O mês de setembro chegou e com ele duas certezas, quando se trata de entretenimento: o especial de Roberto Carlos na TV e filmes natalinos nos streamings e nos cinemas. Geralmente esses longas, ou são, em sua maioria, comédias românticas com produções mais açucaradas do que um chocotone ou filminhos na pegada “Sessão da Tarde”. Porém no hemisfério Norte também há a cultura de produzir e assistir a filmes do gênero terror nessa época. O grande lançamento para esse fim de ano, nessa pegada é ‘Natal Sangrento’, remake do sucesso homônimo de 1984, que estreia hoje nos cinemas
Sinopse
Quando era criança, Billy (Logan Sawyer) viu seu avô ser morto de maneira misteriosa enquanto o visitava em uma casa de repouso. Na saída, já no carro, testemunhou seus pais serem assassinados por um homem vestido de Papai Noel. Anos depois, o já adulto Billy Chapman (Rohan Campbell, de ‘Halloween Ends: O Acerto de Contas Final’) não tem nenhum trauma desses eventos trágicos de sua vida, muito pelo contrário: acredita que, de alguma forma, o legado daquele assassino tenha passado para ele, pois, desde aquele dia Billy acredita ter uma missão de punir as pessoas que se comportam mal o ano inteiro, uma pessoa por dia em dezembro inteiro, tal qual Papai Noel.
Escrito e dirigido por Mike P. Nelson (diretor de ‘Pânico na Floresta: A Fundação’) a nova leitura desse clássico de terror natalino propõe um olhar interessante sobre o original, trazendo um elemento sobrenatural à trama e uma abordagem atualizada para os nossos tempos. Para além do terror slasher que dá a base do longa, Mike P. Nelson também faz bom uso do humor para balancear a paranoia de seu protagonista, ora fazendo-o passar por situações absurdas e hilárias, ora aliviando a tensão da violência com elementos contrastantes.
A dupla protagonista Rohan Campbell e Ruby Modine (de ‘A Morte Te Dá Parabéns 2’, manda bem ao construírem uma história de romance natalina bem aos moldes das comédias românticas dessa época do ano, mas com tons sombrios o suficiente para conduzir o espectador àquele tipo de enganação que a gente adora cair, mesmo que, no fundo, saibamos a verdade. Carismáticos, mesmo fazendo as coisas erradas a gente tende a torcer pelo protagonista e pela mocinha, ainda que saibamos que ela vai se meter numa furada.
Embora se trate de uma releitura de outro filme (e refeito novamente em 2012), a nova versão de ‘Natal Sangrento’ entretém seu público com uma boa dose de diversão e muito terror gore. Vale lembrar aos mais sensíveis, que as cenas de morte são violentas.
Curiosidades
Assim como, a personagem de Pamela, que também estava na versão de 1984, mas tudo indica, que no remake, ela terá um papel central no processo de Billy ao encarar o passado. Em entrevista ao site Collider, o cineasta Mike P. Nelson reflete sobre a luta dos dois personagens em lidar com um passado conturbado. De acordo com ele, “são duas pessoas que possuem e lutam contra seus próprios demônios internos e, tendo nisso, um ponto de encontro entre os dois”.
Quem também participou da entrevista foi Ruby Modine, que dá vida a Pamela. A atriz indicou que a batalha interna da personagem, a motivou a aceitar o papel. Segundo a atriz, “o Mike me ligou dizendo que tinha roteiro e eu li o roteiro em uma hora. Logo depois já queria saber quando as gravações começariam porque havia uma conexão com a personagem, afinal todos nós batalhamos com algo”.
Críticas
No site agregador de críticas norte-americano, Rotten Tomates, o longa pontuou 86% de aprovação em 29 avaliações da crítica especializada.
Cleon, do site Flixlândia, especializado em obras de terror, gostou do que viu.“Algumas sequências lembram o estilo de Tarantino, pela forma como a violência é construída e até justificada dentro da narrativa. Em certos momentos, o espectador se vê torcendo por Billy, apesar de suas atrocidades, o que gera um incômodo proposital: ele se torna o ‘monstro compreensível’, alguém que age movido por uma dor que o público consegue entender, ainda que jamais aprovar. O longa brinca com a ideia do ‘louco perdoável’, do justiceiro distorcido que executa impulsos que muitos reprimem pelo chamado ‘freio moral’. As cenas são gráficas, os sustos são eficientes e as constantes visões do passado se misturam ao presente sangrento com uma estética quase de autópsia emocional. Tudo é cru, intenso e perturbador”.
Amanda Rocha do site ‘Entretizei’ também elogiou o longa. “A nova releitura de Natal Sangrento chega para reviver um clássico com uma pitada de terror. Desta vez, a história ganha mais profundidade ao explorar novas camadas emocionais, relevando novas leituras para uma obra que marcou gerações. Além disso, o filme se arrisca em temas sensíveis e usa o sarcasmo como ferramenta para equilibrar o medo e crítica, uma combinação perfeita que pode conquistar até quem normalmente não é fã do gênero slasher.”.
Natal Sangrento está em cartaz nos cinemas do país e a classificação indicativa é de 18 anos.
Por Marcelo Rezende