Com o aumento no número de incêndios urbanos, Bombeiros adotam combate por ar

Foto: CBMMS
Foto: CBMMS

Equipes reforçam prevenção com uso de aeronave que até então só tinha sido usada no Distrito Federal

O tempo seco, a baixa umidade relativa do ar e a ausência de chuvas voltaram a elevar o número de focos de incêndio em Mato Grosso do Sul. Diante do cenário crítico, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar), por meio do GOA (Grupamento de Operações Aéreas), iniciou uma ação inédita, o uso de aeronaves modelo Air Tractor para lançar água sobre queimadas de grandes proporções em Campo Grande. Até então, esse recurso só havia sido adotado no Brasil pelo Distrito Federal.

A estratégia tem como objetivo tornar o combate mais rápido e eficiente, protegendo áreas de preservação e reduzindo prejuízos à população. Na primeira operação, realizada na região sul da Capital, bairros como Itamaracá, Universitário, Moreninhas e Paulo Coelho Machado receberam o reforço aéreo. Ao todo, foram lançados 20 mil litros de água, em sete abastecimentos de três mil litros cada.

Somente em Campo Grande, os incêndios em vegetação têm crescido de forma preocupante. Em julho deste ano, foram registradas 139 ocorrências e, até o dia 19 de agosto, já foram 100 novos casos. Desde janeiro, o CBMMS atendeu 534 incêndios na Capital. Embora o número seja menor que o dos anos anteriores, em 2024 foram 709 registros até julho e, em 2023, 877, a gravidade aumenta em função das condições climáticas. Na última sexta-feira (22), por exemplo, os ventos chegaram a 58 km/h, com temperatura de 35°C e umidade relativa do ar abaixo de 24%, ambiente ideal para a propagação das chamas.

O cenário no Estado também preocupa. De janeiro a 14 de agosto, já foram 1.679 ocorrências de incêndio em vegetação. Em julho, o mês mais crítico até agora, foram 437 registros, enquanto apenas nos primeiros 19 dias de agosto já houve 307 casos. O comparativo histórico mostra uma redução, mas ainda em números elevados, até julho em 2024, foram 2.662 ocorrências; em 2023, 1.842; em 2022, 2.423; e em 2021, 3.045.

O comandante da aeronave Bombeiro 04, Major Vinícios dos Santos Frotté, explicou que o lançamento de água, chamado alijamento, segue protocolos de segurança e depende da análise de cada ocorrência. “Não vamos utilizar os aviões em todas as áreas. Cada caso será avaliado em conjunto com as equipes de solo, considerando a localidade e todas as exigências de segurança”, afirmou.

Antes de colocar a estratégia em prática, o GOA realizou estudo técnico de viabilidade, mapeando redes de alta tensão, torres e áreas de maior risco, além de firmar acordos com a concessionária de energia e o órgão de tráfego aéreo. As operações serão diárias e monitoradas em tempo real pelo GOA e pelo COCB.

“Denunciar é um dever”

Apesar do reforço, o CBMMS lembra que a maior parte dos incêndios ainda é provocada por ações humanas, intencionais ou não. Por isso, a colaboração da população é considerada essencial. “Denunciar queimadas é um dever cívico e contribui para a proteção do meio ambiente, da saúde pública e da segurança da população”, ressalta o órgão.

Denúncias de queimadas podem ser feitas à Semadur, pela central 156 ou 153, além do site e aplicativo Fala Campo Grande. A Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais) também recebe denúncias presenciais e pelo telefone 3325-2567, em plantão 24 horas. Em casos flagrantes, a Guarda Civil Metropolitana deve ser acionada pelo 153, enquanto as ocorrências de incêndio em vegetação devem ser comunicadas diretamente ao Corpo de Bombeiros pelo 193.

 

Inez Nazira

 

 

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