‘Às vezes para sobreviver, a gente ter que se tornar mais do que foi programada para ser’. Com um trailer inicial sem muitas palavras, mas com uma mensagem impactante, ‘Robô Selvagem’ é a mais nova animação do estúdio DreamWorks, criadora da franquia ‘Como Treinar o seu Dragão’, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas nacionais.
O trocadilho no nome pode ser proposital: o filme conta a história da robô Roz – a unidade Rozzum 7134 – que naufraga em uma ilha desabitada e precisa a lidar com esse novo ambiente. Longe de ser selvagem, Roz terá que viver no meio dito como selvagem, construindo relações com os animais nativos, incluindo vivenciar a adoção de um filhotinho de ganso.
Para os que não são da ‘Geração Z’, a animação tem uma leve semelhança com o ‘Gigante de Ferro’, de 1999, com direção de Brad Bird, que conta a história de um robô desconhecido, que pousa na cidade norte-americana do Maine, em plenos anos 1950, que cria um laço de amizade com o jovem Hogarth.
‘Robô Selvagem’ é baseado no livro de mesmo nome, de Peter Brown, autor e ilustrador de diversos best-sellers infantis internacionais. No livro, assim como no filme, Roz não sabe como foi parar na ilha, mas foi programada para sobreviver no local. Ela consegue escapar de tempestades, incêndios e ursos furiosos. Entretanto, quando ela consegue um meio de se adaptar, o mistério do porquê a robô foi parar lá volta para assombrá-la.
“Robô selvagem é uma história comovente e cheia de aventuras sobre o que acontece quando a natureza e a tecnologia colidem inesperadamente, como os humanos afetam o mundo ao nosso redor e o que significa estar vivo”, diz a sinopse do livro. O livro também já emplacou o número 1 de melhores livros do New York Times.
Nomes de peso
A direção e o roteiro de ‘Robô Selvagem’ fica nas mãos de Chris Sanders, que não é pouca coisa não. Em sua carreira como roteirista e diretor, Sanders acumula grandes sucessos na animação, tanto da Disney quanto na DreamWorks (que foi fundada por funcionários não valorizados e descontentes da própria Disney), entre eles ‘A Bela e a Fera’ (1991), ‘Aladdin’ (1992), ‘O Rei Leão’ (1994), ‘Mulan’ (1998), ‘Lilo & Stitch’ (2001), ‘Mulan 2’ (2004), ‘Como Treinar o Seu Dragão’ (2010) e ‘Os Croods’ (2013). Ele também fez parte da co-produção da franquia ‘Kung Fu Panda’ e foi três vezes indicado ao Oscar.
E não para por aí: o longa é estrelado pela atriz vencedora do Oscar, Lupita Nyong’o (Nós, franquia Pantera Negra) como a robô Roz; o ator indicado ao Emmy e ao Globo de Ouro, Pedro Pascal (séries The Last of Us, The Mandalorian), no papel da raposa Fink; a atriz vencedora do Emmy, Catherine O’Hara (série Schitt’s Creek, O Melhor do Show), como a gambá Pinktail; o ator indicado ao Oscar, Bill Nighy (Viver, Simplesmente Amor) no papel do ganso Longneck; Kit Connor (série Heartstopper, Rocketman) como Brightbill; e a atriz indicada ao Oscar Stephanie Hsu (Tudo em Todo o Lugar ao mesmo Tempo, o inédito O Dublê), no papel de Vontra, uma robô que vai surgir na vida de Roz na ilha.
O filme também conta com os talentos de voz do ícone da cultura pop, vencedor do Emmy, Mark Hamill (franquia Star Wars, O Menino e a Garça); Matt Berry (O Que Fazemos nas Sombras, franquia Bob Esponja); e o vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Emmy, Ving Rhames (franquia Missão: Impossível, Pulp Fiction: Tempo de Violência).
Já na versão brasileira, a dublagem fica por conta da atriz e locutora Elina de Souza (Roz), Gabriel Leone (Bico-Vivo) e Rodrigo Lombardi, como Astuto.
Recepção
Com tantas estrelas, diretor e roteirista consagrado na indústria e roteiro emocionante e reflexivo, ‘Robô Selvagem’ estreia com altas expectativas. Para o jornalista Alexandre Almeida, do portal Omelete, o filme traz uma história sobre maternidade e pertencimento, ao mostrarem a robô Roz e a raposa Fink/Astuto ao tentarem criar Bill a ser um ganso de verdade. “Esse lado familiar da relação dos três é a grande joia e o coração de Robô Selvagem, que vai construindo de forma ágil e sem infantilidades essa história de companheirismo”.
Almeida ainda destaca a produção gráfica do filme, da qual chama de espetáculo. “Em um trabalho muito parecido com o de Gato de Botas 2, Robô Selvagem brinca com a paleta de cores e cria texturas com imagens que em alguns momentos parecem aquarela, em outros um rastro de pincel e até traços de caneta. Folhas, árvores, água, fogo, neve… são tantos elementos para dar vida ao mundo de Roz e Bill, fazendo com que seja impossível imaginar o filme fora da telona, onde esses detalhes não seriam percebidos. A própria robô ganha elementos infindáveis nas mãos da equipe de animadores”.
O crítico ainda finaliza: o filme já é digno de Oscar. “Roz entra para a galeria de grandes criaturas dos filmes de animação, e Sanders mostra que tem munição criativa para entregar o melhor filme animado de 2024… pelo menos até agora. Se ‘Divertida Mente 2’ achou que a corrida do Oscar estava fácil, agora o páreo ficou duro”.
Isabela Ferro, da revista ‘O Grito!’ ainda pontua a trilha sonora, composta por Kristopher Bowers. “No longa, ela desempenha um papel ativo na narrativa, mesclando-se com a animação e intensificando as emoções apresentadas na tela. Robô Selvagem é um exemplo notável de como a harmonia entre os elementos cinematográficos pode resultar em um produto de qualidade, independentemente do gênero abordado. Isso é reflexo de uma direção competente e do trabalho de toda a equipe envolvida”.
Na crítica internacional, a animação conta com 29 reviews no Rotten Tomatoes, mas encabeça 100% de aprovação. Talvez em 2025 veremos mais um embate entre Disney x DreamWorks para o prêmio de Melhor Animação no Oscar.
Por Carolina Rampi
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