Evento traz para a Capital oficinas, workshops e desfile de moda autoral
Começou nesta quarta-feira (17) a Semana de Moda Inclusiva 2025, com agenda que une, moda, cultura, arte e inclusão. Será a segunda edição do evento, que surgiu com objetivo de celebrar a diversidade e promover um debate sobre a inclusão na indústria da moda. . A programação se encerra no dia 21 de setembro (domingo), com o ‘Prêmio Bocaiuva de Moda Inclusiva’.
A Semana de Moda Inclusiva trará para Campo Grande workshops, palestras, demonstrações práticas, desfiles de moda e exposições artísticas, em locais como o Senac Hub Academy, Escola Alinhavo e o Shopping Norte Sul Plaza, que receberá a abertura oficial, desfiles e a cerimônia do prêmio.
Com oficinas como ‘construção de quimonos zero waste’ e ‘pigmentação natural’, a semana de moda também traz luz a questões como sustentabilidade e ancestralidade. Conforme a produtora do evento, Karla Velasco, essas experiências ampliam o conceito para além da passarela, levando a inclusão para o processo criativo, ultrapassando apenas o desfile.
“Ao unir saberes ancestrais, sustentabilidade e técnicas acessíveis (como zero waste) elas valorizam diferentes culturas, reduzem impactos ambientais e oferecem ferramentas de autonomia e geração de renda. Assim, a moda se torna inclusiva também no fazer, envolvendo pessoas com deficiência como a Sol e a Ana Luh Garritano e comunidades de forma integral.
Segundo a produtora, o foco do evento serão pessoas com deficiência física e/ou intelectual, com parcerias como o Instituto Juliano Varela, Associação das Mulheres com Deficiência e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Especiais).
Moda como ferramenta de transformação
Para a estilista Luane Sales, idealizadora do evento, a Semana de Moda Inclusiva é mais do que uma agenda cultural: é uma forma de afirmar novos olhares sobre a moda. “Queremos mostrar que moda não é só estética, é também linguagem, identidade e acessibilidade. Nosso objetivo é transformar a passarela em um espaço plural, em que todos os corpos sejam vistos e celebrados”, explica.
O coordenador Eduardo Alves acrescenta que a proposta vai muito além dos desfiles. “O que acontece aqui não é apenas um evento de moda. Cada oficina, cada palestra e cada atração foi pensada para provocar mudanças de mentalidade. A moda inclusiva não pode ser tratada como exceção, ela precisa ser parte do dia a dia da indústria e da sociedade”, afirma.
Para Velasco, falta conhecimento, vindo inclusive de marcas e estabelecimentos, para que o conceito de moda inclusiva seja de fato incorporado pela indústria e pelo consumo cotidiano.
“Em conversas com algumas marcas, entendi o medo de se ‘aventurar’ em algo pouco conhecido. Criar roupas que sejam estilosas e, ao mesmo tempo, inclusivas, demanda estudo e investimento. Além disso, existe a preocupação com a estrutura das lojas, por exemplo, porque não basta ter rampa de acesso, são necessários provadores amplos, com camas (alguns cadeirantes conseguem se vestir com autonomia quando deitados) e barras. Existe também a questão dos preços. Existe uma ideia errada de que a roupa inclusiva é cara. Porém, ampliando a oferta conseguimos equilíbrio”.
Sobre o Prêmio Bocaiuva
A programação será encerrada com a cerimônia do Prêmio Bocaiuva de Moda Inclusiva, que neste ano recebeu inscrições de todo o Brasil e também internacionais. A premiação reconhece projetos que unem inovação, representatividade e soluções práticas para tornar a moda cada vez mais democrática.
Com inscrições de diversos locais, a organização busca ampliar o acesso à moda não só em Mato Grosso do Sul. “Nesta edição, fizemos uma divulgação mais ampla, envolvendo marcas internacionais porque estamos com o propósito de realmente ampliar o entendimento da necessidade das roupas adaptadas e com estilo. O prêmio Bocaiuva é uma forma de incentivar esse olhar atento a todos os corpos e suas necessidades”, disse Velasco.
“Serão analisados os seguintes pontos: viabilidade comercial, criatividade, coesão entre tecidos, cores e princípios de design, vestibilidade (importante quando se trata de roupas apartadas) e a complexidade da modelagem e design”, complementa.
O evento é financiado pelo PNAB (Plano Nacional Aldir Blanc) viabilizado através da Fundação de Cultura de MS e recebe patrocínio Master do Shopping Norte Sul Plaza.
“Queremos que o público saia com um sentimento de pertencimento e possibilidade, entendendo que a moda pode e deve acolher todas as pessoas, corpos e culturas. Que levem a inspiração de que inclusão não é um detalhe, mas a essência de uma sociedade mais justa, criativa e diversa”, finaliza a produtora
Confira a programação completa:
19 de setembro
* 13h às 17h – Oficina “Pigmentação da Resistência”, com a artista Sol Terena (Associação Juliano Varela).
* 18h30 – Exposição “Um Olhar Atento às Pessoas” (Shopping Norte Sul Plaza, em cartaz até 21/09).
20 de setembro
* 13h30 às 17h30 – Workshop “Moda Inclusiva e Sustentável: Construção Zero Waste de Quimono para Todos os Corpos”, com Ana Luiza Garritano, docente do Instituto Brasil Eco Fashion (Escola Alinhavo).
* 18h – Cortejo da Banda Down Rítmica (Shopping Norte Sul Plaza).
* 18h30 – Fala de abertura com Luane Sales (Escola Alinhavo).
* 18h40 – DJ Magão (Shopping Norte Sul Plaza).
* 19h – Desfile das peças da Oficina de Estamparia com pigmentos naturais (Shopping Norte Sul Plaza).
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21 de setembro
* 17h – Abertura com Tato Amorim (Shopping Norte Sul Plaza).
* 17h20 – Apresentação de dança do ventre – Grupo Sem Limites (Shopping Norte Sul Plaza).
* 17h45 – Palestra “Ecossistema BEFW e a construção coletiva de impacto para o futuro da moda”, com Daniel Mendes, diretor de Relacionamentos do Instituto Brasil Eco Fashion (Shopping Norte Sul Plaza).
* 19h – Desfile Bocaiuva Moda Inclusiva (Shopping Norte Sul Plaza).
* 19h20 – Desfile Plus Size – Marcas autorais de MS (Shopping Norte Sul Plaza).
* 19h40 – Prêmio Bocaiuva de Moda Inclusiva (Shopping Norte Sul Plaza).
* 20h20 – Show de encerramento com Kalelo (Shopping Norte Sul Plaza).
Por Carolina Rampi
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