O ataque sofrido por uma corredora no Parque dos Poderes, na quarta-feira (26), reacendeu o debate sobre segurança em uma das áreas mais frequentadas de Campo Grande para prática esportiva. Embora a Deam reforce que o episódio é isolado e não há registros de crimes semelhantes neste ano, a sensação de medo entre os frequentadores é antiga – e se soma a relatos de trechos ermos, falta de iluminação, ausência de rondas visíveis e episódios considerados suspeitos por quem treina diariamente no local.
O que se sabe sobre o ataque
O ataque ocorreu no início da manhã, quando um homem tentou arrastar uma corredora para dentro da mata. Ela conseguiu escapar com a ajuda de um ciclista que acionou a Polícia Militar. A delegada Analu Lacerda Ferraz, adjunta da Deam e responsável por investigações de crimes sexuais há três anos, afirma que este é o único caso com esse padrão registrado em 2025 e descarta a existência de uma série de ocorrências no parque.
Segundo a delegada, a subnotificação dificulta a adoção de medidas preventivas, já que a falta de boletins de ocorrência impede que a polícia identifique padrões e direcione o policiamento.
Equipe do O Estado ouve frequentadoras
Nossa equipe visitou o Parque dos Poderes na manhã desta quinta-feira (27) e não encontrou rondas policiais circulando pelos principais trechos utilizados por caminhantes, corredores e ciclistas.
A psicóloga Keyla Hyper, Diniz Brandão, 46 anos, disse que caminha diariamente no local, sempre acompanhada, e evita áreas ermas. Ela considera que o patrulhamento deveria ser móvel, com rondas constantes, e não restrito a um único ponto. Para ela, a simples presença de viaturas em circulação já teria efeito de inibir atitudes suspeitas.
A produtora rural Luziane Fredrich, 58 anos, também caminha diariamente e contou que ela e as amigas passaram a usar a ciclovia – mesmo sabendo que não é o ideal- por se sentirem menos vulneráveis perto da pista do que da mata. Ela defende patrulhamento por moto, cavalaria ou viaturas, especialmente nos horários de maior fluxo.
Cobrança por reforço na segurança
Após o ataque, o deputado estadual Lidio Lopes apresentou indicação ao Governo do Estado pedindo reforço imediato no policiamento do Parque dos Poderes. A solicitação inclui patrulhamento ostensivo, policiamento preventivo e ações integradas, principalmente durante a madrugada e nos fins de semana.
O pedido sugere intensificação das rondas em trilhas, estacionamentos e áreas próximas às secretarias, trechos utilizados por atletas, servidores públicos e famílias.
Por sua vez, a PMMS informou que o policiamento na região é realizado pelo 9º Batalhão, com apoio de unidades especializadas. A corporação afirma que já tomou conhecimento da tentativa de estupro e que avalia o reforço do policiamento no local.
A PM também informou que a operação Boas Festas 2025, que começa em 3 de dezembro, aumentará a presença de policiais em Campo Grande, incluindo o Parque dos Poderes. A corporação reforça orientações como caminhar acompanhado, evitar trechos ermos e acionar o 190 em qualquer situação de risco.
Por Suelen Morales