Caminhoneiros temem que Rota da Celulose seja entregue para a CCR MS Via

FOTO: MARCOS MALUF
FOTO: MARCOS MALUF

Vencedor da licitação será revelado em dezembro e concessionária diz que analisa oportunidades de mercado

Caminhoneiros questionados pelo Jornal O Estado aprovaram o projeto de concessão de rodovias da Região Leste de Mato Grosso do Sul, também conhecida como Rota da Celulose, mas temem que a empresa vencedora seja semelhante à  CCR MS Via.

Maurício Chavier Maidana, 56 anos, é caminhoneiro há 30 anos. Ele percorre Mato Grosso do Sul de ponta a ponta transportando tijolos e, por muitas vezes, ‘ficou na mão’ e sem ter como pedir ajuda por falta de comunicação.

“Nunca sabemos quando um pneu pode furar ou uma peça do caminhão vai estragar, quando saímos de casa estamos sujeitos a diversos imprevistos. Queremos uma qualidade melhor nas rodovias, falta acostamento, linha telefônica, parada de descanso e até mesmo postos médicos”, afirmou o trabalhador.

O projeto apresentado pelo Governo do Estado pretende proporcionar mais segurança e ampliar a prestação de serviços aos usuários. Para isso, a concessionária deverá implantar e operacionalizar os seguintes serviços: 19 guinchos para socorro mecânico, 13 ambulâncias de atendimento e socorro médico, 7 veículos de inspeção de tráfego, 5 caminhões-pipa para combate a incêndios, 5 caminhões adaptados para apreensão de animais e desobstrução de pistas e 13 postos de atendimento aos usuários com estacionamento, sanitários, telefones e área de descanso.

O caminhoneiro Gilmar Olegario Vitorino, 34 anos, transporta suínos há mais de 3 anos e trafega diariamente pela BR-163, administrada pela CCR MS Via. Ele cita que a experiência garantida aos motoristas não é nem semelhante à  prometida no contrato de concessão. “Foi prometido duplicação, parada de descanso, acostamento entre outros e nesses três anos não vi nenhuma mudança, apenas o aumento anual do pedágio. Pagamos caro por um serviço de baixa qualidade”, afirmou.

Questionada se teria interesse em participar do processo de concorrência pela licitação da Rota da Celulose, a CCR MS Via indica que analisa as oportunidades. “O Grupo CCR esclarece que analisa as oportunidades no mercado segundo o trâmite habitual nesse tipo de processo competitivo.”

Ainda ontem (23), foi publicado no Diário Oficial do Estado o aviso de licitação do projeto de concessão de rodovias da Região Leste do Estado. De acordo com o documento, a concorrência pública tem como objetivo a concessão dos serviços públicos de recuperação, operação, manutenção, conservação, implantação de melhorias e ampliação de capacidade do sistema rodoviário composto pelos trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 e trechos das federais BR-262 e BR-267, totalizando 870,3 km de extensão pelo período de 30 anos.

Todas as medidas previstas partiram do EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas), órgão responsável pelo projeto, que colheu sugestões na fase de consulta e audiência pública que contribuíram para o aprimoramento do projeto do sistema rodoviário, entre eles investimentos, contornos urbanos, dados financeiros, adição de duplicação de trechos rodoviários, marginais no trecho urbano da capital, edificações operacionais, veículos e sistemas de cobrança e localização dos pórticos de pedágio.

Ligação com nove municípios

Localizado na porção central e leste do Estado, o sistema rodoviário a ser concedido inclui os principais corredores que ligam a Capital ao Sudeste do país, passando por nove municípios sul-mato-grossenses. A região a ser atendida possui o maior centro industrial do Estado, em plena expansão, com destaque aos municípios de Campo Grande, Sidrolândia, Nova Alvorada do Sul e Ribas do Rio Pardo, onde está localizada a maior indústria de celulose do mundo.

As melhorias previstas atendem ao volume de tráfego atual e o projetado para os próximos anos. Estão estimados R$ 9 bilhões em capital privado e 843 km em benfeitorias.

Os investimentos devem servir para ampliar e antecipar melhorias na malha viária. Serão 135 km em duplicações, 457 km de acostamentos, 203 km em terceiras faixas, 12 km de marginais, implantação de 36 km em contornos de municípios, 112 dispositivos em nível e 4 dispositivos em desnível, 6 travessias sobre a linha férrea, 22 passagens de fauna, 16 passarelas, 3 postos de parada e descanso aos caminhoneiros.

Estrada Viva

A concessão prevê ainda o atendimento às diretrizes do programa Estrada Viva, do Governo do Estado, para preservação da fauna silvestre. Entre eles, a implantação de dispositivos de prevenção de acidentes como passagens de fauna, tela condutora, placas de alerta e lúdicas, controladores de velocidade, bem como serviço de Resgate e Reabilitação de Fauna e ações de educação ambiental dos usuários e comunidade em geral.

Segundo a secretária especial de Parcerias Estratégicas, Eliane Detoni, o projeto possui elementos inovadores e está entre os mais modernos da atualidade. “O governo já havia recebido inúmeras demandas para atender essa importante região e agora entrega um projeto que melhorará a trafegabilidade nas rodovias, conferindo maior segurança e conforto aos usuários. Procuramos incorporar o que há de mais atual e moderno em termos de segurança rodoviária e relevantes contribuições foram colhidas da sociedade durante a consulta pública. Isso elevou ainda mais a qualidade do nosso projeto”.

Por Thays Schneider

 

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