Oficinas visam integrar jovens da periferia de Campo Grande mediante a arte e cultura

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Construir espaços de reflexão junto aos jovens das periferias de Campo Grande é o principal objetivo do Projeto REMI, que está com inscrições abertas para diversas oficinas culturais. Idealizado pelo grupo musical Projeto Kzulo, as aulas terão início no dia 18 de setembro, com oficinas durante os fins de semana como arte urbana, fotografia, performance e corpo, arte terena e dança, trajes e grafismo, arte terena gráfica em tela, teatro imaginário e afetivo, além de musicalização.

Segundo um dos idealizadores e produtor do projeto, o arquiteto e artista de multilinguagens Julian Vargas, a escolha das oficinas foi primeiro ofertada pelos parceiros do Projeto Kzulo, o qual ele integra, e depois conversada com pessoas próximas da comunidade. “Foi uma construção coletiva, deixamos aberto para eles oferecerem, pensarem nas áreas, tudo foi conversado”, afirma.

As oficinas serão ministradas no Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena, na Aldeia Urbana Marçal de Souza, no bairro Tiradentes e outra turma será iniciada em outubro e novembro para os moradores das Moreninhas, como continuidade do projeto, tendo como público-alvo jovens e mulheres que vivem no bairro. O projeto foi pensado ainda em 2019, tendo duas músicas autorais como pano de fundo, embasando o projeto para agregar ainda mais às comunidades.

Inspirado em canções autorais

“O projeto se baseia em duas músicas autorais da banda, que pensamos servir para ter uma vivência e agregar à comunidade. Na aldeia urbana pensamos na música ‘Santa Caminhada’, que retrata a causa indígena e a união dos povos como um todo. Na Moreninhas pensamos na música ‘Morena Babilu’, que traz a narrativa da mulher periférica, guerreira, que enfrenta dificuldades na Cidade Morena, trabalhando, estudando e cuidando dos filhos”, explica o contrabaixista do grupo musical Projeto Kzulo, Ricardo José.

Pensado antes da pandemia, o projeto precisou se adaptar às medidas de biossegurança necessárias para conter a infecção do vírus e, por isso, em vez de demanda livre, cada turma será composta por até dez jovens, para que possa ser mantido o distanciamento entre os participantes.

“Campo Grande é uma cidade multicultural, multiétnica, e por isso nós queremos construir um espaço e propor reflexões junto aos jovens, com um conjunto de artistas e professores de alta qualidade, que vivem nessas comunidades.”

A ideia do Projeto Kzulo é aproveitar as atividades e produzir um documentário, que será alimentado com uma pesquisa científica que será realizada paralelamente, pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

“Existe também um interesse do ponto de vista científico, de entender essas questões de identidade da memória cultural e identidade desses jovens. Por isso vamos fazer uma pesquisa paralela que também vai auxiliar na alimentação do documentário. Esse é um projeto que tem uma visão interdisciplinar integradora, baseada na experiência reflexiva dos jovens”, explica o baterista do Projeto Kzulo, coordenador pedagógico do Projeto REMI e professor da UFMS, Alejandro Lasso.

O tempo de espera forçado pela pandemia acabou gerando proximidade entre os organizadores e as comunidades. Visitas foram realizadas para estreitar os laços, auxiliando a perceber melhor cada lugar, ajudando a promover então melhor integração.

“A parte das artes visuais vai contar com questões contemporâneas, como a linguagem fotográfica, arte urbana, grafite, lambe, assim como questões tradicionais, como a arte indígena Terena. No teatro também há a linguagem da performance, que é algo mais moderno e também terá uma abordagem mais afetiva na outra oficina, um outro tipo de pesquisa. E ainda será oferecida a musicalização, que aborda o ritmo, entre outras áreas da música”, explica Julian Vargas.

Sobre o projeto

Acrônimo para Reconstrução de Memória e Identidade, o Projeto REMI foi idealizado pelos músicos do Projeto Kzulo e aprovado pelo edital do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), promovido pela Prefeitura Municipal de Campo Grande.

A Aldeia Urbana Marçal de Souza e as Moreninhas foram escolhidas de acordo com músicas do grupo. Os idealizadores se inspiraram em duas delas: “Santa Caminhada”, um poema que trata da questão indígena, e “Morena Babilu”, que fala sobre as mulheres de Campo Grande.

“A gente foi atrás desse público, para trabalhar com essas causas. Outros dois músicos do Projeto Kzulo, o Ricardo e o Alejandro têm contatos nessas duas comunidades e optamos por realizar o projeto nelas”, conta Julian.

No fim de cada período de oficinas a produção organizará um evento na comunidade. Dentro do projeto ainda haverá a produção de dois videoclipes do Projeto Kzulo e a gravação de um documentário sobre seu desenvolvimento. Alunos das oficinas participarão de todo este processo audiovisual.

Serviço

As inscrições para as oficinas podem ser feitas pelo site www.projetoremi.com/ e presencialmente no Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena, localizado na Rua Galdino Pataxó, 131, na Aldeia Urbana Marçal de Souza, no bairro Tiradentes. Moradores das Moreninhas também já podem solicitar a inscrição pelo site. Para mais informações, acompanhe a página do Instagram do projeto (@projetoremi). (Texto: Beatriz Magalhães)

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