Plantar em casa exige sol, conhecimento e dedicação

Em tempos de pandemia e, consequentemente, isolamento social, ter uma distração, uma terapia e ainda uma alimentação saudável sem precisar sair de casa é o sonho de muitas pessoas. Mas cultivar uma horta caseira, por exemplo, não é tarefa simples. É preciso tempo, organização e atenção às plantas. Todo espaço pode ser adaptado para instalar esta plantação doméstica, e seguir as orientações de especialistas é fundamental para o sucesso desse jardim natural.

Até no Google a procura pela expressão “horta caseira” cresceu mais de 200%. Em maio de 2020 manteve 100% de procura e este mês se mantém em 42%. O comércio veio explorando isso e se estruturou. A engenheira-agrônoma Karla Bethânia trabalha com agricultura familiar e desenvolveu uma apostila sobre o cultivo de hortas caseiras. As pessoas a buscaram para orientações e informações pelas redes sociais por questões terapêuticas, necessidades e por ter mais tempo em casa. Cada situação é um caso.

As plantas dependem de sol e dedicação, por isso, para apartamento, Karla indica ervas condimentais, ervas medicinais e plantas alimentícias não convencionais (PANCs). Já em casas é mais fácil cultivar hortaliças e pomares com miniárvores frutíferas.

“Tudo depende do que a pessoa quer e o que ela pode porque, muitas vezes, a internet vende coisas que são impossíveis causando frustração. Então, muita gente já vem até mim frustrada achando que não tem mão boa e que não sabe cuidar quando o problema também tem a ver com a desinformação”, avalia. Mas ela alerta que é necessário entender e estar disponível para a sobrevivência da horta. “Porque achar que vai plantar, ela vai dar e não vai precisar cuidar é ilusão também. Tem de irrigar, tem de cuidar, tem de adubar e podar. Trata-se de uma cultura, vem do cultivar que significa cuidar. Se só montar horta e tirar foto 15 dias depois não tem nada mais”, pontua.

Então, o problema não é o solo que, de acordo com a engenheira-agrônoma, é possível modificar, adubar, trazer de outro lugar e colocar em vaso. “O maior problema hoje é a insolação. Tem períodos que o sol não atinge o lugar. Tem residência que não recebe sol no inverno, por exemplo. Nesses casos buscamos espécies que se dão bem só com iluminação ou que sol indireto resolve. São poucas espécies. As plantas gostam de sol pleno, de sol forte. São 90% das ervas que não vivem sem sol e 100% das hortaliças. A falta de sol leva a planta a ficar debilitada e morrer”, analisa. Karla enumera as plantas favoritas. Segundo ela, pedem muita variedade de ervas condimentares. “Os queridinhos são: manjericão, tomilho, orégano, manjerona, hortelã e alecrim. São plantas rústicas que mais recomendamos e também são mistas por terem propriedades medicinais. Tomatinho cereja também é o grande favorito porque é fácil de cultivar e só precisa de sol. Já as frutas para pomarzinho em casa ou em vaso são: a amora, romã, p tanga, acerola e jabuticaba”, conta.

A horta caseira faz parte da vida da proprietária do Recanto das Ervas, Márcia Chiad, que começou há 20 anos e há 8 também é restaurante, com parte de venda de mudas e parte de hortas urbanas, caseiras e agroflorestais. Ela também faz trabalho de consultoria. Márcia confirma que a busca no Google resultou em um aumento de 40% na procura de mudas.

“Quando plantamos uma horta pensamos em riqueza de variedades com plantas aromáticas, medicinais e de condimentos”, afirma. Já a proprietária do Espaço Plantar e conta que as pessoas a procuram por estarem sem tempo, ou seja, elas terceirizam a horta caseira. “Geralmente as pessoas não têm habilidade de cultivo nem tempo. Ela me contrata, vejo as necessidades, fazemos um esboço e dele sai o espaço que ela tem. Eu faço tudo. Vejo o material, quantifico, faço orçamento; se aprovado, em menos de 15 dias ela já está com a colheita. Faço manutenção na horta e no meu contrato está o acompanhamento”, finaliza.

(Texto: Rafael Belo)

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