Estado Musical

Com 42 anos, a criação do Estado se concretizou em janeiro de 1979, mas a distância entre Cuiabá e Campo Grande já marcava diferentes culturas e estilos musicais, que em nossa Capital ganhou força e identidade através daqueles que ficaram conhecidos como Prata da Casa, com nomes como Almir Sater, Carlos Colman, Guilherme Rondon, além da tradicional família local de músicos, os Espíndola.

O que marca a criação do Estado é a geração prata da casa, que a família espíndola fazia parte, que nos anos 80 deu uma cara para a música de Mato Grosso do Sul. Hoje a música que rola em Campo Grande é mais universal e urbana. Rola de tudo, temos samba, mpb e rap… é uma coisa natural que aconteceu com o tempo. Hoje o mundo chegou no nosso quintal e tá tudo globalizado, acho que uma coisa que não mudou é o nível da qualidade dos artistas. A gente pode ter mudado de música, mas em Campo Grande tem uma água diferente, porquê é muito cantor e compositor bom aqui, explica o músico Jerry Espíndola.

Rodrigo Teixeira, do que é considerado música regional aponta que: essa música regional que tem a ver mais com essa nossa base, vem sendo construída desde a primeira geração de compositores – lá na década de 50 – Délio e Delinha; Beth e Betinha; Zacarias Mourão. Depois, veio a geração dos modernistas, Paulo Simões; Geraldo Rocca; principalmente Geraldo Espíndola, esses caras modernizaram essa tradição, colocaram uma harmonia diferente e fizeram uma música híbrida, pegando esse lado da fronteira com o rock, com essa influência dos EUA (Bob Dylan e outros mais).

Consequentemente, com o crescimento desenfreado da economia e cultura, as raízes foram sendo deixadas de lado, ou para segundo plano. Isso se deve ao crescimento de Campo Grande principalmente… e à globalização; internet. Antes a gente recebia mais influencia da fronteira porquê isso era real, era difícil conseguir até discos, às vezes amigos traziam discos de fora do Bob Dylan. Acho que a música urbanizou e acabou abrindo. Primeiro eram os pioneiros e depois a geração prata da casa tinha bastante essa ligação com a música fronteiriça, destaca Jerry Espíndola.

Do que era composto em nossa terra, Renato Teixeira chama atenção que: depois, na década de 80 começaram a chamar isso de música regional sul-mato-grossense. Essa música, hoje, está praticamente em extinção. São poucos os novos compositores que surgem nessa praia da música regional mesmo. Talvez seja, mais ou menos, o mesmo efeito também da presença da música paraguaia – e dos músicos paraguaios – aqui, que está praticamente na mesma também, se em comparação com a década de 80. Tem poucos músicos paraguaios aqui e acho que, essa música regional mais clássica são poucos os artistas que fazem.

Pra mim, que já andei por aí pelo Brasil, acho um nível muito alto. Sou daqueles caras que acham que a Chá Noise é a melhor banda pop do país; que o Bêbados Habilidosos é a melhor banda de blues do Brasil. Eu viajo nessa história. Acho que o que não mudou, com certeza foi a qualidade, pontua Jerry Espíndola.

Sobre a própria identificação com a cena musical, Jerry conta que: minha geração fica mais ou menos no meio dessa história, que acho que sou da idade do Renato, do Toninho Porto, uma galera que olhou para um outro lado… influenciados pela geração Prata da Casa, mas já demos um passo mais moderno. Nosso música é pop, é rock, já tem outros elementos que a prata da casa não tem e ficamos como um elo para essa geração mais nova que veio e depois fazendo essa música mais urbana.

(Texto: Léo Ribeiro)

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