Quentinhas do Cinema: Desvendando o Passado com um Olhar Criativo e Astuto

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[Texto: Filipe Gonçalves, Jornal O Estado de MS]

Os fantasmas de nossas vidas nem sempre são algo que gostamos de revisitar, ou que seja fácil de incluir em nossas histórias do cotidiano. Mas mesmo assim é necessário nos aventurarmos, afinal isso também ajuda a contar nossa história.

O diretor Kleber Mendonça Filho é um ótimo exemplo de como um bom contador de histórias pode nos surpreender a cada segundo em um filme. Em sua carreira ele carrega diversas histórias bastante pertinentes na sociedade cheias de um subtexto muito rico em detalhes e carinho com personagens e ambientação.

Em “Retratos Fantasmas” Kleber mostra como foi a formação de como ele é hoje, passando por lugares no qual morou e mora como base. Ele nasceu em Recife e parece ser uma daquelas pessoas que sempre foi apaixonado pela mesma coisa a vida toda, no caso o cinema.

Como todo jovem empolgado com o que poderia fazer futuramente usou o apartamento que morou com a mãe e o irmão como set dos primeiros filmes com aquela cara bem caseira ainda nos anos 1980 e 90. Kleber revela que foram rodados ao todo 12 filmes naquele espaço, filmando ele quase de todos os ângulos possíveis.

Esse documentário trabalha como tudo pode e é decadente e nada está livre de sofrer com o tempo, então saímos de uma visão micro para enxergar o todo. O diretor é alguém que tinha muitas imagens da cidade, e principalmente, dos cinemas de rua em Recife, que acabam sendo usadas com muitas fotos e vídeos de arquivos, e até mesmo filmes que foram rodados ali que ajudam a dar uma dimensão maior de como a exibição da arte era algo forte antigamente.

Assim, como em várias capitais, Campo Grande não é exceção, o centro sofre muito com decadência e falta de políticas públicas que possam revitalizar ou que tragam o grande fervor dos anos de glória de volta. Mas se encararmos de uma forma mais realista, isso não está nos planos de nenhuma governança, o que é decadente tende a ficar ainda mais, dando espaço para outras coisas, que sejam um paliativo para fazer com que aquele lugar não suma completamente do mapa, dando espaço. Ao invés disso, dão abrigo para cracolândias e moradia para pessoas em situação de rua. Kleber faz uma analogia de que os cinemas e pontos de arte, deram espaço para farmácias e igrejas por toda parte, quase um em cima do outro.

Se está procurando um documentário que possa mudar a sua percepção de como os filmes não precisam ser comerciais, e que arte tem espaço em qualquer lugar, basta querer. Assista Retratos Fantasmas, um filme sensível e que engloba as histórias, como se o narrador estivesse te contando em uma roda de amigos. Está disponível na Netflix.

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