Raízes correntinas: Porto Murtinho promove Festival do Chamamé

Foto: Reprodução/Assessoria
Foto: Reprodução/Assessoria

Porto Murtinho promove Festival Internacional do Chamamé a partir de sexta-feira

Começa nessa sexta-feira (11) o 1º Festival Internacional do Chamamé, que vai até o dia 14 de novembro, em Porto Murtinho. A ocasião marca o encerramento da pesca, com início do período de defeso (quando a pesca é vetada ou controlada) em todo o território de Mato Grosso do Sul.

Ao longo de quatro dias, Porto Murtinho será a Capital Internacional do Chamamé, com uma profusão cultural de ritmos, sabores, danças e artesanatos da fronteira, além de seminário e oficinas. Os estandes de artesanato terão produção de cidades vizinhas; peças produzidas por indígenas kadiweu, artes da etnia ayoreo, do Paraguai, e de artesãos da Argentina.

Em conversa com o jornal O Estado, o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, afirma que a ideia é “perpetuar” o evento no calendário oficial de eventos de MS, como outros festivais. “Assim como tem o Festival América do Sul, em Corumbá, o Festival de Inverno de Bonito, nós vamos fazer a sequência aqui, para que tenhamos eventos nas fronteiras, com o Festival Internacional de Chamamé em Corumbá. Queremos um evento que vá perdurar, a exemplo de Corumbá e Bonito.”

A perspectiva é de que o festival envolva cerca de 800 pessoas, fomentando o intercâmbio cultural transfronteiriço. As apresentações vão contar com 37 grupos, sendo sete deles de dança, com artistas paraguaios e argentinos, e os demais serão músicos dos países vizinhos e grupos locais, com atrações de destaque na cena chamamezeira, como Castelo & Elinho Filho, de Mato Grosso do Sul; Fuelles Correntinos, da Argentina e, do Paraguai, a Banda y Ballet Folklórico Municipal de Asunción e Mirta Noemi Talavera. Está confirmada a apresentação do músico Marcelo Loureiro, reconhecido internacionalmente por sua destreza com os instrumentos de cordas. Plural, o festival terá também ritmos correlatos, como a guarânia, o rasqueado e o katchaka.

Para o multi-instrumentista Marcelo Loureiro, uma das atrações do evento, o chamamé, assim como a polca e a guarânia, fazem parte do alicerce da cultura musical sul-mato-grossense. “Os grandes compositores do nosso Estado beberam da fonte musical desses gêneros e se inspiraram, criando grandes obras musicais que retratam fielmente nossas raízes.Temos de valorizar eventos que têm por finalidade manter viva nossa cultura para que as novas gerações conheçam e perpetuem nossas raízes musicais.”

Rota Bioceânica

A concretização da Rota Bioceânica vai trazer, à região, grande conectividade econômica e cultural. Assim, o 1º Festival Internacional do Chamamé se realiza com a possibilidade de se consolidar como um evento que se tornará “a cara” desse mix de culturas que serão aproximadas com o Corredor Bioceânico.

Dessa forma, o município de Porto Murtinho é considerado o guardião do Rio Paraguai e portal da Rota Bioceânica, com uma ponte de 1.300 metros conectando o município sul-mato-grossense e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta. Nos dias 12 e 13 de novembro haverá, durante o festival, o seminário internacional “Portal da Rota Bioceânica: cultura, turismo e logística”, com representantes do Brasil, do Paraguai e da Argentina.

O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, avalia que o evento vai movimentar o comércio, a cultura e o turismo, alavancando a economia e também será ocasião para visita de novos empreendedores interessados em conhecer a Rota Bioceânica e a região fronteiriça.

O presidente do Instituto Chamamé MS, Orivaldo Mengual, pontua que, nessas circunstâncias, o município de Porto Murtinho assume papel estratégico para a implementação da Rota Bioceânica, ao promover encontro com seminários e debates em torno da cultura, do turismo e dos investimentos em logística que já estão ocorrendo, além de se apresentar como palco para uma rica programação de shows e espetáculos, feira de artesanato e atividades formativas, construindo um ambiente para relacionamentos, convivência, intercâmbios e negócios.

Chamamé

O gênero musical é reconhecido, desde dezembro de 2020, como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco e, desde junho de 2021, como Bem de Natureza Imaterial de Mato Grosso do Sul.

O chamamé é uma tradição que passa de geração em geração. “Com o festival em Porto Murtinho, damos uma outra dimensão para essa cultura, dimensão que nos permite refletir nossa história e nossos laços e o bem comum de nossas comunidades transfronteiriças”, avalia Orivaldo.

Ele ainda pontua que o festival pode se refletir nas gerações futuras. “Será uma referência de encontros culturais, de relacionamentos entre irmãos, revelação de histórias e da história que nos une, exemplo para novas gerações de valorização de um bem cultural fundamental que é o chamamé: signo legítimo da união cultural dos povos desta região fronteiriça, expressão cultural que envolve música, canto e dança e festas tradicionais, originado na Argentina e que teve grande popularidade e encontrando novos e fundamentais criadores em Mato Grosso do Sul, como Zé Corrêa”, acrescenta.

O prefeito Nelson Cintra reforça que o chamamé sempre foi presente na cultura local, por influência da Argentina e do Paraguai, e o desafio é fazer com que as novas gerações se encarreguem de dar continuidade a este legado. “Nosso objetivo é resgatar e estimular as novas gerações a incluí-lo em seu repertório.”

Serviço: O 1º Festival Internacional do Chamamé será realizado de 11 a 14 de novembro, na Praça de Eventos de Porto Murtinho José Barbosa de Souza Coelho.

Acompanhe a programação pelo Instagram, no perfil @chamamemsfestival, no site https:// www.chamamems.com, no twitter @ chamamemsfest, na página https://www. facebook.com/chamamemsfestival, no Facebook, e no canal do YouTube: https://www.youtube.com/channel/ UC9wQJbbhHk72xZWS8qxEw8g/.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.

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