Julio Queiroz lança clipe psicodélico para falar de saudade

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Após a boa recepção de seu primeiro disco (1/4), e mais dois singles lançados durante sua passagem por Portugal, Julio Queiroz lança seu primeiro single produzido a várias mãos em retorno ao Brasil. “Onde está” aposta em metáforas verbais e visuais para falar de ausência, da sensação de saudade que não conseguimos descrever, porém nos acompanha no dia a dia.

A canção foi escrita em seu apartamento em Fânzeres, no Porto, durante o período de isolamento social por conta da pandemia. A solidão não era propriamente uma dor de Julio Queiroz, pois havia a companhia da esposa e de seus dois filhos, mas o artista conta que se aprofundou internamente para trazer à tona a falta de alguém ausente.

O músico fala como foi o processo criativo. “Eu escrevi ‘onde está’ quando ainda estava morando em Portugal, já com uns 6, 7, 8 meses de pandemia, e em Portugal diferente aqui do Brasil houve lockdown mesmo, a gente ficou mesmo em casa, trancafiado em casa, só aberto serviços essenciais mesmo. Então as crianças pararam de ir pra escola, enfim … e a gente começa a ver as mortes perto da gente, um amigo perde um pai, um vizinho perde a esposa. A gente começa a ver a morte, então o sentimento de saudade estava muito no ar”.

Julio explica que a canção é quase uma crônica. “Eu me pus na pele de uma personagem, uma pessoa que está sentindo a saudade de alguém, porém na musica tem algumas falas que deixa explicito que é saudade de um parceiro, ou de uma parceira, quando fala que ‘o lençol não vê / os meus olhos sim’ Dá a entender que aconteceram coisas no lençol que estão guardadas na memória. Basicamente é isso, eu tive, assim também um cuidado de não entregar muito na letra, embora pra algumas pessoas é muito direto, pra outras nem tanto. Essa saudade pode ser de um filho, de uma música, de uma droga. O refrão que é ‘hoje vai passar’ no fim de tudo fica no refrão ainda uma esperançazinha, um sentimento de esperança para que isso passe”, ressalta o músico.

Os timbres espaciais dos sintetizadores acentuam o tom solitário e agridoce do single, e apesar de melancólicos, grudam na cabeça e nos convidam a cantarolar. A linha de baixo e a bateria grave preenchem os vazios melódicos e existenciais, garantindo força e presença à faixa. A sonoridade de “Onde está” faz parte do processo de amadurecimento de Julio Queiroz, agora com uma banda participando na construção do conceito que o norteará no segundo disco.

O artista esclarece a mudança em seu estilo, que antes não contava com uma banda. “Diferente das minhas outras músicas todas, até esse single, todos os meus outros trabalhos eu gravei sozinho, toquei sozinho, no máximo chamava um amigo pra tocar uma bateria, mas eu sempre gravei, fiz todo o procedimento sozinho, essa é a primeira música que eu já tenho o auxilio de uma banda, que me ajudou, que a gente criou junto, então tem uma bateria, um baixista, um tecladista e eu, são 4 instrumentos do começo ao fim, que é um conceito que eu estou explorando agora, quero explorar agora por um tempo, que meu próximo disco eu quero que venha nesse conceito já”, finaliza Julio.

Sobre Julio Queiroz

O artista natural de Dourados-MS, com carreira na capital, Campo Grande, traz influências do Rock Psicodélico do final dos anos 60, como Pink Floyd e The Beatles, da música brasileira, principalmente Caetano Veloso, Gilberto Gil e da Tropicália em geral. Dos nomes contemporâneos, Tame Impala, Unknown Mortal Orchestra, Men I Trust, Rodrigo Amarante e Devendra Banhart são referências desde a produção até a estética.

Registrando talentos

Também produtor musical, Julio Queiroz já gravou diversos artistas sul-mato-grossenses. Nomes como Erika Espíndola, Giani Torres, Guilé e Begèt de Lucena passaram seu som pelas mãos e ouvidos do artista. Mas na carreira solo, seu projeto sempre foi experimental e desacompanhado. Ele mesmo gravava todas as linhas, adicionava camadas e a massa sonora ia crescendo. Agora, Julio Queiroz transita para um som orgânico, com calor humano e mais linguagens envolvidas no processo criativo.

O videoclipe é produzido pelo seu selo,Mandioca Records, e é assinado por Tui Boaventura, apresentando uma atmosfera melancólica, mostrando a rotina de uma personagem solitária à mesa do café da manhã. Em meio à monotonia, lembranças a tiram da realidade por raros instantes, até que a solidão ressurja.

O clipe está disponível no canal de Julio Queiroz no YouTube e também nas principais plataformas de streaming e no Bandcamp com opção de download. Conheça mais sobre Julio Queiroz através do link: https://linktr.ee/julioqueiroz.

Texto: Marcelo Rezende

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