Luau Cigano é oportunidade de campo-grandenses conhecerem a rica cultura cigana
Cercados de preconceitos e más interpretações, os ciganos são comunidades étnicas diversas, conhecidos por seus costumes nômades que remontam a séculos de histórias. Sua cultura vibrante e rica gira em torno dos valores familiares e hierarquias comunitárias, com tradições de música, dança e arte passadas de geração a geração. Um pouco de toda essa rica história será mostrada no Luau Cigano, evento independente realizado neste sábado (24), a partir das 18h, na Chácara Mankala.
A escolha da data para o evento não é por acaso: no dia 24 de maio é celebrado o Dia Nacional do Cigano. A data foi instituída em 2006, em reconhecimento à contribuição da etnia cigana na formação da identidade cultural brasileira e pela comemoração a Santa Sara Kali, padroeira do povo cigano.
De acordo com uma versão da lenda, Sara foi uma das mulheres que conviveu com Jesus e foi obrigada a fugir de Israel devido a perseguições. Ela, Maria Salomé, Maria Jacobina e Maria Madalena, conhecidas posteriormente como as Três Marias, foram colocadas em um barco à deriva no mar mediterrâneo, sem remos e velas. Santa Sara foi uma das que mais orou para chegar em terra firme com vida, e prometeu que se chegassem a salvo, dedicaria o resto da sua vida ao Evangelho. A embarcação atracou na França, e atualmente o local onde o barco parou foi nomeado como Sainte-Maries-de-la-Mer, em homenagem às três Marias que acompanhavam Sara na embarcação.
A palavra ‘kali’ quer dizer negra, em hebraico, e até hoje a santa é representada como uma mulher de pele escura com o lenço na cabeça, símbolo de pureza e consagração a Deus. Há quem diz que Sara foi a última a ser resgatada do barco, pela cor de sua pele, o que pode ter influenciado os ciganos a fazerem dela sua protetora, como simbolo de fé e resistência.

Foto: Joilson de Paula e acervo Yordana
Disseminar
Em entrevista para o jornal O Estado, Yordana, uma das organizadoras do Luan, explica que o evento é realizado sem apoio ou patrocínio, apenas com a vontade de disseminar a cultura cigana. “Eu e meu parceiro Bruno Guimarães já produzimos noites ciganas, saraus e espetáculos. Este luau será a primeira experiência no formato. O luau sempre foi uma vontade minha, justamente pela conexão dos ciganos com a natureza e seus elementos”, revela. “Ao todo, foram dois meses de organização, entre produção e ensaios de coreografias dos bailarinos das atrações oferecidas”, completa.
Apaixonada pela cultura, Yordana é professora de dança e levará seus alunos para se apresentarem no evento. “Sou diretora de uma companhia de dança que leva o meu nome e integra 42 bailarinos. Destes, 25 estarão se apresentando no evento, além das bailarinas convidadas, Fabi Belly e Ana Mendes”.
Para ela, a dança cigana vai além de uma atividade física, por exemplo. “É alquímica voltada para a alma. Será um momento de muita conexão e canalização de energia onde pessoas de todas as idades e habilidades podem participar. Não é necessário fazer inscrição, pois como uma das atrações do evento todo público presente estará apto a participar”, reforça.
Programação
Uma das principais atrações do evento será a procissão a Santa Sara Kali, seguida do ritual das fitas e partilha das frutas. Serão 12 expositores, com artesanato, acessórios, souvenirs, artigos místicos, flash tattoo, fogueira, oraculistas e gastronomia.
“A expectativa de público é de 150 pessoas, a qual é a capacidade máxima do local. Os ingressos já esgotaram. Além do aspecto cultural e educativo, disseminar a cultura cigana é importante para quebrar esteriótipos pré-concebidos acerca de uma etnia que ainda sofre muito preconceito. De certa forma, é também a oportunidade de proporcionar ao público um pouco mais de conhecimento e consciência”, destaca Yordana.
Além da essência mística, os ciganos carregam consigo a habilidade da arte e da dança, então não existe melhor maneira de celebrar um dia tão especial com muita energia, entretenimento e alegria.

Foto: Joilson de Paula e acervo Yordana
“Mesmo que não sejamos de etnia cigana, somos profissionais da dança e verdadeiros apaixonados por esta cultura, com a qual atuamos com muito respeito. Então sabemos que o Dia de Santa Sara Kali não pode passar em branco. É uma data comemorada por ciganos de todo o mundo, que inclusive realizam uma grande peregrinação na França, todo dia 24 de maio”, finaliza.
A festa começa às 18h, e a partir das 18h30 já acontece o aulão de dança cigana alquímica. Às 19h15 é a vez das apresentações de dança no salão de festa, seguido pela dança com leque de fogo na área externa. Depois, a partir das 20h15, é realizado a fogueira, seguido da procissão, ritual das fitas, partilha das frutas e das pulseiras de Santa Sara.
Serviço
O Luau Cigano é neste sábado, a partir das 18h, na Chácara Mankala, Rua Jorge Pedro Bedoglim, 545, Mata do Jacinto. Os ingressos custam R$ 30 e podem ser adquiridos pelo whatsapp 67 98158-5378 ou 67 99253-8181.
Por Carolina Rampi e Amanda Ferreira
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