Moradores da região reclamam da demora e temem por erosões na via
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS
Após 10 anos do início das obras da avenida Ernersto Geisel, que são para estabilizar as margens do rio Anhanduí (com muro de gabião e placas de concreto), a Prefeitura de Campo Grande diz não haver um prazo para o término. Segundo o Executivo, ainda está sendo feito um orçamento para calcular o que ainda falta ser feito, para então abrir uma nova licitação, tendo em vista que a antiga empresa responsável pela obra, realizou alguns reparos na antiga obra. A equipe de reportagem do O Estado percorreu a Avenida e conversou com moradores sobre a situação da região.
Sem as paredes de gabião ou de concreto, quando chove muito na cabeceira dos córregos afluentes (Prosa e Segredo), a correnteza aumenta. A água, ao bater no barranco diretamente, derruba o aterro e provoca erosão, colocando em risco as pistas, como o que ocorreu recentemente na avenida Fernando Corrêa com a José Antônio.
A aposentada Laura Barbosa, 70 anos, recorda que as primeiras intervenções ocorreram no ano de 2012, mas somente em 2018, antes da pandemia, avançaram efetivamente e, ainda assim, não foram concluídas.
“Moro aqui há 48 anos, vi o começo dessa obra e a desistência dela. Quando chove é algo preocupante, pois os bueiros transbordam e fica uma enxurrada nas ruas. Os asfaltos ficam prejudicados a cada chuva forte que dá, como foi no mês de janeiro desse ano. Ficamos preocupados com essa situação, pois se chega a acontecer alguma coisa, é difícil ter que depender do Poder Público para reparar os prejuízos”, ressaltou.
Entretanto, ainda falta a conclusão de um trecho, que está separado em dois lotes: um entre as ruas Abolição e Bom Sucesso e outro entre a Bom Sucesso e a Rua do Aquário. Cada parte tem custo previsto de R$ 25,6 milhões e R$ 15,8 milhões, respectivamente. A obra não foi finalizada, porque a empresa Dreno Construções, que estava responsável, não continuou o serviço e pediu rescisão do contrato no ano passado.
Do valor total da obra, R$ 60.974.794,96, R$ 60.338.880,92 já foram repassados ao município, conforme o Portal da Transparência do Governo Federal. Fora a contrapartida de R$ 11.186.478,40 da prefeitura. Até o fim do ano passado, R$ 36.093.303,95 já foram aplicados na obra, restando R$ 18.338.101,97 para serem utilizados.
“Tememos que aconteça o que aconteceu na Fernando Corrêa, pois está bem parecido por aqui. Quem anda por esse asfalto sente que ele não é nivelado. Muitas partes já estão afundando, e com as chuvas, não irá nos surpreender se desabar”, desabafou o representante bancário, Carlos Garcia, 61 anos.
Preocupado com o cenário conturbado da avenida onde mora, o empresário que aluga objetos de decoração para festa, Vanderson Nogueira, 27 anos, diz já não saber mais o que fazer. “Assim como outros moradores, já procurei pela Prefeitura para concluir essa obra, mas nada foi feito até agora.
A última mudança que fizeram nessa região foi antes da pandemia. A cada chuva a situação fica mais crítica. Nessas árvores e mato que ficam beirando o asfalto e a margem do córrego, esses tempos tinha uma pessoa em situação de rua morando ali. Isso é um perigo, imagina se num dia chuvoso, como tem sido nessas últimas semanas, alguém chega cair”, questionou o morador.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura da Capital não retornou quanto aos questionamentos a respeito dos dois trechos inacabados, citados acima na matéria.
Furtos e lixos na região
Outro problema que assola os moradores são os furtos e os lixos jogados próximo ao córrego. A reclamação é a mesma: os andarilhos que rondam a região e os moradores “sem noção”, como é chamado por eles, que insistem em jogar lixo na região.
“Já enfrentamos esse problema da chuva, que alaga tudo por aqui, e ainda temos que lidar com os lixos. Haviam vários comércios por aqui, tinha lanchonete, espetinho, lojas… mas com esse odor e os lixos que ficam espalhados por aqui, acabou baixando o movimento da região”, relatou um morador, que preferiu não ser identificado.
Ainda conforme o morador, muitos que jogam lixo na região são dos bairros vizinhos. “Eles passam aqui, à luz do dia mesmo, e jogam várias coisas. Tudo bem que está abandonada essa obra, e o governo e prefeitura não estão nem aí, mas não precisam piorar nossa situação de quem mora aqui”, alegou.
No local, é possível ver encanamento e barras de ferro que foram retiradas da antiga obra. “Eles roubam tudo, piora cada vez mais o que já não estava bom”, finalizou ele.
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