Imasul revoga suspensão de atividades após aplicação de medidas de segurança e Ibama realiza novas vistorias
O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) autorizou o funcionamento parcial do balneário Praia da Figueira, em Bonito, localizado a 260 km de Campo Grande, após acidentes recorrentes envolvendo mordidas de peixes. Para garantir a segurança dos usuários e da biodiversidade, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) reforçou as ações de vistoria para verificar a possível presença de espécies exóticas no local. Caso identificado, o balneário poderá ser autuado. Enquanto isso, os responsáveis pelo empreendimento citam a alimentação como causa dos ataques.
Ao menos 14 pessoas procuraram atendimento médico no município após incidentes com peixes. Alguns casos foram classificados como de atenção terciária, com necessidade de cirurgia ou tratamento especializado. Uma das vítimas, que perdeu parte do dedo, criticou a ausência de avisos e medidas preventivas no local.
O balneário Praia da Figueira, em nota, no entanto, apontou a alimentação irregular dos animais como principal fator para os ataques. “Em conversas informais com as pessoas que tiveram esses incidentes envolvendo peixes, foi constatado que foram causadas por ações humanas, como a alimentação irregular dos animais. Foram tentativas de atraí-los para fotos ou o toque direto nos peixes, atitudes que alteram o comportamento natural da fauna e podem representar riscos à segurança dos banhistas.”
Além da estrutura de contenção, o balneário anunciou o reforço nas ações educativas, com orientações no check-in, sinalização adequada, material informativo e atuação de salva–vidas para orientar os visitantes sobre práticas seguras e respeitosas com o ambiente.
“O Grupo Praia Parque reforça o pedido de colaboração de todos os frequentadores para que sigam as orientações no local, contribuindo para a preservação desse espaço único e garantindo uma experiência segura e inesquecível”, finaliza a nota.
Busca por espécies exóticas

Análises com mergulho com cilindros buscam identificar espécies que existem no balneário – Foto: reprodução/Águas Turismo
Em nota ao jornal O Estado, o Imasul informou que as vistorias não identificaram espécies exóticas na lagoa. Mesmo assim, o órgão reitera que seguirá monitorando o empreendimento para assegurar o cumprimento da legislação e a proteção ambiental, mesmo com a barreira de segurança instalada.
“A retirada da suspensão do empreendimento foi autorizada em razão do atendimento à medida de contenção instalada com o objetivo de impedir o acesso de peixes de médio e grande porte à área destinada ao banho”, explica o Instituto.
Com a nova estrutura, foram liberadas as atividades de bar molhado, tirolesa e balneabilidade na lagoa artificial. No entanto, continuam suspensos o uso de caiaques, pedalinhos e stand-up paddle, até que ocorra o manejo definitivo dos peixes que ainda representam risco.
Vistoria com mergulho
Diante da gravidade dos incidentes e da suspeita de presença de peixes como tambaquis e tambacus, o Ibama também realizou vistoria na lagoa artificial, localizada próxima ao Rio Formoso. Segundo a analista ambiental Fabiane Souza, responsável pela inspeção entre os dias 15 e 17 de maio, nesta vistoria não foi possível identificar espécimes exóticos, mesmo com o uso de técnicas como mergulho com cilindro.
“Utilizamos nas buscas diversas técnicas, incluindo mergulho com cilindro. Contudo, não foi possível a captura de espécimes. Avaliamos também as possíveis vias de comunicação da lagoa com o corpo hídrico próximo, a exemplo do Rio Formoso. Em casos de licenciamento com aquicultura, o tambaqui pode ser utilizado na região, porém não é o caso do empreendimento, que é turístico”, destacou.
O balneário foi notificado a apresentar documentos de licenciamento ambiental e notas fiscais que comprovem a origem dos peixes. A analista alerta que, caso sejam confirmadas espécies exóticas, o risco é de bioinvasão, com impactos como desequilíbrio na cadeia alimentar e alterações na vegetação subaquática.
“Peixes exóticos competem com nativos na cadeia alimentar e também podem alterar a vegetação subaquática, mudando todo um ecossistema nativo. Mas o trabalho é contínuo e poderá envolver novas vistorias, tanto neste quanto em outros empreendimentos da região. O Ibama também mantém a campanha ‘Pesque e Leve’, que orienta sobre os danos causados por espécies exóticas e reforça que sua introdução configura crime ambiental”, afirma Fabiane.
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