Com a aproximação do verão, aumenta a procura por ervas ‘emagrecedoras’ no Mercadão Municipal

Foto: Roberta Martins
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“Natural nem sempre é seguro”: CRF alerta para riscos de efeitos colaterais

Nos últimos meses, a procura por produtos emagrecedores tem aumentado no Estado, principalmente, por aqueles que querem melhorar o corpo para o verão, segundo o CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul). A coordenadora adjunta de fiscalização do órgão, Nathalia Roriz, explica que esse crescimento está ligado à chamada “onda do emagrecimento”, que tem impulsionado a busca por medicamentos, até mesmo, as ervas medicinais.

Enquanto as farmácias registram maior interesse pelas chamadas canetas emagrecedoras, no Mercadão Municipal de Campo Grande o movimento nas bancas de ervas medicinais também cresceu. Comerciantes relatam que cada vez mais pessoas têm procurado chás e infusões associados à perda de peso.

Ivair Ferreira Mendes – Foto: Roberta Martins

Com 35 anos de atuação no Mercadão, o comerciante Ivair Ferreira Mendes confirma a alta procura por ervas ‘emagrecedoras’. “Geralmente alguém vê na internet e vem procurando a erva específica que viu. Hoje existem várias opções de chás”.

Segundo os comerciantes, os preços das ervas variam entre R$5 e R$30, de acordo com o tipo, o uso indicado e a forma de preparo, com pacotes que começam a partir de 100 gramas.

Ivan afirma que a tradição familiar é um dos motivos da popularidade das ervas. “A preferência vem de pai para filho. Muitos falam que a avó tomava e eles tomam também. O público não tem idade específica, é variado”.

Outro comerciante, Andryws Leite, também confirma a crescente procura em seus 15 anos de Mercadão. “Existe bastante essa procura. Não é que as ervas fazem perder peso, mas são auxiliadoras na perda de peso. A procura é grande”.

Andryws destaca que o perfil do seu público são mulheres e homens na faixa de 40 a 50 anos. “O aumento foi observado depois da pandemia, principalmente, o pessoal quer perder peso para melhorar a qualidade de vida. Sempre foi uma das mais procuradas, junto com as ervas para diabetes”.

A vendedora Katiuce de Souza relata que o fim de ano aquece a procura. “Nos últimos meses muita gente vem interessada e muitas voltam. Agora no final do ano, a expectativa é de mais vendas”.

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Mercado Aquecido, mas cautela é necessária

A presidente do CRF-MS, Daniely Proença, esclareceu ao O Estado que a fama das ervas se deve ao equívoco comum de que tudo o que é ‘natural’ é automaticamente seguro e livre de efeitos colaterais. O que não corresponde à realidade.

“As chamadas ‘ervas emagrecedoras’ são plantas ou derivados, como extratos, chás ou cápsulas, que popularmente são associadas à perda de peso. No entanto, o termo ‘emagrecedoras’ não é um rótulo do profissional de saúde ou científico formal”.

Proença destaca que muitas substâncias naturais podem ser potentes e, se usadas incorretamente, causar danos graves. “A toxicidade e os riscos de interações medicamentosas existem, e a falta de controle de dose em produtos irregulares aumenta esses perigos. A eficácia e segurança da maioria das ervas para emagrecimento não são comprovadas por estudos clínicos rigorosos”.

A presidente ainda explica que “embora algumas plantas, como o chá verde (Camellia sinensis), tenham estudos que apontam potencial no auxílio ao controle de peso, os resultados são geralmente modestos e dependem de padronização, dose e contexto”.

Ela reforça que existe exigência de comprovação científica para produtos fitoterápicos. “A Anvisa exige comprovação de eficácia e segurança para que um produto seja registrado como medicamento fitoterápico com indicação terapêutica. Sem isso, não é possível garantir os efeitos prometidos”.

Proença ainda alerta sobre os riscos. “O uso indiscriminado dessas ervas pode trazer vários problemas. Nós vemos casos de toxicidade hepática, reações alérgicas, alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca. Alguns chás laxativos podem causar diarreia severa e levar à desidratação”.

 

Por Geane Beserra

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