Grupo ‘É do que Há’ protagoniza cena de Choro em Dourados

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Músicos, que almejam despertar o interesse das pessoas pelo gênero, fazem apresentação nesta quinta-feira (14) no Espaço de Cultura Sucata Cultural

 

O Grupo de Choro “É do que Há”, recentemente formado em Dourados, surge da paixão de músicos locais pelo Choro, gênero musical genuinamente brasileiro. Fundado por talentosos artistas, o grupo é composto atualmente por Alexandre Franco no saxofone, cavaquinho e surdo, Bruno Pizzi no clarinete, Delson Roberdo no cavaquinho, Diego Assis Fernandes no violão 7 cordas, Érika Riromi Takebe no pandeiro, e José Ruivo Netto no bandolim e violino. Nesta quinta-feira (14), o É do que Há se apresenta no Espaço de Cultura Sucata Cultural, a partir das 20h.

Iniciado em 2021 quando Érika Takebe, após se encantar com o Choro durante a adolescência, iniciou aulas de pandeiro com Túlio Araújo. A busca por aprimoramento, levou Erika contatar José Ruivo Netto, músico atuante em Dourados desde 2014. Com Netto, Alexandre Franco e Delson Roberdo, ex-integrantes do extinto Grupo de Choro Pedacinhos do Céu, o É do que Há começou seus ensaios em fevereiro de 2023. A entrada de Diego Assis Fernandes no violão e Bruno Pizzi no clarinete complementou a formação.

Em entrevista ao Jornal O Estado, Érika Riromi, pandeirista do grupo, conta que a escolha do nome “É do que Há” veio de uma sugestão de José Ruivo Netto ao lembrar do choro homônimo de Luiz Americano, consolidando a identidade do grupo. “No final de 2023, o Netto sugeriu o nome ‘É do que Há’, que é um choro de Luiz Americano (clarinetista e saxofonista que foi um dos grandes nomes do Choro brasileiro e instrumentista das orquestras de Pixinguinha). A partir daí, assumimos nossa identidade como Grupo de Choro É do que Há.”

Ao ser questionado se são o primeiro grupo de chorinho em Dourados, o grupo esclarece que houve um antecessor, o Grupo de Choro Pedacinhos do Céu. No entanto, o É do que Há está atualmente mais ativo na cidade. “As redes sociais, o incentivo dos amigos e o boca a boca de quem nos assiste contribuem para que mais pessoas conheçam e se identifiquem com a nossa música”.

O desafio inicial para o grupo foi introduzir o Choro em um cenário musical onde o estilo ainda é pouco conhecido. Contudo, o feedback positivo e o apoio da comunidade motivam o grupo. O É do que Há almeja despertar o interesse das pessoas pelo Choro, seja como ouvintes ou músicos, incentivando a formação de novos grupos e promovendo o gênero musical na cidade. “O Choro, embora seja um gênero musical amplamente apreciado em outros Estados do Brasil e no exterior, aqui no MS, ainda é pouco conhecido. A ideia de inserir o Choro no cenário musical de Dourados nos motiva e o feedback positivo das pessoas mostra que estamos no caminho certo”, afirma.

O grupo destaca a importância do Choro na cultura local de Dourados, ressaltando que o gênero influenciou as bases da música sul-mato-grossense. O É do que Há está contribuindo para preservar essa tradição ao levar o Choro aos ouvidos e corações do público local. “Um dos nossos objetivos é despertar o interesse das pessoas pelo Choro, seja do público ou de músicos e musicistas, para somar conosco ou formar novos grupos, iniciando um movimento crescente de divulgação e fomento deste gênero musical na nossa cidade. Quem sabe futuramente teremos o Clube do Choro de Dourados e um Festival Douradense de Choro… Seria maravilhoso! Plantaremos esta semente”, avisa.

Patrimônio Cultural
O Choro, considerado o gênero musical mais genuinamente brasileiro, tem suas raízes fincadas no Rio de Janeiro em 1870. O berço desse ritmo foi nas rodas de música que floresciam nos bairros da cidade maravilhosa. As tradicionais rodas de Choro eram realizadas em bares, proporcionando um ambiente descontraído para músicos e amantes da música se encontrarem. O gênero era tocado de forma melancólica ao performarem músicas estrangeiras, o que levou os apreciadores chamarem de “música de fazer chorar”. Ao longo dos anos, o Choro contou com a contribuição de artistas notáveis que não apenas popularizaram, mas também preservaram esse gênero musical. Nomes como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Altamiro Carrilho, etc. foram os pioneiros a escreverem a história do Choro no Brasil.

No mês de fevereiro, o Instituto do Patrimonio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tombou o Choro como o 53º Patrimonio Cultural Imaterial do Brasil. Gênero que nasceu em 1970 pelo músico brasileiro Joaquim Callado, considerado “pai dos chorões”, ao lançar a música “Flor Amorosa” no Rio de Janeiro. O pedido de reconhecimento foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília.

Este acontecimento, é visto pelo grupo como um reconhecimento significativo. Eles destacam que esse status aumenta o compromisso do Estado em criar políticas públicas para incentivar a difusão do Choro, promovendo uma maior compreensão e apreciação do gênero em todo o país.

“É um reconhecimento muito significativo, fruto do empenho de várias(os) choronas(ões) e de Institutos ligados ao Choro no Brasil. No contexto histórico nacional, o Choro constitui a primeira manifestação musical urbana e já era um patrimônio cultural, construído e transformado pelas vivências de seus praticantes ao longo das décadas até a atualidade. Isso certamente facilita e acelera o processo de propagação do Choro por todo o país, atingindo um público maior de “conhecedores” e apreciadores do gênero.”

Para desmistificar a ideia de que o Choro agrada apenas às pessoas mais maduras, o É do que Há destaca que o gênero se moderniza e toca o coração de todas as faixas etárias. O grupo reforça a importância de preservar o legado do Choro, garantindo sua continuidade na cultura musical brasileira. “Queremos desmistificar um estigma que percebemos na região, de que Choro é música que agrada somente às pessoas da melhor idade. Isto não é real e verificamos muitas(os) choronas(ões) adolescentes e adultos jovens despontando no contexto musical brasileiro. O Choro é antigo sim, pois, foi a espinha dorsal da música popular brasileira, mas, ele se moderniza e se transforma com o tempo, tocando o coração de qualquer faixa etária e nós temos que zelar por este patrimônio, este legado”, argumenta Erika.

O cenário do Choro em Mato Grosso do Sul ainda é incipiente, mas o É do que Há já conta com o apoio da UEMS, através da Casa da Cultura, para seus ensaios. O grupo busca conquistar o público e o apoio de estabelecimentos locais, enfrentando o desafio de difundir o Choro na região. “Por enquanto estamos preocupados em executar a linguagem do Choro o mais fidedigna possível, estudar para tocar bem, tocar bonito. O desafio atual é conquistar o público e o apoio dos estabelecimentos locais com música ao vivo para propagar o Choro cada vez mais. Além disso, estimular as pessoas a conhecerem e tocarem um instrumento, pois, precisamos de instrumentistas para que existam novos grupos de Choro, inclusive, incentivar a participação das mulheres no Choro!”, relata a pandeirista.

O grupo afirma que ainda não possuem composições próprias. Erika destaca que na formação do repertório, as músicas são tocadas, particularmente ou no conjunto. “Existem as peças tradicionais de todas as rodas, estas foram as primeiras que inserimos, mas, hoje incluímos as músicas conforme nos toca ou toca nosso coração, seja por lembranças, seja pela bela melodia, seja pelo balanço envolvente”.

 

SERVIÇO: O grupo tem uma agenda mensal de apresentações, com a próxima marcada para o dia 14 de março, no Sucata Cultural. O público interessado pode acompanhar as atividades do Grupo de Choro É do que Há através do Instagram, @grupoedoqueha, onde são divulgadas as datas das apresentações e outras informações.

 

Por Amanda Ferreira

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