Quentinhas do cinema: Cinema para além da polêmica

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[Texto: Filipe Gonçalves, Jornal O Estado de MS]

Para quem acompanha a temporada de premiações ou assiste a muitos filmes ao longo do ano, já deve ter percebido que as produções desde a pandemia do covid-19 tem tomado um viés mais crítico em relação ao status quo. Mesmo os blockbusters têm, de alguma forma, incorporado discursos mais políticos, oriundos das redes sociais ou até mesmo simplificando o teor da produção para angariar mais público.

Recentemente, assistindo ao filme “O Pintor”, pude notar que alguns filmes, mesmo lançados no circuito comercial, ainda se mostram resistentes ao que vem sendo feito pela indústria. Você pode dizer que quem não gosta desse tipo de discurso ou de um posicionamento mais contundente que se mude, vá assistir a outros filmes que não estão no mainstream.

A questão é que surfar nessa onda acaba sendo monótono, visto que os personagens e enredo não têm muita função, perdendo até a originalidade antes presente nas obras, não em todas, mas na grande maioria. É terrível pensar que o cinema pode estar se tornando medíocre, criando um único tipo de entretenimento em busca de agradar seu público sedento pela próxima polêmica ou quem vão cancelar dessa vez e a arte ficando de lado.

Não há nenhum problema em fazer críticas, grande parte dos clássicos do cinema contém um recorte muito substancial da sociedade na época em que foram lançados e, por essas e outras características, se tornaram grandes filmes. Hollywood se encontra em um limbo, investindo em reboots e alguma produção clichê que caia bem nas matérias propostas pelo marketing do estúdio e logo em seguida vão para esquecimento.

Quais filmes vistos no cinema, no último ano, você se lembra? Ou que te tocaram profundamente, a ponto de entrar na sua lista de melhores da vida toda? As críticas são mais do que necessárias, ainda mais em uma sociedade repleta de preconceitos e muito conservadora, qualquer avanço, por mínimo que seja, é relevante, mas os filmes não podem ser pautados por isso. Existe uma grande probabilidade dessa remessa de filmes ter sido prejudicada pela greve dos roteiristas que inclusive precisam ter seus direitos revistos e receber salários dignos sob a possibilidade uma renovação da categoria, trazendo novos clássicos.

Filmes como “O Pintor” não são grandes produções ou que vão mudar a sua forma de ir ao cinema daqui em diante, mas é uma comédia comprometida com entretenimento, é possível que as nova gerações estranhem completamente o andamento de filmes assim, visto que estar ali significa apreciar uma história sem muitas reviravoltas e nada rocambolesca, sem ninguém no elenco ou nos bastidores para cancelar. Acesse também: Pesquisa aponta preços dos ingressos e produtos dos cinemas da Capital

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