Entre Rios a Rio Brilhante

Foto: Divulgação
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Documentário oferece imersão na arquitetura de Rio Brilhante, revelando a história e a evolução da cidade por meio de suas construções

 

Você provavelmente já se viu admirando, em alguma cidade, os prédios, monumentos e casas que a compõem, seja em sua cidade natal ou em viagens. O que marca essas construções são as belezas que transcendem diversos movimentos artísticos, englobando estilos como o gótico, o barroco, o romântico, entre outros, e que guardam a história e a memória de um lugar. Cada edificação é um elo com o passado, uma marca que resiste ao tempo e se inscreve na narrativa da cidade.

É com esse olhar sobre a arquitetura e a história que a cineasta Marineti Pinheiro e o arquiteto Fábio Fernandes dão vida ao filme documentário “Entre Rios a Rio Brilhante”. A obra, baseada no livro “Produções Arquitetônicas do Município de Rio Brilhante – Mato Grosso do Sul 1830 a 1960. O documentário, que estreou no dia 20 de dezembro, explora a rica herança arquitetônica da cidade, proporcionando um mergulho na história e na evolução de Rio Brilhante por meio de suas construções mais emblemáticas.

O trabalho do arquiteto Fábio Fernandes é visto como um resgate histórico fundamental, que vai além da simples pesquisa arquitetônica. Seu estudo oferece uma verdadeira descoberta sobre o processo de povoamento de MS. Fábio investiga como as primeiras pessoas chegaram à região, por volta de 1830, e começaram a se estabelecer, explorando as construções que marcaram esse processo.

“O filme é inspirado na minha tese de doutorado, que é um trabalho minucioso sobre o histórico de povoamento da região do Campos de Vacarias e as primeiras construções, com preciosas informações e imagens históricas desses importantes espaços arquitetônicos” afirma Fábio autor do livro. Esse olhar especializado permite a ele identificar e preservar elementos arquitetônicos que são testemunhas de diferentes períodos históricos, oferecendo uma visão profunda da evolução urbana da região.

Entre Rios e Câmeras

A diretora Marineti da obra tem se dedicado a redescobrir e trazer à tona as histórias de diversos municípios de Mato Grosso do Sul. Após realizar projetos sobre Sidrolândia e Campo Grande, surgiu a oportunidade de explorar a história de Rio Brilhante. Para o Jornal O Estado, a cineasta conta como foi o processo de produção.

“Ao longo dessa jornada, vemos como o poder aquisitivo e a utilização da matéria-prima local – como o barro – influenciaram as construções. Muitas dessas edificações foram feitas com adobe, outras com pau-a-pique, e mais tarde, surgiram construções ecléticas, influenciadas por estilos europeus que levaram um tempo para chegar por aqui”, destaca.

A reflexão sobre a arquitetura de Rio Brilhante revela a riqueza e a singularidade das construções da região. Algumas edificações, como fazendas e igrejas, foram restauradas, e a recuperação dessas estruturas é impressionante, especialmente no caso da capelinha. Além disso, há casas de dois andares que preservam os móveis originais, mantendo viva a história de sua construção. No entanto, muitas dessas construções estão se deteriorando, e muitas outras permanecem em propriedades particulares, o que dificulta seu acesso e preservação.

O documentário também aborda a importância dos cemitérios, lugares que, segundo Pinheiro, guardam autênticas obras de arte. Ela destaca, em particular, uma escultura em mármore encontrada no cemitério de Rio Brilhante, que a impressionou profundamente. Essas obras de arte, muitas vezes esquecidas, são parte fundamental da memória arquitetônica e cultural da cidade.

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“Eu fiquei muito emocionada com o processo de realização desse trabalho. A gente fez uma articulação com a Secretaria Municipal de Cultura. Foi emocionante ver mais de mil pessoas assistindo ao filme, prestando atenção na tela. Foi muito emocionante fazer esse trabalho de resgate e preservação”, conta Marineti.

Ainda serão feitos alguns ajustes no filme, mas a cineasta antecipou que, em no começo de 2025, a obra já estará disponível no YouTube, permitindo que o público tenha acesso a essa história rica em cultura e arte.

 

Amanda Ferreira

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