Relicário de Mim! Espetáculo de dança mergulha na complexidade da experiência humana, despertando reflexão sobre a memória afetiva

Relicario de Mim - Foto: arquivo pessoal
Relicario de Mim - Foto: arquivo pessoal

No próximo dia 5 de dezembro, o Teatro Aracy Balabanian será o palco da estreia de Relicário de Mim, um solo de dança contemporânea que promete tocar as fibras mais profundas da alma humana.

Criado e interpretado por Frantielly Khadija, o espetáculo é uma imersão sensível nas “miudezas” da existência, unindo fragmentos da escrita corporal e da memória afetiva. Sob a direção cênica de Chico Neller, a performance oferece ao público uma reflexão sobre as pequenas relíquias que constroem nossas identidades e a força transformadora das lembranças.

Ao longo do espetáculo, Frantielly Khadija traduz em movimentos poéticos momentos de sua trajetória pessoal e artística. Cada gesto evoca memórias, emoções e escritos corporais acumulados ao longo dos anos, proporcionando uma experiência única e visceral. O palco se transforma em um espaço de intensa conexão entre a intérprete e o público, que vai além da simples observação, tocando o sensível e o universal.

Relicário de Mim é um convite para explorar as barreiras invisíveis que definem a experiência humana e para redescobrir as pequenas coisas que, muitas vezes, moldam nossa visão de mundo. A apresentação acontece às 20h e os ingressos já estão à venda no Ginga Espaço de Dança e na bilheteira do teatro.

Relicário de nós

A ideia de dirigir Relicário de Mim surgiu de uma profunda conexão com o propósito artístico e a essência que Frantielly Khadija desejava trazer ao palco. Desde o início, o projeto se apresentou como um espaço íntimo de diálogo entre corpo, memória e emoção, algo que Chico Neller, o diretor cênico, se viu atraído pela potência de revelar o que há de mais humano e delicado na trajetória de Khadija.

Neller destaca que sua motivação veio dessa troca criativa e da possibilidade de criar uma obra que fosse, simultaneamente, poética e acessível ao público. O espetáculo, segundo ele, convida os espectadores a refletirem sobre suas próprias “relíquias” emocionais, aproximando-os de suas próprias experiências e memórias.

“Além disso, o processo envolveu uma construção colaborativa, onde buscamos transformar memórias em movimento e silêncio em narrativas, respeitando a individualidade de Frantielly como intérprete-criadora. Entender profundamente o universo emocional e criativo da intérprete-criadora foi um ponto essencial para construir uma narrativa que seja fiel à sua essência”, explica Chico para a reportagem.

O conceito de “relicário” simboliza a preservação de memórias, sentimentos e fragmentos preciosos da vida, e é exatamente essa ideia que Relicário de Mim propõe. A metáfora se conecta diretamente ao espetáculo ao transformar as “miudezas” pessoais de Frantielly em movimento, revelando-as como relíquias que, ao mesmo tempo, são íntimas e universais. Segundo o diretor Chico Neller, a proposta é tornar visível o que é interno, compartilhando com o público aquilo que molda a essência humana de maneira poética e sensível.
“Neste trabalho, a relação entre a intérprete e o público é profunda. O espectador não é apenas observador, mas um co-participante, convidado a revisitar suas próprias memórias através da experiência sensorial proposta pela performance. Espero que o público leve uma sensação de conexão e introspecção, encontrando nas “miudezas” de Frantielly reflexos de suas próprias histórias”, destaca.

Chico Neller espera que Relicário de Mim proporcione ao público uma profunda sensação de conexão e introspecção. O objetivo é que os espectadores reflitam sobre suas próprias memórias e relíquias emocionais, despertando uma compreensão sobre a beleza das “miudezas” da vida.

“A dança comunica essas ‘miudezas’ ao transformar o que é sutil e invisível em movimento expressivo, usando o corpo como linguagem para revelar emoções e memórias que escapam muitas vezes às palavras”, reflete.

Intérprete

Frantielly Khadija – Foto: arquivo pessoal

, intérprete e idealizadora de Relicário de Mim, compartilha que um dos momentos mais marcantes de sua trajetória na dança foi a oportunidade de participar de trabalhos que a levaram a intensos ensaios e pesquisas, nos quais explorou profundamente os caminhos e as formas de pensar a dança. Esse processo, segundo Khadija, despertou nela o desejo de estar cada vez mais inserida no universo da arte, uma jornada que agora se materializa também na sua atuação como intérprete e criadora.

“As ‘miudezas’ de Relicário de Mim representam meu íntimo, aquilo que realmente importa, o que permanece e o que me fortalece. São fragmentos de minha essência que, ao serem revelados através da dança, mostram o que define quem sou. Solos como Atemporal e À Margem foram fundamentais em um período de amadurecimento, ajudando a organizar minha trajetória e a criar uma conexão profunda entre o meu “eu” dançante e a dançarina”.

Relicário de Mim convida o espectador a refletir sobre as pequenas coisas que nos invadem ao longo das experiências cotidianas, aquelas relíquias sutis que moldam nossas identidades.
“O trabalho explora a força transformadora das memórias, destacando como elas influenciam a construção de quem sou. A conexão entre eu, como intérprete, e o público vai além do aspecto visual, alcançando uma dimensão sensível e universal, criando um espaço de reflexão profunda e identificação emocional”, destaca a artista.

Frantielly reflete sobre a influência das vivências pessoais e como elas se transbordam nas relações com o corpo dançante. Para ela, as correlações entre as experiências de vida e a dança são formadas por pequenos detalhes, muitas vezes sutis, que provocam a satisfação da individualidade.
“Em relação à influência das experiências de vivências que se transbordam em nossas relações com o corpo dançante, sim; pressuponho que as correlações são miúdas em partes que provocam a satisfação da individualidade, gostos, texturas”.

Em Relicário de Mim, Frantielly Khadija utiliza a dança para explorar a identidade como algo fluido e moldado por vivências e memórias. O espetáculo propõe uma reflexão sobre como a arte pode ressignificar experiências, convidando o público a compreender melhor sua própria essência.

Serviço

O espetáculo Relicário de Mim é uma criação e interpretação de Frantielly Khadija, com direção cênica de Chico Neller. A apresentação acontecerá no dia 5 de dezembro, às 20h, no Teatro Aracy Balabanian. Os ingressos já estão disponíveis para compra no Ginga Espaço de Dança e também podem ser adquiridos diretamente na bilheteira do teatro no dia da apresentação.

 

Por Amanda Ferreira

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