Diário de uma repórter: Jornalista Cláudia Gaigher lança livro que traz relatos de um Pantanal profundo e misterioso
O lançamento do livro será realizado no dia 21 de outubro
Cláudia Gaigher é um nome já conhecido dos brasileiros e, em especial, dos sul-mato- -grossenses, com rosto familiar e voz já gravada na memória de quem já assistiu a reportagens que falam sobre biomas, vida selvagem Brasil afora e que mostram, ainda, a repórter em aventuras de acelerar o coração, em cenários de tirar o fôlego. Agora, a repórter lança, nessa sexta-feira (21), o livro “Diário de Uma Repórter no Pantanal”, que mostra um lado mais sensível e pessoal da jornalista durante expedições das quais participou em vários cantos do país.
“Eu não falo só do Pantanal, foram viagens para a Amazônia, para o Cerrado, para a Mata Atlântica, a Caatinga, ali a gente reuniu 30 textos, tem muito mais – daria até pra gente fazer uma sequência de livros –, mas eu espero que as pessoas conheçam um pouco mais de mim como pessoa, dos meus sentimentos, das minhas impressões.”
Assim, com sensibilidade poética e excelência no fazer jornalístico, Cláudia Gaigher revela, em “Diário de Uma Repórter no Pantanal”, bastidores de 24 anos de comprometimento na defesa e preservação de um dos mais ricos biomas do Brasil. “Eu vi bastante transformação nos biomas, principalmente Cerrado, Pantanal e Amazônia. Eu vi muito desmatamento, mas eu também vi muita coisa boa, as pessoas, os produtores, pesquisadores, as comunidades buscando caminhos de sustentabilidade”, relata.
Nos últimos meses, milhões de brasileiros diariamente faziam do remake global “Pantanal”, novela de Benedito Ruy Barbosa, primeiramente exibida em 1990 na extinta TV Manchete, e adaptada pelo seu neto, Bruno Luperi, para os dias atuais, um fenômeno de audiência. “Com a novela ‘Pantanal’, que veio para cá, e o Brasil e o mundo se encantaram, a gente até criou – eu, o assistente de direção, que é o Tomaz [Cividanes], e também algumas outras pessoas que ficaram próximas – um verbete: que é ‘pantanalizar’. O que é que significa isso? É permitir que a gente tire os tampões dos ouvidos e ouça os sons da vida, ouça os sons da natureza e se integre a esse sistema”, conta Cláudia.
Do ES para MS
Desde 1998, os encantos, mistérios e desafios para a conservação da maior planície alagável do planeta fazem parte do dia a dia da jornalista capixaba Cláudia Gaigher. Trabalhando como repórter de rede nacional e baseada na TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do Sul, Cláudia adotou o Pantanal como a sua casa, local de trabalho e fonte de inspiração e causa. “Eu cheguei a MS em 1998, uma jovem que nunca tinha pisado no centro-oeste do Brasil, não conhecia nada dos biomas, nunca tinha ido ao Pantanal, e ao longo desses anos, em cada reportagem, um aprendizado. Aprendi muito com os meus colegas de trabalho da TV Morena, aprendi muito com os pesquisadores, com os pantaneiros, as comunidades tradicionais, então, em cada viagem era uma novidade”, relembra Gaigher sobre sua chegada a MS, há 24 anos.
Profissão coragem
A profissão de jornalista é tida por muitos como algo glamouroso, já que muitos profissionais – como Cláudia – trabalham viajando país ou mesmo mundo afora. Mas o que poucos imaginam é que ser repórter e mostrar a realidade de certas localidades pode ser algo perigoso por diversos motivos.
Ao longo dos anos, Gaigher apresentou denúncias de crianças sem escolas que, sem alternativa, tinham de capturar iscas para sobreviver no interior do Pantanal. O resultado disso? Dezenas de escolas foram construídas ou reabertas naquela região.
Os incêndios de 2020 também foram tema de reportagens que mostraram ao Brasil e ao mundo a devastação à qual foram submetidos 30% do bioma. E os perigos também podem ser de outra ordem, como quando envolvem conflitos por demarcação de terras. “Tivemos aqui, no início dos anos 2000, uma disputa fundiária que permanece até hoje, com vários assassinatos de lideranças indígenas, e a questão da demora do Poder Judiciário e do Executivo em definir quais são as áreas tradicionais e ancestrais. Essa cultura de impunidade faz com que a nossa flora e a nossa fauna também estejam constantemente pressionadas”, comenta.
Em 2022, os brutais assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips escancararam o elevado grau de risco a que estão expostos profissionais dedicados à defesa e preservação do meio ambiente. Realidade vivenciada por Cláudia há mais de duas décadas.
Documenta Pantanal
A publicação de “Diário de Uma Repórter no Pantanal” foi integralmente financiada pela Documenta Pantanal, uma iniciativa que reúne profissionais de áreas diversas comprometidos com a urgência de tornar as fragilidades e as riquezas do Pantanal sul-mato-grossense conhecidas do grande público. “Sempre que eu voltava, eu sentava e escrevia tudo o que eu conheci, todos os meus sentimentos, as minhas percepções, e ia escrevendo sobre os temas, ia pesquisando, e assim eu fui construindo o meu conhecimento e, aos poucos, criando esse acervo de textos. Foi quando a equipe do Documenta Pantanal me fez esse grande convite: por que não publicar os meus escritos? E assim nasceu o ‘Diário de Uma Repórter no Pantanal’”, explica a jornalista.
Pelo coração Cláudia explica que acredita ser possível conquistar pessoas pela emoção e pelo encantamento. “A partir desse amor pelo bioma, a gente vai encontrar caminhos para que produção e conservação possam ser aliadas, é só desse jeito, quando se apaixona, quando a gente se importa, quando a gente se envolve, é que a gente age em benefício da comunidade, do todo”, comenta.
Para Claúdia, existe a necessidade de que as pessoas vejam o Pantanal – conservado (é importante que se frise bem esse ponto) – como um ativo econômico, desde que isso se dê pelos caminhos da sustentabilidade e do cuidado para com o bioma. “Eu vejo como uma grande oportunidade a gente olhar para o Pantanal conservado e enxergar ali um ativo econômico, uma oportunidade de desenvolvimento para as comunidades que moram no Pantanal, no entorno. Para os proprietários, que podem conseguir selos de sustentabilidade com as suas criações de gado praticamente orgânico, e para quem for produzir lavoura, se houver um zoneamento agroambiental respeitado e pensando na continuidade, na interconectividade dos biomas – que o que você faz na área do Cerrado afeta diretamente a área da Planície – aí, sim, a gente consegue caminhar junto”, assevera Cláudia, com a consciência de que é necessário ter muito cuidado para com aquele pedaço –- quase sagrado – de chão. E a jornalista ainda complementa: “Como eu ouvi de uma pessoa muito querida, ‘os rios são o sangue da terra’ e quando a gente trata bem os nossos rios, o nosso solo, a natureza dá resposta. Então, precisamos disso: olhar o Cerrado e o Pantanal com olhos de encantamento, de respeito e, principalmente, de cuidado. Aí, sim, vai dar tudo certo, e eu acredito!”, finaliza.
SERVIÇO: O lançamento do livro “Diário de uma Repórter no Pantanal”, de Cláudia Gaigher, será realizado no dia 21 de outubro, às 18h, no Polca, na Rua Piratininga, 1.134 C, Jardim dos Estados.
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