Luto na arte! Criador da escultura ‘O Beijo’, Pedro Guilherme Garcia Góes morre aos 58 anos

Pedro Guilherme Garcia Góes - Foto: reprodução
Pedro Guilherme Garcia Góes - Foto: reprodução

Artista foi fundador da Confraria Socioartistas e realizava diversos trabalhos artísticos em MS

 

“Minha arte é pantaneira, tem sotaque indígena e canto do sabiá, mas dialoga com todos os quintais”. Essa era a essência do artista, produtor cultural e professor Pedro Guilherme Garcia Góes, que faleceu na quinta-feira (20), aos 58 anos, apenas alguns dias após o próprio aniversário.

Pedro Guilherme, natural de Coxim, iniciou sua arte às margens do Rio Taquari e adotou o peixe como símbolo pantaneiro. Suas referências aquáticas marcaram pinturas, murais e esculturas. Em Campo Grande criou obras públicas de destaque, como o peixe cará na Lagoa Itatiaia. Sua obra mais famosa é ‘O Beijo’, no Lago do Amor, que virou cartão-postal da cidade.

A obra mais famosa de Pedro Guilherme é ‘O Beijo’, que virou um cartão-postal da cidade – Foto: divulgação

O artista também era amplamente conhecido como o fundador presidente da Confraria Socioartistas, entidade sem fins lucrativos que tem como um de seus objetivos a ocupação de espaços públicos por meio das artes visuais, música, teatro, circo, literatura e dança.

A primeira exposição da Confraria foi realizada em abril de 2016, com a instalação artística ‘Operação Piracema’, de autoria do próprio Pedro, dentro do córrego Prosa, para jogar luz a situação da pesca ilegal em Mato Grosso do Sul.

Pelas redes sociais, a Confraria Sociartistas lamentou profundamente o falecimento do colega. “É com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento do nosso colega artista visual, idealizador e fundador da Confraria Socioartistas, cuja trajetória marcou de forma indelével, a cultura e as artes visuais em nosso Estado”.

A entidade ainda destacou as décadas de dedicação do artista, que colaborou para o fortalecimento da cena artística de Mato Grosso do Sul. “Sua visão e compromisso com as artes visuais transformaram espaços, abriram caminhos e deram voz a muitos artistas, consolidando um movimento que permanece vivo em cada obra e em cada iniciativa que ajudou a construir. Que sua memória siga iluminando os caminhos da arte e da cultura”.

Para o jornal O Estado, a artísta Adriana Teixeira, compartilhou os sentimentos sobre a ida do amigo. “Que perda gigante! Pedro: pessoa apaixonada pelas Artes, pela Confraria, pela família, pelos amigos. Sua sensibilidade e contribuição no meio artístico são enormes. Não estou acreditando ainda… é difícil elaborar tamanha perda! Descanse em paz, meu amigo Pedro! Seu legado artístico e seu jeito acolhedor permanecerão sempre presente em nossos corações. Vai brilhar onde estiver”.

Deputada Mara Caseiro

“Meus sinceros sentimentos a toda família do nosso querido amigo e grande artista sul-mato-grossense Pedro Guilherme. Que tristeza. Um homem íntegro, com um talento incrível e de uma humildade contagiante. Sereno e sempre com um sorriso para oferecer. Que Deus conforte a todos os familiares. E que ele encontre a paz nos braços de Deus Pai Todo Poderoso”, disse nas redes sociais a deputada Mara Caseiro.

“Uma enorme perda. Um amigo, um grande incentivador da arte no Estado, um talento inestimável”, compartilhou o escritor e presidente da ASL (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), Henrique de Medeiros.

Homenagens

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul postou uma dedicatória ao artista em seu perfil no Instagram. “Desde a criação do Estado, Pedro dedicou sua vida à produção artística e ao fortalecimento da cultura regional, dialogando de forma sensível e potente com o Pantanal, os povos indígenas e a história de Mato Grosso do Sul. Suas pinturas, esculturas e ações culturais, marcadas pelos peixes simbólicos, pelas críticas ambientais e pelas referências às culturas Terena e Kadiwéu, tornaram-se ícones da arte produzida em nosso território”

Além disso, a pasta se solidarizou com familiares, amigos e admiradores da trajetória do artista. “Sua obra, presente em exposições, coleções e esculturas públicas que integram a paisagem de Campo Grande, seguirá inspirando gerações e preservando a memória afetiva e artística do nosso Estado”.

Já a Fundação Municipal de Cultura destacou o papel de Pedro na criação da Confraria. “Professor, muralista, pintor e escultor. Sua obra, que há décadas dialogava com a estética Terena e Kadiwéu por meio de seus peixes simbólicos, denunciava o descaso histórico com os povos indígenas e refletia identidade, território e memória sul-mato-grossense. Fundador da Confraria Sociartista de Campo Grande, Pedro deixou também um legado de união, formação e fortalecimento da classe artística local, transformando e impulsionando trajetórias”, publicou.

“Sua partida entristece, mas sua arte e sua contribuição para a cultura permanecerão vivas. Nossa gratidão e respeito”, finaliza.

A Prefeitura de Coxim, cidade onde o artista nasceu, também prestou condolências. “Natural de Coxim, Pedro Guilherme foi responsável por relevantes contribuições à cultura regional, eternizando sua arte em obras emblemáticas que valorizam a identidade pantaneira sul-mato-grossense. Em Coxim, Pedro é criador do monumento ‘Os Dourados’, localizado na Praça Francisco Mendes da Rocha (Praça do Pescador), um dos mais belos símbolos da cidade e referência de patrimônio cultural”.

A Associação Pestalozzi de Campo Grande, da qual Pedro já havia realizado trabalhos e exposições, disse que Pedro deixou sua marca de dedicação, compromisso, amor, cuidado, respeito e honra. “Algumas pessoas nos deixam marcas tão amorosas, que mesmo que partam para outro plano, jamais deixarão de habitar nossos corações e nossas boas lembranças. Uma Pessoa, com esse P Maiúsculo mesmo!”, publicou.

“Esteve conosco durante muitos anos entregando seu melhor, com todo amor, e não temos palavras para definir a tristeza que sentimos pela sua passagem tão prematura. Nossos alunos ficam órfãos de suas cores, de sua crença no potencial de cada um deles, de seu sorriso sempre aberto, de sua gentileza no dia a dia em que compartilhavam arte!”

“Em nossos corações, silenciados abruptamente pelas saudades que já sentimos, pedimos ao Pai que o receba em seus mais belos jardins, com flores multicoloridas, para que possa seguir cuidando de nós, e de toda sua família, a quem manifestamos nossos mais profundos sentimentos. Que sua luz siga brilhando junto das mais nobres estrelas, Professor Pedro”, finalizou a associação.

 

Por Carolina Rampi

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