Quentinhas do Cinema: A jornada de pai e filho em busca de lembranças

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[Texto: Filipe Gonçalves, Jornal O Estado de MS]

Nossa memória acaba sendo, no fim das contas, o único elo com nós mesmos. Sem ela é como se não existíssemos como seres humanos, mesmo que todas as outras funções ainda continuem intactas.

Um filme bem fora do radar chamado “A Música Nunca Parou” acompanha um grande fã de Grateful Dead que depois de abusar das drogas acaba esquecendo de sua vida.

Nos anos 1960, com a efervescência dos grandes artistas além do pós-guerra os jovens foram perseguir seus sonhos e também fazer parte da cena musical e cinematográfica.

Gabriel acaba saindo da casa dos pais da pior forma possível e brigando com o pai, que é aquela figura conservadora típica, e de certa forma quem oprime as ideias do filho para ter um futuro que ele considera o ideal.

Depois de sua jornada, Gabriel descobre um tumor no cérebro que danifica sua memória recente, tornando-o incapaz de estar no presente, suas únicas memórias são os traumas com o pai e os álbuns e show da banda Grateful Dead.

O drama desse filme se desenrola entre essa conturbada relação entre pai e filho, que embora esteja bastante desgastada, há muito amor na relação e vontade de Henry (vivido por J. K Simmons). Aquela sensação de que tudo ficaria bem ou que a condição de Gabriel pode ser reversível acaba sendo uma tensão silenciosa desta relação.

O pai doa praticamente sua vida para que o filho tenha algumas experiências e tenha algumas melhoras em seu quadro. O ponto alto do filme é uma cena em que pai e filho vão até o show do Grateful Dead, onde acabam desenvolvendo novas memórias.

Jim Kohlberg, diretor do filme, transporta muita emoção em cada cena sem soar apelativo nem melancólico demais. O filme tem uma urgência ao mesmo tempo que caminha como se estivéssemos acompanhando um familiar ou grande amigo naquela situação; a fotografia transmite a simplicidade crua e difícil na qual os personagens usam como uma tela branca para pintar sua grande história.

As relações com os pais definem toda a nossa existência e mesmo que pareça um grande fardo levar aquelas pessoas para a vida toda, independente de quais tenham sido as interações, é o que define o caráter e como vamos nos relacionar com os outros, até chegar a hora de sermos essas pessoas.

Os pais acabam sendo a sombra de nós mesmos e as memórias são as marcas deixadas sob um passado que, olhando pelo retrovisor, fica cada vez mais para trás, à medida que nos ajudam a alavancar e a alçar novos voos. Acesse também: Pesquisa aponta preços dos ingressos e produtos dos cinemas da Capital

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