Uma novidade ambiciosa – e muito bem- -vinda – começou neste sábado (4), entre as belezas naturais de Bonito: a abertura do Bonito CineSur, o festival de cinema sul-americano. Com a exibição do filme nacional “Alma do Brasil” (1932) de Líbero Luxardo, a primeira edição do evento transformou o Auditório Kadiwéu em um espaço de cinema, cultura e ecoturismo. A inauguração ainda contou com a presença da Orquestra Prelúdio sob regência do maestro Eduardo Martinelli e shows com a Orquestra Jovem Sesc MS e as cordas latinas de Marcelo Loureiro, além da ilustre presença da atriz Dira Paes como apresentadora. O festival vai até o dia 11 de novembro e possui, em sua programação mostras, oficinas e seminários, além de outras atrações para os oito dias de evento.
Idealizado pelo produtor cultural e diretor Nilson Rodrigues, em nota, o idealizador comenta que o impulso para realizar o Bonito CineSur advém pela falta de recursos que a área do audiovisual ainda carece, em especial, toda a cinematografia do continente sul-americano. “Eu milito na área do cinema, sou produtor e já fui diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema). Eu sou muito voltado para a questão do espaço das cinematografias nacionais nos seus próprios países e na América do Sul, um continente. Nós somos muito embarreirados. Nós temos dificuldades de apresentar os nossos próprios filmes em nossos países, quem dirá conhecer a cinematografia dos países vizinhos. Foi isso que me moveu”, explica o diretor.
Participam do festival, para as mostras competitivas, produções da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, além do Brasil. Premiações, debates e oficinas são outras atrações que também compõem o evento que, com o propósito de fomentar o cinema da América do Sul, traz figuras de renome do universo cinematográfico para compor a banca de jurados e palestrantes. Para as mostras competitivas, nomes como o do afamado cineasta brasileiro Walter Lima Jr., diretor do filme “Menino de Engenho” (1965) e colaborador no roteiro de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) dirigido por Glauber Rocha, forma a bancada de júri internacional em conjunto a atriz Ana Ivanova e a roteirista Josefina Trotta. Os debates ficam por conta do curador do festival, José Geraldo Couto e do cineasta Ricardo Pieretti.
Conforme explica a atriz e coordenadora geral do evento, Andréa Freire, o festival é um meio de circular e popularizar filmes do continente sul-americano. “Uma das ideias é colocar Bonito no centro do debate e da distribuição da produção audiovisual na América do Sul. Nós sabemos que muitos filmes são produzidos, mas poucos circulam. O festival traz atividades formativas e reflexivas para discutir um pouco sobre essa distribuição e produção, e aproximar possibilidades de coprodução”, afirma.
Abertura
A consagrada atriz brasileira Dira Paes, que estreou na televisão brasileira na série “Araponga” em 1989, da “Rede Globo”, também é conhecida por filmes nacionais como “Amarelo Manga” (2002), “Noite de São João” (2003) e “Corisco & Dadá” (1996), foi a apresentadora do Bonito CineSur. Em sua primeira edição, foram inscritos na programação mais de 600 filmes.
O festival propõe ao público e aos amantes da sétima arte uma programação, de oito dias, composta por mostras competitivas do cinema sul-americano. As mostras são integradas por filmes inéditos de longa-metragem e curta- -metragem, realizados entre 2022 e 2023; animação infanto-juvenil e cinema de temática ambiental, além de filmes sul-mato-grossenses também fazem parte das mostras.
Seminários sobre o “Audiovisual, Turismo e o Meio Ambiente” e a “Indústria do Cinema e do Audiovisual na América do Sul” são algumas das programações que integram os seminários, que possui como participantes o cineasta sul-mato-grossense e produtor Joel Pizzini e a diretora de programação e projetos internacionais do Festival do Rio Ilda Santiago. Já as oficinas são voltadas para a elaboração de Projetos Audiovisuais, Roteiro Cinematográfico e Coprodução Internacional.
Nós estamos em um Estado onde o audiovisual é muito pouco fomentado. Infelizmente, percebemos que esta é uma área muito sensível em MS e que precisa de atenção e profissionalização. Temos um colegiado de audiovisual formado por pessoas aguerridas e valentes que fazem cinema em Campo Grande e no Mato Grosso do Sul, estimulando outras. O festival, por exemplo, traz a oficina de elaboração de projetos audiovisuais, visto que notamos os editais promovidos pela Ancine e a nova Lei Paulo Gustavo. Percebemos que a função de elaborador de projeto ainda precisa ser capacitada, pois muitas vezes percebemos que as pessoas são animadas para elaborar projetos, mas nem sempre conseguem desenvolvê-los dentro das normas solicitadas”, reforça Andréa.
O Bonito CineSur é realizado em parceria com o Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores, Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Fecomércio-MS, Sesc-MS e Câmara Municipal de Bonito. Conta, ainda, com o apoio das embaixadas dos países sul- -americanos no Brasil. O festival acontece até 11 de novembro, no Centro de Convenções de Bonito. As vagas para oficinas já foram preenchidas, mas o restante da programação é aberta ao público, com entrada gratuita.
Por – Ana Cavalcante
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