Caminhos para a filosofia e as ciências humanas no Mato Grosso do Sul

Foto: reprodução
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Trago dentro de mim um profundo amor pelo Mato Grosso do Sul, pela sua cultura pantaneira, pelo modo como o cerrado enfrenta as adversidades para se manter vivo, pelos sonhos guaranis presentes na sua genética. Da mesma forma, tenho um profundo amor pelo saber, o que me levou a refletir: Há espaço para a filosofia e as ciências humanas no Mato Grosso do Sul? O que esse estado tem para oferecer no campo filosófico e das humanidades? É um estado propício para a formação de intelectuais?

Para responder essas perguntas, temos primeiro que entender a situação do Mato Grosso do Sul no campo acadêmico da intelectualidade. A partir daí, irei relacionar essa situação com minhas vivencias como sul-mato-grossense, criado na região do Nabileque, em Bonito e Miranda, onde aprendi muito com o tempo pantaneiro, com a força da natureza, que faz o ser humano ter que se adaptar e se entregar à ela, com a força e a bravura do povo Kadiwéu.

Quanto à situação de Mato Grosso do Sul no campo da intelectualidade acadêmica, vejo vantagens e muita oportunidade. Notem, a filosofia e as ciências humanas são seguramente um acontecimento contemporâneo em Mato Grosso de Sul, sendo assim são áreas da intelectualidade humanas que estão em construção, não sendo necessário uma destruição para reconstruir-se. Estamos erguendo os alicerces já sabendo dos possíveis problemas e dessa forma podemos evitá-los, estruturando um campo das humanidades que aprende com o passado, mas que olha para o presente e por consequência, olha para o futuro. Devemos entender também que, se estamos em fase de construção nestas áreas dos saber, precisamos de mão de obra, ou seja, precisamos popularizar as humanidades em Mato Grosso do Sul, fazendo com que tenhamos mais gente pensando em campos variados e fortalecendo assim a cultura e a ciência em nosso estado.

Além de tudo isso, nosso estado apresenta elementos para uma filosofia e ciências humanas fortes e realmente contemporâneas, por exemplo, somos um dos estados de maior importância na agropecuária, talvez seja necessário começarmos a pensar em uma “filosofia ambiental”, como o pensamento “ecosófico”, ou em termos de “humanidades sustentáveis”. Outro possível campo da intelectualidade a ser desenvolvido em Mato Grosso do Sul é o resgate filosófico e humanista dos povos originários, quem sabe uma “filosofia Bugre”, uma “ciência humana Kadiweu”. Seja como for, estamos falando de novos caminhos para a filosofia e as ciências humanas em MS, um saber com raiz do Pantanal, olhando para Manoel de barros, para o povo pantaneiro, para as monções, entre outros elementos presentes na essência do Mato Grosso do Sul.

João Paulo Weiss de Camargo é Professor de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande, professor de capoeira na Associação Pestalozzi de Campo Grande – MS e é estudante de Filosofia na UFMS. E-mail: [email protected].

Este artigo é resultado da parceria entre o Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul e o FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas de MS.

 

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