Som da Concha na estrada com destino final em Ponta Porã e Campo Grande

(Foto: Divulgação)
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Edição deste fim de semana será realizada em Ponta Porã e Campo Grande

Neste fim de semana é dia de Som da Concha, e esse ano o evento traz novidades: mais quatro municípios irão participar do projeto, que busca valorizar e difundir a produção musical sul-mato-grossense. Com 16 anos de existência, nesta semana, Ponta Porã recebe o projeto, no sábado (20), às 19h, com shows de Bella Donna Trio e Whisky de Segunda. Campo Grande não ficou de fora, e no domingo (21), às 18h, sobem ao palco da Concha Acústica Helena Meireles, Sampri e LLEZ, tudo com entrada franca.

Bella Donna Trio

Formado por Renata Sena (voz), Livia Canela (voz e violoncelista) e Ana Gabriella (voz e piano), o Bella Donna Trio apresenta uma mistura de releituras de músicas clássicas e atuais, trazendo sua própria sonoridade, arranjos e harmonias, de forma elegante e visando enaltecer o feminino da cena musical de Campo Grande.

Em entrevista ao jornal O Estado, Renata Sena relembra que morava em Portugal e veio para Campo Grande no período de pandemia, mas o comércio aqui ainda não estava em isolamento. Entretanto, ao visitar bares e casas de shows percebeu a falta de grupos femininos.

“Por onde ia, só encontrava bandas masculinas. Isso me causava uma certa confusão, pensei ‘meu Deus, não é possível que não existam musicistas mulheres aqui em Campo Grande’. Ai eu tive a ideia de fazer um grupo só com mulheres, a gente iria tocar em eventos e casamentos, por exemplo, iria ser uma experiência legal, mas veio tudo dessa ideia de ver que faltava algo na cidade”.

Com quatro anos de estrada no Bella Donna Trio, Sena reforça que o propósito do trio é trabalhar o feminino e enaltecer essas características, porém, não apenas de forma estética, física ou musical, mas também no sentido de ocupar espaços. “Acontece muito quando nós vamos em feiras, as pessoas concluem que somo modelos ou algo do tipo, porque ainda existe uma certa dificuldade de encarar mulheres em posições de poder ou como donas dos próprios projetos. Notamos uma evolução, […] as mulheres estão mais em pauta, mais na cena, mas não é um espaço 100% igualitário, estamos na luta, o que podemos fazer é lutar para sermos vistas e por temos nosso espaço garantido”, destacou.

Whisky de Segunda

O Som da Concha dessa edição também trará o som do blues do Pantanal, com o Whisky de Segunda, com a vibração dos anos 50 e 60. Celebrando 21 anos de estrada, a Whisky de Segunda resgata o Blues Tradicional, com uma energia contagiante. Conhecida por performances arrebatadoras, a banda mistura habilmente músicas autorais com reinterpretações únicas de clássicos do blues. Seu estilo refinado e interpretação profunda visam tocar a alma do público, transformando cada show em uma experiência memorável e vibrante.

A banda Whisky de Segunda começou na união entre o vocalista Robson Pereira e o guitarrista Jefferson Pasa, que se conheceram na faculdade de arquitetura e lá formaram a banda. Em 2003, portanto, nascia a banda Whisky de Segunda, uma referência às músicas Bad Whiskey, de Buddy Guy, e Whisky e Blues, da banda sul-mato-grossense Bêbados Habilidosos.

Em 2024 a banda está completando 21 anos de estrada e produzindo muita música autoral e muitos vídeos nas plataformas digitais!

“A expectativa para Ponta Porã é sempre grande, o pessoal lá é muito receptivo. Lá é um local com muito eventos, todo fim de semana tem algo rolando na cidade, o setor cultural é bem produtivo. Nesse show, teremos a participação das meninas do Bella Donna Trio em três músicas com a gente, vai ser algo bem legal, as meninas são incríveis e super afinas, te-las conosco vaia brilhantar o nosso show”, disse ao jornal O Estado, o vocalista Robson Pereira.

Sampri

E mais um trio feminino para a conta, dessa vez de samba! As irmãs Magally (cavaquinho e vocal), Luciana (pandeiro e vocal) e Renatinha (violão e vocal) formam o grupo Sampri, atração do Som da Concha na Capital. Com sangue campo-grandense e música correndo nas veias da família, músicos e ritmistas de escolas-de-samba faziam festa no quintal da família das irmãs, que desde a infância foram influenciadas.

Formado em 2002, Sampri é o primeiro grupo de samba de Mato Grosso do Sul liderado por mulheres pretas, onde todas tocam e cantam.

“Logo no início quase ninguém botava fé na gente. As pessoas achavam que iríamos ‘dançar’ e os rapazes da banda de apoio iriam tocar. Claro, sem menosprezar a profissão dos dançarinos, mas as pessoas à época subestimavam a nossa capacidade e competência. E por resultado desses anos de grandes desafios, muito comprometimento, trabalho, estudo, podemos afirmar que somos referências aqui no MS”.

Em 2021 o trio lançou o DVD “Resistência”, gravado ao vivo na Concha Acústica Helena Meireles. “A Concha é um palco muito especial para nós. Já estivemos ali várias vezes, tanto no Projeto Som da Concha, quanto noutras atividades, já tocamos debaixo de chuva e o povo subiu no palco para se abrigar, tornando tudo uma grandiosa roda… são memórias incríveis. Batemos alguns recordes de público na Concha e neste domingo, além do show AfroSambaTropical que está ‘caliente’, também vamos comemorar o aniversário da Magally (cavaquinista). Estamos apostando tudo nesse show, com o talento de 3 excelentes músicos que estarão conosco na banda: Juba (teclado), Piri (percussão) e Felipe (bateria)”, relembrou a vocalista.

“Um show não pode ser só do artista. O show é do povo! O povo precisa fazer parte, precisa cantar. A gente escolhe com carinho as músicas com arranjos que retratem a nossa identidade e mergulha nelas. Não é só decorar a letra e cantar, é interpretar com alma para o povo que vai assistir”, reforça Renata.

LLEZ

LLEZ, nascido em Campo Grande, 25 anos de idade, artista LGBTQIAPN+, é cantor, compositor e produtor cultural. Sidrolandense de criação e coração, com 17 anos se muda para São Paulo, mas acaba retornando e morando pela primeira vez em Campo Grande.

O artista mira em uma imagem-sonora sertaneja, com influências da MPB e música mundial. Seu show propõe novas possibilidades em ser sul-mato-grossense. Em 2019 teve seu primeiro EP lançado, ‘Entre Eu e o Incerto’; em 2020 participa do Show Livre, plataforma online de shows ao vivo; faz também seu primeiro show no estado de São Paulo, na Virada Cultural, em Ilha Solteira, e posteriormente neste mesmo ano lança seu disco de estreia, ‘Atemporal’.

No final de 2023, depois de 2 anos sem lançamentos, LLEZ retorna colaborando com SoulRa na faixa Colar De Miçanguinha e inicia 2024 gravando seu segundo álbum de estúdio, que está em andamento e tem previsão de lançamento pro final de 2024.

“Acredito que crescer no interior do Estado tenha movimentado em mim uma força muito grande de mistura, falo isso porque o rumo dessa nova era em minha carreira é sobre essas encruzilhadas que a música do mato trouxe para minha vida. Trago nesse show uma introdução desse processo, a convergência de todos os meus rios: o modão, a música de baile, o caipira, o romântico, a moda de viola, a fronteira, a guarânia, o universitário, cururu, e por aí segue. Há também grande influência do pop, do jazz, do techno, da ampla música popular brasileira, o samba e o blues”, disse o cantor ao jornal O Estado.

Para o cantor, o objetivo é mostrar o sertanejo com uma nova roupagem e cara. “Quero
falar sobre uma representatividade da galera que cresce aqui e ama sertanejo, mas não se identifica com as figuras que temos ocupando majoritariamente esse espaço”, explicou. “Vai ter um gostinho do disco novo no Som da Concha, vamos fazer algumas inéditas, então, aos que seguem seguindo curiosos, recomendo a presença”, convidou.

Serviço:

O Som da Concha em Ponta Porã, com Bella Donna Trio e Whisky de Segunda será no sábado (20), a partir das 19h, na Praça Pedro Manvailer. Em Campo Grande, com Sampri e LLEZ, será no domingo (21), a partir das 18h.

 

Por Carolina Rampi

 

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