Festival de Chamamé em Camapuã celebra tradição e homenageia Dino Rocha

Idealizador do evento Girsel da Viola faz dupla com Luis Goiano há 28 anos - Foto: Assessoria/Divulgação
Idealizador do evento Girsel da Viola faz dupla com Luis Goiano há 28 anos - Foto: Assessoria/Divulgação

Evento reúne artistas consagrados e também talentos locais

 

Mais do que um gênero musical, o chamamé é uma expressão viva da identidade cultural de Mato Grosso do Sul. Com suas melodias que misturam alegria e saudade, o ritmo se transformou em símbolo da história, da tradição e da resistência de um povo que carrega a música no sangue.

Camapuã, cidade reconhecida como celeiro de talentos da música regional, será o palco do 1º Festival de Chamamé de Camapuã, marcado para o dia 23 de agosto, na ACRICAM (Associação dos Criadores de Camapuã). Com entrada gratuita, o evento promete reunir músicos, compositores, fãs e representantes da cultura local em uma grande celebração da arte popular.

O festival presta uma homenagem especial a Dino Rocha, ícone do chamamé e uma das maiores referências da música sul-mato-grossense. Com uma trajetória marcada por talento, generosidade e dedicação à cultura de raiz, Dino ajudou a projetar o chamamé para além das fronteiras do estado, deixando um legado que ecoa até hoje nos palcos e nos corações.

Produção

O chamamé, expressão cultural de forte presença na região fronteiriça do Brasil com a Argentina, vem conquistando reconhecimento oficial em Mato Grosso do Sul. A Lei nº 3.837, sancionada em 23 de dezembro de 2009, instituiu o dia 19 de setembro como o “Dia Estadual do Chamamé”.

A Lei nº 6.048, de 23 de julho de 2018, fortaleceu os laços culturais e históricos ao oficializar o vínculo de cidades-irmãs entre Campo Grande e Corrientes, na Argentina — berço do gênero musical. Mais recentemente, o Decreto nº 15.708, de 29 de junho de 2022, reconheceu o chamamé como bem imaterial do estado, garantindo sua inclusão no Livro de Registro dos Saberes.

Para o Jornal O Estado, Girsel Lima de Assis, conhecido como Girsel da Viola, idealizador do festival, destaca sua trajetória de mais de 28 anos como artista da dupla Luis Goiano & Girsel da Viola, com oito CDs e dois DVDs lançados. Além de músico, Girsel é Diretor de Cultura da cidade. Ele conta que a inspiração para criar o festival surgiu ainda na infância, influenciado pelo pai sanfoneiro e pelos bailes em fazendas e festas de igreja da região. Com o passar dos anos, essa paixão pela música tornou-se profissão e o levou a dividir o palco com o próprio mestre Dino Rocha.

Entre as atrações presentes no evento está o grupo Tostão Sanfoneiro – Foto: Assessoria

“Essa homenagem é uma forma de agradecer, de demonstrar respeito e reconhecer a importância dele na nossa música”, ressalta Girsel.
A organização do festival envolve cerca de 30 pessoas e já movimenta a cidade. Segundo Girsel, o maior desafio tem sido manter a qualidade sem perder a essência do chamamé. A programação contará com decoração temática, exposições regionais, espaços dedicados à viola e atrações para todas as idades.

Entre as atrações estão a gastronomia regional, uma feirinha de artesanato local, além de exposições de fotos antigas e instrumentos típicos. A intenção é que os visitantes vivenciem o chamamé em todas as suas dimensões: ouvir a música, dançar, saborear os sabores da região, trocar experiências e mergulhar na tradição cultural.

Um destaque é o cuidado com a inclusão: o evento foi planejado para começar mais cedo, garantindo a participação de idosos do Projeto Conviver e moradores de áreas rurais. “Queremos todo mundo lá, se sentindo parte”, reforça Girsel. A expectativa é grande e o evento promete reforçar os laços culturais da cidade com a tradição musical fronteiriça.

Patrícia Cantaluppi também participará do evento – Foto: reprodução/redes sociais

Atrações

A curadoria do Festival de Chamamé, assinada por Girsel da Viola, reúne nomes consagrados da música raiz e discípulos do mestre Dino Rocha, como Rodrigo Nogueira, Tostão, Patrícia Cantaluppi e Yvan Rodrigues. O evento também valoriza novos talentos, com espaço para jovens sanfoneiros locais, promovendo o encontro entre gerações. Entre os destaques estão Rodrigo Nogueira, Miro & Luan, Zé Carlos Gaiteiro, Jorge Carvalho & Cristiano, Vitor Gaiteiro, Patrícia Cantaluppi e Tostão Sanfoneiro.

Mais do que shows, o evento reserva momentos especiais de homenagem ao mestre Dino Rocha. Está prevista uma sessão dedicada a relembrar sua trajetória por meio de projeções, histórias e músicas emblemáticas. Todos os sanfoneiros de Camapuã serão convidados a subir ao palco para uma homenagem coletiva, que promete emocionar o público e reforçar a presença viva de Dino em cada acorde do festival.

“O chamamé já é reconhecido como patrimônio cultural imaterial de Mato Grosso do Sul e também pela UNESCO. Mas o reconhecimento só faz sentido se for vivido. O festival dá vida a essa tradição, coloca o chamamé no palco, aberto ao povo, gratuito, acessível. Além disso, cria um intercâmbio valioso entre músicos experientes e os mais novos, fortalece a cultura local e mantém o som pulsando nas próximas gerações. É mostrar que o chamamé não é só memória, é presente e futuro”, explica Girsel.

Expectativas

A expectativa para esta edição do Festival de Chamamé em Camapuã é receber pelo menos 500 pessoas, mas a organização acredita que o público ultrapassará esse número, dada a grande empolgação da comunidade local. O legado esperado é tanto cultural quanto social, com a intenção de plantar a semente para que a juventude continue valorizando o chamamé, enquanto o público mais velho se sente homenageado e respeitado.

“A ideia é que o festival vire tradição fixa, todo ano, sempre valorizando o chamamé, abrindo espaço para novos talentos e dando palco pra quem já carrega nossa história no peito. Queremos ampliar cada vez mais, trazer oficinas, rodas de conversa, intercâmbios com artistas de outras cidades e estados, sempre mantendo nossa identidade e nossa raiz viva”, finaliza o idealizador.

O festival é uma realização da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, por meio da SETESC, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, dentro do movimento “União e Reconstrução”.

 

Por Amanda Ferreira

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