Paulo Simões faz 70 anos e lança single

Paulo Simões
Foto: Nilson Figueiredo

Paulo Simões se considera um garoto campo-grandense, pois nasceu no Rio de Janeiro, mas logo veio a Campo Grande, onde foi criado até os 16/17 anos. Ele relembra que, ainda jovem, jogava bola na rua, frequentava os bailes e cinemas da Capital, onde assistia a diversos filmes gregos, libaneses, armênios, japoneses, rodeado por brasileiros, paraguaios e indígenas. “Campo Grande era uma cidade pequena, mas cosmopolita. Cresci em uma cidade que, para minha música, teve o mesmo efeito que para outros artistas que moraram em Nova York, por exemplo, cidade que recebe pessoas de todo o mundo”, destaca ele, referindo-se que tudo o que fez na música reflete um pouco dessa variedade que ele vivenciou na cidade. Parte da família de Paulo Simões é da região de Maracaju, do distrito de Vista Alegre e foi isso que o trouxe para o Estado. 

Foi na manhã da última terça-feira (28), que um dos maiores artistas sul-mato-grossenses – como ele mesmo disse, que se considera campo-grandense, e obviamente nós o recebemos como “nosso” – esteve com a reportagem do jornal O Estado para um bate-papo, em sua casa. Ele falou de música, da carreira, dos 70 anos, completados no dia 12 de fevereiro deste ano, e dos projetos que estão em andamento, como a nova música “O Tempo Disse ao Destino”, de autoria dele, em parceria com João Ormond, que foi lançada há duas semanas.

“Trem do Pantanal” 

A composição “Trem do Pantanal”, autoral de Paulo Simões e do amigo Geraldo Roca, foi escrita dentro da cabine de um trem em Machu Picchu, no ano de 1975 e é, até hoje, considerada um dos maiores sucessos do compositor. “Desde quando fizemos a música, notamos que ela tinha algo especial, que ainda não sabíamos dizer o que era”, disse Simões à reportagem. A mãe de Paulo ainda foi até a estação de trem, em Campo Grande, para tentar fazê-lo mudar de ideia e não embarcar no trem. Ela indagou ao filho: “O que vai buscar?” e foi quando Simões disse: “Vou em busca do meu destino”. E assim, Paulo seguiu viagem com o amigo. A dupla compôs a música avistando o céu do corredor do vagão. “A composição nasceu assim, sem pretensões”, mas se tornou um divisor de águas na vida do compositor. Gravada por Almir Sater, o sucesso foi o que deu início a carreira de Simões, não descartando as outras apresentações em festivais importantes e outras composições que ele sente orgulho. 

Inicialmente, o nome da música era “Sobre Todos os Trilhos da Terra”, e em todos os lugares que tocavam a música, o público pedia: “Toca aquela do Trem do Pantanal”. Foi quando a dupla decidiu alterar o nome para “Trem do Pantanal”. “É como dizem, a voz do povo é a voz de Deus”, explica Simões. 

Comemoração dos 70 anos 

O último aniversário comemorado pelo artista, com uma grande festa, foi quando completou 50 anos. Já para a festa de 70 anos, Paulo convidou alguns amigos mais próximos para comemorar de forma mais intimista, em um ambiente ao ar livre, que, segundo ele, foi a melhor escolha. Entre os músicos e colegas artistas presentes estavam seus companheiros de estrada, como Geraldo Espíndola, Carlos Colman, Miska Thomé, O Bando do Velho Jack, João Paulo (filho da cantora Delinha), entre outros. 

“Eu recebi muito carinho das pessoas e dos colegas, isso compensou todo o cansaço de fazer a lista de convidados”, confessa Paulo. A convidada especial que se fez presente na comemoração foi a filha Flora, também artista e que não vinha a Mato Grosso do Sul há 13 anos. Na ocasião, Paulo e Flora cantaram juntos e foi um prazer enorme para ele. “Foi uma grande emoção”, comemora. 

Sucesso 

No final dos anos 70, Paulo Simões começou a ser reconhecido como compositor, quando Renato Teixeira gravou a música “Rio Abaixo” e, em seguida, a Diana Pequeno gravou “Trem do Pantanal”, apresentada a ela por Almir Sater. Após essas gravações, o cantor Sérgio Reis gravou “Lobo da Estrada”, o primeiro sucesso nacional de Simões. A música caiu no gosto dos caminhoneiros. “‘Lobo da Estrada’ foi a composição que mostrou que eu saberia escrever músicas com apelo comercial”, afirma Simões. 

A música “Peabiru” foi trilha sonora do personagem José Lucas de Nada, do remake da novela “Pantanal”, exibida no ano passado. Composta junto com Almir Sater, ela foi escrita no meio de uma festa. Além dela, outras seis músicas de Paulo Simões estiveram na novela “Pantanal”. 

As viagens, os povos e costumes diferentes, e principalmente as leituras e cinemas ajudaram o compositor a se inspirar para as composições, afirmando que ele, Geraldo Roca, Almir Sater e Celito tiveram uma educação artística, com bons professores e sempre liam muito. Simões viajou para os Estados Unidos com 16 anos, o que contribuiu muito para seu crescimento. Paulo relembra o apoio dos parceiros nas composições, ressaltando que eles o ajudam muito a concluir as músicas.

Paulo Simões

Foto: Arquivo pessoal

Simões não faz mais tantas viagens e shows como antes, mas ainda é um músico ativo e gosta de ver seu trabalho reconhecido e elogiado pelas pessoas. Ele afirma que está comemorando seus 70 anos de vida cantando, compondo e inclusive lançando novos singles. 

Lançada há duas semanas, a música “O Tempo Disse ao Destino” é fruto de uma parceria com João Ormond, que será incluída no projeto “Violas Pantaneiras”, disco que reúne a música, poesia e cultura de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, devido à ruptura gerada pela divisão dos dois Estados, que afastou a população e os artistas. O projeto conta com repertório de músicas regravadas e algumas inéditas, com convidados como Gabriel Sater, artistas de Cuiabá, e uma violeira de São Paulo. Paulo já apresentou um modelo do projeto em Corumbá, e também em São Paulo, Ribeirão Preto, Campinas, Cuiabá, e está tentando viabilizar o show em Campo Grande. 

Para este ano, Paulo está com uma agenda cheia de projetos para serem executados, inclusive composições para concluir. “Eu completei 70 anos, mas não estou parado”, afirma.

Por Livia Bezerra e Kátia Kuratone  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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