Em 2022, mesmo ano em que completa 18 anos de existência, o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano celebra o reconhecimento recebido por meio da premiação “Direitos Humanos em Ação”, pelo trabalho realizado com crianças e adolescentes em Mato Grosso do Sul em todo esse período. A premiação aconteceu no começo do mês, em Campo Grande, e foi organizada pela Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho).
A diretora-executiva do Moinho Cultural, Márcia Rolon, afirma que ser uma “rede de proteção” para crianças e adolescentes da fronteira sempre foi a grande missão do instituto. “Receber esse prêmio é algo muito importante. Trata-se de um reconhecimento e mostra que conseguimos atingir nosso objetivo principal e ir além: hoje nós estamos nas fronteiras de todo o Brasil, temos uma relação com outros seis países, além da Bolívia”, afirma.
Márcia ainda explica que todos esses anos de trabalho não seriam possíveis sem os parceiros da instituição. “Só tenho a agradecer pelo reconhecimento do Governo do Estado, agradecer todas as pessoas que estão há 18 anos lá, do nosso lado. Muitos passaram por nós, como participantes, como parceiros, colaboradores, patrocinadores, e todos acreditaram na nossa causa. Continuem acreditando que com esse gás, com essa energia, com esse reconhecimento, com essa parceria a gente vai reconquistar novos espaços e seguir dando voz a adolescentes e crianças fronteiriços.”
O conselheiro do Moinho Joelson Soares comenta que esse troféu representa ser possível transformar a vida de jovens por meio da arte. “O prêmio ‘Direitos Humanos em Ação’ é um reconhecimento importantíssimo de todo o trabalho realizado pelo Moinho Cultural. É uma forma de demonstrar que é possível, sim, por meio da música, da dança, da cultura, como um todo, transformar a vida dessas crianças, é possível você ensinar as crianças a sonhar e a transformar esses sonhos em realidade.”
Durante o evento, a titular da Sedhast, Elisa Cleia Nobre, constatou que as ações em direitos humanos em Mato Grosso do Sul têm avançado e englobado diversos setores da sociedade. “É uma vitória para a população de MS ter pessoas e instituições comprometidas com as políticas públicas envolvendo os direitos humanos”, pontua.
Mudando vidas
O Instituto Moinho Cultural acabou transf o r m a n d o vidas diversas ao longo de todo esse tempo e, entre eles, o de José Maikson, que aos 27 anos passou por uma imersão na OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira), no Rio de Janeiro. Maikson, que começou sua trajetória no Instituto Moinho Cultural, participou da preparação para se tornar maestro da Ocamp, onde já atua como violoncelista, por meio de uma mentoria com o maestro da OSB, Ubiratã Rodrigues.
Os estudos de Maikson começaram aos 10 anos de idade e, por dois anos, se dedicou ao piano. Mas, depois, escolheu o violoncelo, instrumento com o qual resolveu se profissionalizar. O músico só deixou o Moinho Cultural em 2016, quando foi estudar música em São Paulo. “Em 2020 voltei para Corumbá e, em 2021, comecei a trabalhar no Moinho como professor. Mas sempre estive ligado ao Moinho, mesmo morando fora. Às vezes, quando vinha de férias, dava algumas aulas, fazia gravações. Os laços nunca foram quebrados”, relembra o músico.
Neste ano, José Maikson assumiu a regência da Orquestra Sinfônica Jovem do Moinho Cultural. Foram oito meses na função e, recentemente, recebeu o convite para ser o regente da Ocamp, também criada dentro da instituição, por isso passou 15 dias aprendendo com o maestro de uma das maiores orquestras do país.
O professor de música Emanuel Teixeira e Silva, coordenador do Projeto Roda Moinho, relembra um pouco da trajetória de Maikson. “O José sempre se destacou no violoncelo. Estava entre os mais estudiosos. Gostava do que fazia, estudava enquanto podia. Sempre tocava as musicas de ouvido [imitação]. Na orquestra, revezava com outro participante para ser o destaque Na orquestra, ou seja, o primeiro violoncelo. Participou de vários master classes com os músicos da OSB, sempre se destacando. Já na adolescência, teve seu momento de desânimo, quis sair do moinho. Em uma breve conversa com a sua mãe e ele, conseguimos reverter a situação. E, por fim, se tornou um profissional de música. Hoje é regente da nossa orquestra.”
O Instituto Moinho Cultural Sul-Americano
O Moinho Cultural é uma OSC (Organização da Sociedade Civil) que oferece, para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Corumbá, Ladário, Puerto Suárez e Puerto Quijarro, aulas de dança, música, tecnologia e informática. A formação continuada oferecida pela instituição tem duração de até oito anos.
O Moinho também atua na formação de intérpretes criadores para jovens e adultos, com a Companhia d e D a n ç a do Pantanal, Orquestra de Câmara do Pantanal e Núcleo de Tecnologia. A missão da instituição é diminuir a vulnerabilidade social na região de fronteira Brasil-Bolívia, por meio do acesso a bens culturais e tecnológicos. Desde o início das atividades, mais de 23 mil crianças e adolescentes já foram atendidos pelo Moinho.
Atualmente, o instituto conta com o patrocínio máster, via Lei de Incentivo Cultural, do Instituto Cultural Vale, bem como patrocínio da Bellalluna Participações Ltda., Brinks, BTG Pactual, CaraÍ Empreendimentos Ltda., Comper, Instituto Itaú Cultural, Hinove, Rodobens e Criança Esperança, o fomento do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, além da parceria com J.Macêdo, Itaú Social e Fecomércio MS-Sesc.
São parceiros institucionais a Prefeitura de Corumbá, Prefeitura de Ladário, Prefeitura de Puerto Suárez, Prefeitura de Puerto Quijarro, Instituto Homem Pantaneiro, IFMS, UFMS, Acaia Pantanal e outros doadores pessoa física e jurídica.
Por Méri Oliveira – Jornal OEstado de MS.
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