Projeto Poetizando

(Fotos: Nilson Figueiredo)
(Fotos: Nilson Figueiredo)

Com o objetivo de despertar o interesse do professor pela escrita para incentivar os alunos, coletivo lança 8 livros de 7 autores

Será realizado hoje, às 19h, na ACPMS (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) o lançamento coletivo de livros em versos e prosas do Coletivo Cultural, com participação de professores, sócios e dependentes do Sindicato.

São oito livros, de sete autores independentes: Ádemir Barbosa, Ceyd Moreles, Goretti di Moura, Jacira Chamorro, Manuela de Ávila, Rosaura Ferreira e Sônia Maria, com os mais diversos temas, principalmente voltados para as vivências em sala de aula.

O lançamento faz parte de um fomento cultural da nova gestão do Sindicato, que também realiza oficinas de escrita criativa, desde o ano passado. Conforme o poeta, escritor e professor Ádemir Barbosa, os novos livros nasceram após a primeira publicação do coletivo, em novembro de 2023.

No primeiro ano de gestão, a iniciativa da ACP focou em poesia, seguido por contos e histórias no segundo ano, onde foram premiados os melhores escritores até o 10º lugar, com os cinco primeiros recebendo prêmios em dinheiro e os demais medalhas e menções honrosas.

Para financiar as antologias, a ACP assumiu os custos de edição e outras despesas. No entanto, os livros individuais, que não estavam contemplados inicialmente no plano de campanha, estão sendo celebrados com eventos de lançamento. Os gestores destaque que futuras iniciativas poderão incluir esses projetos individuais nas próximas campanhas.

“Nessa gestão, a gente havia conversado anteriormente que eu entraria na ACP como coordenador do coletivo de cultura, se tivesse apoio para os escritores, professores ou filiados e parentes de filiados. O Gilvano [presidente do Sindicato] abraçou a ideia. Começamos há um ano e meio, no fim do ano passado lançamos uma coletânea com 26 escritores, e desses, havia muitos textos que não entraram na versão final, já que teve professores que escreveram de 30 a 40 poesias. Lancei então a ideia de que, em junho deste ano, esses escritos pudessem lançar seu livro solo. Surgiram sete escritores e a gente vai lançar agora”, relatou Barbosa em entrevista ao Jornal O Estado.

 

Madalena Pereira da Silva e Ádemir Barbosa em entrevista ao Jornal O Estado divulgando o Projeto Poetizando ( Fotos: Nilson Figueiredo)

 

“No coletivo, cada um trouxe uma ideia: tem o ‘Retalhos’, da professora Rosaura, que fala sobre a família, entretenimento, envolvimento familiar; o ‘Releitura do Amor’, da Ceyd Morales, onde ela fala sobre o amor em fases, quando criança, adolescente e adulto. ‘Sentença de Vida’, sobre como é a vida, e sobre legado. Tem também o livro, ‘O preconceito do gato preto’, da Manu, que é uma menina de oito anos, filha de um filiado. ‘Rosas e Espinhos’ fala da parte boa e ruim de um relacionamento, ‘Depressão: um grito da alma’, que fala um pouco sobre a depressão em sala de aula, em forma de poesia; vemos muito esse problema entre professores, pelo menos 40% deles possuem pânico, ansiedade e depressão”, completou.

Para a secretária educacional do Sindicato, Madalena Pereira da Silva, o educador tem um papel fundamental de fomentar a cultura “e levar o conhecimento para a comunidade escolar, tanto professores quanto alunos”. Ela anda destacou a história de uma das autoras, a professora aposentada Jacira Chamorro, que escreveu a obra ‘Versos, Reversos e Metaversos’’

“A professora Jacira, quando procurou o sindicato, estava em uma fase muito avançada da doença de Parkinson, onde nem conseguia andar sozinha. O médico disse que ela precisava exercitar a memória, algo para amenizar os sintomas. Ela soube do coletivo da cultura e foi nos procurar. Vi aquela senhora fragilizada, mas quando começou a escrever, melhorou tanto a doença que hoje toma metade dos medicamentos, e agora está lançando seu segundo livro. Isso mostra o quanto a escrita faz bem”, enfatiza.

Oficinas de escrita

A ACP oferece oficinas de escrita criativa para professores e interessados. As oficinas ocorrem uma vez por mês, às terças-feiras, e começaram no ano passado com um grupo pequeno, que hoje conta com aproximadamente 42 pessoas. Madalena contou que foi convidada para participar das oficinas, porém, inicialmente não se via como alguém com talento para a escrita. No entanto, ao receber as orientações necessárias sobre como iniciar a escrita, percebeu que essa habilidade está dentro de cada um, apenas precisa ser despertada.

A oficina não se limita apenas à poesia, mas abraça a escrita criativa como um todo. “Recebemos participantes de renome como Ana Maria Bernardelli, Iolete Moreira e entre outros. O que estimula não apenas os novatos, mas também os escritores estabelecidos”, enfatiza Ádemir sobre o ambiente colaborativo da oficina.

“É um trabalho muito gratificante e o objetivo é despertar o interesse nos educadores pela escrita, para ele incentivar o aluno a escrever. Porque os alunos hoje têm muita preguiça de escrever, então se desperta no professor, imagina o que ele pode fazer em sala de aula, será uma corrente da escrita na nossa rede de ensino. Tenho certeza de que ao término do nosso mandato vamos ter plantado muitas sementes, já que professores de todas as regiões da cidade vem realizar a oficina”, reforçou a secretária.

Os esforços são apoiados pela ACP que propôs um calendário de lançamentos anuais, variando entre poesia, conto/história e crônica. “Decidimos fazer livros individuais este ano devido à alta produção de conteúdo. Lançaremos sete obras, e já temos interesse de mais pessoas para o próximo ano, fora os participantes regulares das oficinas”, comenta Ádemir sobre a expansão do projeto.

A seleção dos autores para os livros individuais não seguiu por processo seletivo. “Foram convidados todos os professores da antologia poética lançada no fim do ano passado, que percebi que escreverem bastante. Tenho uma pasta onde guardo os textos dos que se destacam”, explica Ádemir. “É gratificante ver o impacto que temos, tanto que estamos ampliando o projeto para incluir mais escritores”, acrescenta Madalena, ressaltando o apoio necessário para viabilizar essas iniciativas.

Ádemir, que já foi um professor atuante em sala de aula, agora se vê como um escritor influenciador. Mesmo não estando mais na frente dos alunos, ele continua a exercer esse papel naturalmente com os professores, influenciando-os da mesma maneira que influenciava seus alunos.

“Aprecio muito estar com os alunos, especialmente quando vejo um aluno despertar o interesse pela escrita. Hoje, mesmo fora da sala de aula, continuo influenciando professores da mesma maneira. Nosso objetivo é que o aluno se motive a escrever porque tem um professor escritor. O professor em sala de aula que trabalha em sala de aula com a poesia, ensina a gramática de forma mais acessível”, compartilha ele, refletindo sobre seu impacto na comunidade educacional.

 

Por Amanda Ferreira e Carolina Rampi

 

 

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