Grupo de Anastácio foi selecionado para participar da Copa do Mundo de Dança 2023

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

O grupo, que é um projeto social dirigido pelo professor José Roberto Ferreira Guerra, o “Betinho”, existe desde 2006

O Grupo Anastadance, baseado no município de Anastácio, a 138 quilômetros da Capital, conquistou uma vaga em uma das seletivas para a Copa do Mundo de Dança 2023, que será realizada em outubro, em Cancún, no México. O grupo, que é um projeto social dirigido pelo professor José Roberto Ferreira Guerra, o “Betinho”, existe desde 2006 e, desde então, vem colecionando diversas vitórias em vários estados brasileiros.

A competição, que possibilitou que o projeto alcançasse a vaga, aconteceu de forma on-line e por meio de vídeos, em razão da pandemia de COVID-19. Foram apresentadas 20 coreografias e, destas, 18 foram premiadas, sendo um 1º lugar, dez segundos lugares e seis terceiros lugares, em categorias variadas.

O tão almejado evento será realizado em outubro do próximo ano, de forma presencial, mas, apesar de terem mais de um ano pela frente, o grupo já começa a se preparar para custear a ida, com a união do máximo possível de esforços, a fim de fazer frente às despesas de inscrição, passagens, hospedagem, alimentação e tudo mais relacionado à competição e à viagem em si.

Um dos dançarinos cotados para ir ao México, Betinho Jr., como é conhecido José Roberto Amarilha Guerra, filho de Betinho, o professor, conta que já teve muitas conquistas com a dança. “Em 2019 ganhei a bolsa do estúdio de dança Mayara Martins, faço jazz, ballet, contemporâneo, etc. Em 2020 comecei a participar dos festivais online nos quais conquistei mais de 60 medalhas, fora as de bailarino destaque, bailarino revelação, entre outras. Em 2021 comecei a gravar para o Instagram e hoje tenho quase 37 mil seguidores. Em 2021 voltei para Marília, trouxe 10 premiações e mais o Bailarino Revelação”, relembra.

Para o dançarino “Piuh Vittar”, como prefere ser chamado, fazer parte do grupo é pertencer a uma família. “Esse projeto representa para mim, na forma mais resumida, família e união! É um projeto que acolhe a todos. Somos bem recebidos e muito bem acolhidos, somos tratados todos iguais, somos como família, são parcerias nas horas boas e ruins. Às vezes somos pais e mães, psicólogos, crianças (porque brincamos muito), somos amigos; mas na hora de sermos profissionais, damos o nosso melhor! Então, para mim, fazer parte desse projeto é motivo de gratidão”, afirma.

Para a dançarina Gleice, a competição vai exigir o melhor de todos. “Terei de dar o meu máximo e o meu melhor para fazer bonito e representar bem o nosso grupo, nossa cidade, nosso estado e o nosso país. Serão dias e noites de muitos ensaios, foco e, acima de tudo, ter muita fé que vai dar tudo certo, tanto para mim, quanto para os demais! Se conseguimos chegar a essa conquista é sinal que fomos bem, e sabemos que na ‘hora H’ damos nosso sangue, nossa alma pela dança! Mas estamos confiantes de que dará tudo certo, se Deus permitir!”

Busca por apoio financeiro

A conquista é um grande sonho para o grupo que, infelizmente, esbarra na dificuldade financeira. “Teremos de fazer muitas promoções, buscar apoio dos amigos, comerciantes, políticos para podermos chegar ao México e representar bem a nossa região, nosso estado e nosso país! Sabemos que será muito difícil conseguir o dinheiro porque o custo é alto, mas não iremos desistir tão fácil dos nossos sonhos”, dispara Betinho, esperançoso.

Betinho Jr., apesar de animado com a conquista, lida com a falta de apoio e até preconceitos por ser bailarino. “Eu estou muito animado, mas nos falta apoio. Eu, por exemplo, sofro muito preconceito por fazer ballet, mas eu sempre mantive o pé no chão e a cabeça erguida. Meu pai é um homem de muita fé e ele me ensinou a ter fé e nunca desistir.”

Arrecadação de fundos

O coreógrafo José Roberto Ferreira Guerra estima que o valor para levar a equipe à competição deva ficar em torno de R$ 70 mil e, para ajudar a angariar o valor, criou uma vaquinha virtual, que pode ser acessada por meio do link.

Mas não para por aí: o grupo deve promover, também, outras ações. “Pretendemos fazer muitas promoções e rifas, vaquinhas online, pedir patrocínios para os políticos, empresários e amigos, e manter o foco nos ensaios, porque se a gente chegar lá queremos estar preparadíssimos para fazer bonito e conquistar títulos”, dispara o coreógrafo.

História e oportunidades

Betinho, como José Roberto é conhecido, se formou em Ciências Biológicas em 2004, pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), mas desde sempre se interessou pela dança.

A afinidade com a arte era tanta que, ao chegar a Anastácio para estudar, em 1999, Betinho começou a dar aulas e, em seguida, ingressou em um grupo chamado “Dance Boys”, que, embora tenha chegado ao fim em 2004, acabou por deixá-lo com um interesse ainda maior pela dança. Após isso, o professor procurou se qualificar para poder dar aulas e, em 2006, criou o projeto social que viria a se chamar Anastadance.

Atualmente, apesar de ser um projeto gratuito e que ajuda crianças e adolescentes no contraturno escolar, o apoio ainda é uma das maiores dificuldades, mesmo após 16 anos. “Não recebemos apoio algum, principalmente do nosso município, mesmo levando o nome da cidade para o mundo”, lamenta Betinho.

Afastar crianças, adolescentes e jovens da situação de vulnerabilidade social e oferecer melhores possibilidades de futuro também estão entre os objetivos do Anastadance. “Estamos aqui para plantar sementes e colher bons frutos! E em todos esses anos, vi que muitos dos alunos progrediram e se tornaram profissionais, como instrutores, professores, cabeleireiros, maquiadores, entre outras profissões”, relembra o professor.

Mais informações podem ser obtidas por meio dos números (67) 99660-4930 e (67) 98431-0200, com José Roberto.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS

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