Artigo: A importância da popularização científica dos acervos museológicos

Carlos Eduardo da Costa
Foto: Arquivo Pessoal

A cultura é um elemento vital para a construção da cidadania. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garante o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional. Inspirados por esse compromisso constitucional, o projeto “Um Dia no Museu” emerge como uma iniciativa inovadora e essencial para a promoção e difusão de acervos museológicos na educação básica do MS. Fundamentado nos preceitos do Acordo de Cooperação nº 71/2022-UFMS, o projeto estabeleceu uma parceria frutífera entre a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e o Museu Histórico Nacional. A meta principal foi enraizar a valorização do patrimônio nacional no coração do Centro-Oeste do Brasil, garantindo o acesso e a participação ativa da comunidade.

Ao trabalhar em conjunto com educadores da rede básica de ensino de Mato Grosso do Sul, o projeto assegurou não apenas o acesso dos alunos ao Museu Histórico Nacional em seu centenário, mas também incutiu a importância do patrimônio numismático e das ciências humanas por meio de exposições itinerantes, material educativo e oficinas de educação patrimonial. Isso foi realizado de maneira exemplar durante a 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2022.

Vale ressaltar que os museus são mais do que meros locais de visitação; são instituições multifacetadas que desempenham um papel crucial na sociedade. Eles funcionam como catalisadores da diversidade e da sustentabilidade, promovendo a interação ética e profissional com as comunidades. Segundo o Icom (Conselho Internacional de Museus), um museu é uma instituição a serviço da sociedade que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial, fomentando a diversidade e a sustentabilidade.

Ao abraçar essa visão abrangente, o projeto “Um Dia no Museu” buscou romper com a desconexão entre sociedade e museus. A ação reconhece os museus não apenas como guardiões da história, mas como agentes de mudança social, contribuindo para a geração de renda, a bioeconomia, a inovação social e o empreendedorismo. Contudo, para que essa transformação ocorra efetivamente, é crucial garantir o acesso e a popularização dos museus em todas as camadas sociais. Logo, popularizar a ciência é levar esse conhecimento para as escolas. Isso requer a promoção da reflexão sobre as demandas sociais, a ampliação de perspectivas e a construção de um futuro baseado no respeito às identidades e diversidades.

O Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, com seus 100 anos de existência, desempenha um papel crucial na preservação da memória coletiva do Brasil. A colaboração com a UFMS nos últimos anos, especialmente por meio de projetos de extensão e pesquisa, reflete o compromisso com a difusão científica e a educação patrimonial em todas as regiões.

O projeto “Um Dia no Museu” não apenas cumpriu sua função social de popularização da ciência, mas também se alinhou com as diretrizes do ENCTI 2016-2022, priorizando a pesquisa científica em humanidades, bem como atuou na formação e retenção de recursos humanos. A sua abrangência, que alcançou diversas cidades de Mato Grosso do Sul, serviu como um farol de luz para a valorização do patrimônio cultural e histórico, promovendo um diálogo entre passado e presente para construir um futuro mais consciente e inclusivo.

O sucesso desse projeto ressalta a importância de investimentos contínuos em ciências humanas para que haja a divulgação científica fora das grandes capitais brasileiras. Somente por meio de esforços coletivos e projetos inovadores em “humanidades”, que poderemos assegurar que a riqueza cultural do Brasil seja apreciada e preservada por todos, independentemente de sua localização geográfica ou contexto socioeconômico. Afinal, a cultura é o alicerce sobre o qual construímos nossa identidade e visão de futuro como nação.

Por Carlos Eduardo da Costa, doutor em letras clássicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, bolsista CNPQ-PQ2, pós-doutorando em arqueologia pela UMINHO – PT e professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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