Colocar os sentimentos no papel pode ser uma maneira de se organizar, ordenar pensamentos e reduzir o estresse. Quase como um bote salva- -vidas, a prática da escrita pode ser, também, um processo terapêutico, um meio para lidar com perdas significativas e reconhecer sentimentos. É um exercício poderoso de autoexpressão. Conforme escreveu o poeta Fernando Pessoa, na obra “Desassossego”: “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir”. Assim, floresceu o processo de escrita de “Na Dor ou No Amor”, livro que narra os caminhos de um pai enfrentando a dor de um luto, a perda de uma filha.
O autor, Adão Castilho, pai da jornalista Jucyllene Castilho, encontrou nas palavras um meio de transformar a ausência e ressignificar a existência a partir de memórias carinhosas em registros afetuosos. “Na Dor ou No Amor” conta com o prefácio do Dr. Elder Gomes Dutra e será lançado na quinta-feira (22), às 19h30, no auditório da Anoreg, que fica na Travessa Tabelião Nelson Pereira Seba, 50 – Chácara Cachoeira.
A jornalista Jucyllene Castilho tinha 35 anos, quando faleceu vítima de complicações no pós-parto 19 dias após a perda de seu bebê. São três anos desde o seu falecimento; há dois, seu pai, o engenheiro civil Adão Castilho, descobriu no luto que a ausência não é um ponto final, mas uma nova forma de continuar. “Fiz tudo com muito carinho, com muito amor. Eu achei que seria muito necessário transcrever aquilo que presenciei, os fatos, aquilo que eu via acontecer com os outros, que eu não agregava para mim, por exemplo”, explicou o autor.
Composto por 100 capítulos, Adão narra em seu primeiro lançamento a vivência de uma dor jamais imaginada e o percurso, até o seu fortalecimento, de coexistir em comunhão com a perda de um amor a partir dos amores que ficam. “A dor da partida de um filho, eu jamais imaginava que fosse assim, e jamais imaginava também que poderia acontecer comigo. Mas, através desse livro, eu me fortaleci. Eu tenho certeza que eu vou estar hoje visto de outra maneira, inclusive para a minha filha que não está mais fisicamente conosco, porque isso não apaga as coisas. A vida não se acaba assim da noite para o dia. O corpo fica, transforma, tudo que é material fica, mas tudo que é espírito, tudo que é alma, ele não vai ficar por aqui. Nós vamos crescer espiritualmente, foi o que pude observar no resultado na escrita desse livro”, acrescentou.
Superação
Composto por 328 páginas, o leitor acompanhará a jornada emocional de Adão, em diálogo com os seus sentimentos, compreendendo por amor ou pela dor como lidar com as fases desse processo tão complexo que é o luto. “Eu e a esposa íamos caminhar. Sentado por lá, peguei o celular e comecei a olhar a árvore e me vi em uma selfie, e aí tirei uma foto; estava com 15 quilos a menos. Desde então, eu comecei a observar que a vida não podia seguir daquele jeito, porque eu estaria magoando, inclusive, quem partiu. Também observei que as pessoas que me amam, da minha família, a outra filha, a nossa neta Laura, esposa, o genro. Poderia estar magoando muito eles também. Foi assim que comecei a escrever”, relatou.
Serviço: “Na Dor ou No Amor” conta será lançado na quintafeira (22), às 19h30, no auditório da Anoreg, que fica na Travessa Tabelião Nelson Pereira Seba 50.
Por Ana Cavalcante.
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