Clima seco e instabilidade do clima podem ocasionar em chuvas ácidas no Mato Grosso do Sul

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Foto: Nilson Figueiredo

“Quando a chuva cai sobre o solo e as águas altera as características químicas colocando em perigo o equilíbrio dos ecossistemas”, explica o Prof. Dr. Julio Cesar Gonçalves

Desde o início do inverno no mês de junho, quando as temperaturas devem permanecer amenas até setembro, Mato Grosso do Sul vem vivenciando mudanças climáticas durante a estação, com ondas de frio e calor extremo em várias regiões do Estado. A mistura de tempo seco com poucas chuvas e o aumento das queimadas podem contribuir para alguns problemas ambientais.

De acordo com a meteorologia, os termômetros devem marcar até 4ºC e a previsão é de chuva durante o fim de semana, com possibilidade de geada em algumas regiões. Devido às queimadas que estão ocorrendo no Pantanal, Mato Grosso do Sul amanheceu coberto de fumaça nesta sexta-feira (23) e a temperatura foi diminuindo ao  longo dia, com a chegada de uma nova frente fria.

Com esta mudança rápida no clima e a possibilidade de chuvas, especialistas alertam para as chances de ocorrer a chamada  chuva ácida, fenômeno atmosférico que consiste na precipitação devido a presença de ácido sulfúrico, ácido nítrico e nitroso, resultantes de reações químicas que ocorrem na atmosfera. Em contato com gotas de água suspensas no ar, esses componentes reagem formando ácidos que, ao precipitar, dão origem à chuva ácida.

O professor doutor em geografia, Julio Cesar Gonçalves, explica que a condição é resultante da estiagem, combinada com as fumaças de incêndios florestais, como as do Pantanal, além da queima de combustíveis fósseis expelidos por veículos e fábricas. “Essa acidificação do solo e das águas superficiais exerce efeitos devastadores nos ecossistemas e representa um grave perigo para os seres vivos”, afirma. 

Entre as consequências está a acidificação dos rios, lagos e mananciais, que diminuem o pH da água podendo matar peixes, anfíbios e invertebrados que vivem nela. Além disso, existe a possibilidade de contaminação do lençol freático, afetando o ciclo de desenvolvimento da vegetação. 

“O solo também pode liberar metais potencialmente tóxicos, como alumínio, chumbo e cádmio, que podem se introduzir na cadeia alimentar. Pode destruir folhas e galhos de árvores, causando empobrecimento nutricional e tornando as plantas suscetíveis às pragas e doenças. O crescimento das raízes também pode tornar-se lento, prejudicando o transporte de nutrientes, diminuindo a produtividade no setor do agronegócio”, ressalta. 

*Colaborou o repórter Antonio de Almeida. 

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