Estudantes da UFMS lançam documentário sobre o “Maníaco da Cruz”: 2° episódio Já possui previsão de estreia

Foto: "Crimes da Cruz" mostra relatos da família das vítimas sobre os crimes/Isabelle Silva
Foto: "Crimes da Cruz" mostra relatos da família das vítimas sobre os crimes/Isabelle Silva

No ano passado (2022) um grupo de estudantes de audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) embarcou em uma jornada desafiadora para produzir um documentário sobre um caso que assombrou o Brasil: o caso do “Maníaco da Cruz”. A equipe, formada por Mileny Miyashiro de Sousa (21), Keilayne Pereira de Almeida(20), Caio Gomes da Cunha (21) e Isabelle Pereira da Silva (20), dedicou-se a trazer à luz detalhes sobre uma série de crimes brutais que ocorreram na cidade de Rio Brilhante em 2008.

Em entrevista ao Estado Online, uma das produtoras, Isabelle, compartilhou os motivos por trás da escolha do tema e os desafios enfrentados durante a produção do documentário “Crimes da Cruz”.

A ideia de fazer um documentário sobre o “Maníaco da Cruz” surgiu a partir do interesse da equipe pela linha investigativa de documentários. Na universidade, durante o curso de audiovisual, eles tiveram a oportunidade de estudar documentários teóricos e de produção. A partir disso, Isabelle revelou que a equipe queria encontrar um tema que fosse relacionado a Mato Grosso do Sul. A lembrança de uma “lenda urbana” da infância, sobre o caso do “Maníaco da Cruz”, foi o ponto de partida para a pesquisa. À medida que a investigação avançava, o que era uma lenda se mostrou uma história verídica, despertando um senso de responsabilidade em compartilhar essa realidade com os moradores do estado.

Foto: A equipe juntamente com Marcos Estevão Moura, psiquiatra forense/Isabelle Silva

A mensagem que a equipe buscava transmitir através do documentário era a importância de preservar a memória das vítimas. Durante suas pesquisas, notaram a escassez de informações sobre as pessoas que perderam a vida nas mãos do “Maníaco da Cruz”. Isabelle destacou a falta de detalhes sobre suas histórias e a tendência em tratá-las apenas como corpos. Essa lacuna na narrativa motivou a equipe a mostrar que as vítimas tinham sonhos e toda uma vida pela frente, e que nada justifica o que lhes aconteceu.

“Quando uma pessoa mata outra, as pessoas sempre querem saber por que ela fez isso, se teve uma criação diferente, mas ninguém se pergunta sobre a vida das vítimas antes da morte. Elas simplesmente passam a ser um corpo, e poucos se importam com o que elas queriam ou com a sua memória.” Afirma a estudante.

A produção do documentário foi extremamente desafiadora, principalmente devido à natureza sensível e brutal do tema. Isabelle descreveu a dificuldade emocional de entrevistar a mãe de uma das vítimas, Vilma da Silva e o impacto pessoal que a história teve sobre a equipe. Mesmo diante das dificuldades, eles entenderam a importância de contar essa história e dar voz às vítimas.

 

Foto: A produção ocorreu durante o segundo semestre de 2022, ainda sobre a flexibilização da pandemia/Isabelle Silva

“Não é apenas um corpo que apareceu em uma matéria jornalística; é a filha de alguém contando o quão incrível ela era e o quanto sente saudade dela. Eu e meus colegas ficamos profundamente comovidos, a ponto de querer parar. No entanto, sabíamos que era algo necessário a ser feito.” – Relatou Isabelle.

A busca pelas famílias das vítimas envolveu pesquisas em jornais, redes sociais e contato direto com policiais e autoridades relacionadas ao caso. A equipe teve de enfrentar a demora nas respostas e o desafio de conseguir as entrevistas com os familiares, mas, ao longo do processo, encontraram a compreensão e cooperação da mãe de uma das vítimas, Dona Vilma.

A decisão de dividir o documentário em episódios foi uma solução encontrada para abordar as várias camadas da história. O documentário dividido em 5 episódios, apresentando tópicos específicos para cada um relacionado ao caso, como a família das vítimas, o sistema de justiça, o ambiente familiar do criminoso e os laudos psiquiátricos. Essa divisão permitiu uma abordagem mais aprofundada e detalhada do caso.

Foto: A equipe entrevistou a delegada do caso, Maria de Lourdes Cano/Isabelle Silva

Desafios

Além dos desafios emocionais e narrativos, a produção do documentário enfrentou dificuldades financeiras. Como estudantes universitários com recursos limitados, a equipe precisou correr atrás de recursos através de rifas e eventos para custear a produção, que envolveu viagens para entrevistas em Rio Brilhante, onde o crime aconteceu, e gastos com equipamentos e transporte.

Apesar de enfrentar feedbacks positivos das famílias das vítimas pela abordagem respeitosa e cuidadosa, também houve críticas e preocupações sobre o tema delicado e a possibilidade de romantização do crime. A equipe esclareceu que seu objetivo era apresentar os fatos sem romantizar o criminoso e transmitir uma mensagem de que tais ações não podem ser justificadas.

Foto: A equipe com a família de uma das vítimas; Gleice kelly/Isabelle Silva

Segundo episódio

Agora, com o lançamento do segundo episódio previsto para agosto, a equipe abordará a justiça brasileira e a complexidade do caso, especialmente o fato do criminoso ter sido menor de idade quando cometeu os crimes. A equipe busca parcerias para exibir o documentário em cineclubes e também fora do campus da UFMS.  Os episódios serão abertos ao público, oferecendo a oportunidade de conhecer detalhes e reflexões sobre esse trágico caso que marcou a história de Mato Grosso do Sul.

Entenda o caso

O caso do Maníaco da Cruz foi um acontecimento trágico que marcou a história do estado de Mato Grosso do Sul. O criminoso em questão era Dyonathan Celestrino, um jovem que cometeu uma série de crimes brutais na região de Rio Brilhante, interior do estado em 2008.

Durante esse período,Dyonathan assassinou três jovens mulheres, deixando a população em estado de choque e medo. Suas vítimas foram Gleice Kelly da Silva, 13 anos, Letícia Neves de Oliveira, 22 anos, e Catalino Gardena, 33 anos. Os assassinatos foram caracterizados pela brutalidade e crueldade, chocando a comunidade local.

O apelido “Maníaco da Cruz” surgiu devido ao modus operandi do criminoso, que amarrava suas vítimas em formato de cruz antes de cometer os assassinatos. Os crimes foram acompanhados de grande repercussão midiática e mobilizaram esforços intensos das autoridades policiais para capturar o responsável.

Dyonathan foi preso ainda sendo menor de idade no mesmo ano. Devido à sua idade, ele foi julgado como menor infrator, o que gerou muita discussão e controvérsia em relação à punição adequada para seus atos hediondos.

O caso do Maníaco da Cruz despertou debates sobre segurança pública, ações de ressocialização de jovens infratores e a importância de garantir justiça às famílias das vítimas. Além disso, trouxe à tona a questão da violência contra as mulheres e a necessidade de maior conscientização e combate a esse tipo de crime.

É importante abordar esse caso com respeito e sensibilidade, lembrando que ele causou profundas marcas nas vidas das famílias das vítimas, da comunidade local e na sociedade como um todo. O respeito às vítimas e seus familiares deve estar sempre em primeiro plano, evitando qualquer romantização ou sensacionalismo em torno do acontecido.

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