Os desafios da Educação Antirracista em tempos de TIK TOK e TRUMP

Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

A sociedade está marcada pelos algoritmos, pelas grandes plataformas de informações como Instagram e Tik Tok, principalmente dentre os(as) jovens. Essa sociedade da informação digital, de aceleração do tempo e diminuição do tempo de concentração, também é marcada pelo aumento da ansiedade e desinteresse crescente pela leitura, apresentando grandes desafios para o processo de ensino-aprendizagem.

Esses grandes desafios para a Educação se apresentam ao mesmo tempo, em que mundialmente tem se fortalecido discursos de ódio, racista, misógino, conservador e anticiência, que tentam desqualificar as Universidades, as pesquisas e a própria Educação. Nessa conjuntura, cujo papel das “humanidades” é fundamental, é preciso mudanças profundas no diálogo entre as Ciências Humanas, Educação e Sociedade.

Diante desses desafios e angústias, nos perguntamos: Como fortalecer o processo ensino-aprendizagem? Como ser educador(a) antirracista? Como pensar uma Educação Antirracista? E é por meio dessas indagações que surge na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no Curso de Geografia, em articulação com outras Universidades brasileiras e no Mato Grosso do Sul, com a UFMS, o projeto “Territórios de Escrevivências”. Uma proposta de pesquisa-ação que articula a necessidade de uma Educação Antirracista com ações diretas via Educação Básica, por meio das múltiplas linguagens e da transdisciplinaridade.

O projeto trabalha a partir da obra/vida de Carolina Maria de Jesus, mulher negra, periférica, mãe solo, escritora, artista, poetisa e catadora de papel, que viveu na década de 1960, na favela de Canindé, São Paulo, ou seja, uma mulher concreta, expressão direta do racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Ao permitir pensar as Carolina(s) do passado, presente e futuro, o projeto tem alcançado uma potencialidade enorme no desenvolvimento das práticas antirracistas com os(as) estudantes dos diferentes níveis de ensino.

Trabalhamos diversos temas através da produção das linguagens cartográfica, audiovisual, fotografia, peça de teatro, aula de teatro, instalação de arte, oficina de rap, dentre outras que têm nos permitido dialogar com os jovens das escolas públicas. Trazer para o processo de ensino-aprendizagem os territórios de escrevivências possibilita a produção de memórias e histórias que refletem as trajetórias e realidades vividas das pessoas e a construção de um espaço dialógico e polifônico na constituição de sujeitos críticos e atentos/as à realidade socioespacial em que estão inseridos/as.

Além disso, a transdisciplinaridade possibilitou que o debate complexo das ciências humanas chegasse a uma catadora de papel da cidade de Dourados, que por meio da Instalação “Casa Carolina Maria de Jesus”, no Festival de Todos os Povos (FESTOP), reconheceu em Carolina a dor da invisibilidade vivida nas ruas da cidade de Dourados e também a — Esperança — do verbo esperançar. Conheça o “Projeto Territórios de Escreviências: as potencialidades da obra/vida de Carolina Maria de Jesus”, Instagram: @territorios_de_escrevivências

Claudia Marques Roma é professora da Faculdade de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGG da UFGD. E-mail: [email protected]

Este artigo é resultado da parceria entre o Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul e o FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas de MS.

 

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