos aumentos nos próximos meses. “Queda é difícil. A produção enfrenta desafios constantes, e os custos só aumentam”, avalia.
Além disso, a crise dos ovos nos Estados Unidos também afeta os preços no Brasil. Com a queda na produção norte-americana devido à gripe aviária, parte da produção brasileira tem sido exportada para suprir essa demanda, reduzindo a oferta interna e pressionando os preços.
Impacto no bolso do consumidor
Para os consumidores, o aumento tem pesado no orçamento. A aposentada Sônia Gonçalves, de 72 anos, destaca que o ovo, antes uma alternativa mais acessível à carne, também está ficando inviável. “Antigamente, eu comprava 20 ovos por R$ 9 ou R$ 10. Agora, está o dobro. A carne sobe, o ovo sobe, e a gente tem que comprar aos poucos, senão fica sem comer”, lamenta.
A expectativa para os próximos meses é de que os preços se mantenham elevados, especialmente com a chegada da quaresma, período em que o consumo de ovos tende a aumentar. Diante desse cenário, consumidores e produtores aguardam por medidas que possam amenizar o impacto da alta dos preços e garantir o abastecimento do mercado interno.
Djeneffer Cordoba
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