É dia de Rock bebê! Diferentes gerações da cena musical campo-grandense explanam sobre “esse tal de rock and roll”

Rock
Foto: Divulgação
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado

Hoje (13) é comemorado o Dia Mundial do Rock, embora seja “abraçado” com mais força apenas no Brasil, por causa de questionamentos feitos por outros países no que tange à data escolhida. Especialistas em música contestam essa escolha. Eles sugerem outros acontecimentos que seriam mais significativos para a história do rock e que, portanto, mereceriam ser data verdadeira.

Entre as datas estão o dia 5 de julho, quando, em 1954, Elvis Presley, ao lado de Scotty Moore (guitarra) e Bill Black (contrabaixo), gravou uma versão de “That’s All Right”, de Arthur Crudup, e 9 de fevereiro, quando, em 1964, os Beatles se apresentaram pela primeira vez nos Estados Unidos. Polêmicas à parte, o que se pode afirmar é que o 13 de julho faz alusão ao Live Aid, um grande festival beneficente realizado simultaneamente no Reino Unido e nos Estados Unidos em 1985, para combater a fome na África. 

No Brasil, a data começou a ser comemorada principalmente nos anos de 1990, após a iniciativa das rádios 89 FM e 97 FM, ambas do segmento rock’n’roll e seus diversos subgêneros, que começaram a mencionar o show a que o mundo inteiro assistiu pela TV e, em especial, a declaração do cantor e baterista Phil Collins, que teria sugerido, durante a transmissão, que aquele deveria ser considerado o “Dia Mundial do Rock”. Atualmente, o 13 de julho é bastante comemorado pelos amantes do gênero musical. 

Em Campo Grande, a equipe do jornal O Estado foi conversar com três gerações de músicos para saber como eles vêm a cena roqueira na atualidade. 

Para Ellora Tuanne, vocalista da banda Monsters, o rock vai muito além de ser “apenas” um gênero musical. “Eu escuto rock/ heavy metal desde criança. Minha mãe e meu tio tem muita influência nisso. É um estilo de vida mesmo. Eu levo muito a sério as bandas que eu estou integrando, busco sempre fazer um cover fiel”, afirma a cantora. 

Já Rodrigo Tozzette, guitarrista e vocalista do consagrado e conhecido Bando do Velho Jack, sobre o que representa o rock em sua vida, não titubeia, e dá ao gênero um significado existencial: “O rock para mim é o ar que eu respiro. É o que dá sentido, eu aprecio, não é só uma música que embala minhas coisas, eu aprecio, estudo. Quando eu ouço algum artista, uma banda, eu vou me atentar aos detalhes, às nuances, apreciar, então acredito que seja igual a quem gosta de vinho, que vai buscar os detalhes”. 

Rafael Barros, vocalista e guitarrista da “On The Road”, tem uma ligação mais sentimental com a vertente musical. “O rock entrou na minha vida por meio da banda Rivers. Eu não conhecia nada de rock até eu ir ao ‘Postinho’ que fica ali no Parque dos Poderes, por meio de parentes meus que me levaram quando eu tinha uns 15, 16 anos. Foi paixão à primeira vista, já fiz amizade com a galera, comecei a trabalhar como roadie deles para aprender como era, comecei a tocar e estou aí há mais de dez anos”, relembra. 

Franquia ou festival de rock?

Um dos tópicos que geralmente causam polêmica entre apreciadores do rock é o Rock in Rio que, apesar do nome, não é um evento exclusivo de rock, mas sim uma franquia eclética e de muito sucesso, que já passou por mais três países, além do Brasil: Portugal, Espanha e Estados Unidos. 

Idealizado e realizado pelo empresário Roberto Medina em 1985, o evento é reconhecido desde a primeira edição como o maior festival de música do planeta. Atualmente já foram realizadas 20 edições, sendo oito no Brasil, oito em Portugal, três na Espanha e uma nos Estados Unidos. Para 2022 há mais uma edição prevista em terras “brazucas”, o que enche de expectativas os fãs dos artistas do line-up e reacende a discussão do público em geral. 

E há, aí, um fenômeno interessante: recentemente, quando da abertura da venda dos ingressos para o Rock in Rio, ingressos para shows de artistas pop, como Anitta, venderam mais rápido do que ingressos para shows de “monstros sagrados”, como Iron Maiden. Sobre isso, Ellora é bem direta: “Primeiramente gostaria de dizer que eu respeito muito a Anitta! Ela é uma baita marqueteira, tá fazendo um sucesso tremendo e só progride (mesmo não gostando do gênero que ela canta). Ela e outros artistas recentes estão no ‘hype’ dessa geração, por isso é compreensível a venda dos ingressos se esgotar tão rápido”, assevera a cantora. 

Já Tozzette acredita ser algo que possa ter motivações variadas e difíceis de detectar. “Se não for por uma situação momentânea e também características do evento – e aí vai um monte de coisas – desde o ingresso, o fato de ser no Rio, um público gigantesco da Anitta está no Rio de Janeiro, isso tem muitas variáveis, tem de ver direito todas essas condições.” 

Rafael, no entanto, comenta que, no seu entendimento, o evento sempre foi um festival de música e não de rock propriamente dito. “Desde 1985, a primeira edição, nós tivemos vários artistas de outros estilos. Nos anos de 1990, tivemos Carlinhos Brown, Ivan Lins, Gilberto Gil, então eu sempre consegui entender que o Rock in Rio é um festival de música, e aquela época, o rock estava no auge nas rádios, estava em um momento de ouro, então muita gente escutava muito mais rock do que hoje em dia. Eu sei que muitos dos roqueiros, muitas das pessoas enxergam o Rock in Rio – por causa do nome – como algo que deveria ter só rock, mas é um festival de música. A gente vive em um mundo capitalista e, se fosse realizado um festival desde os anos de 1980 de um único estilo, talvez não estivesse fazendo até hoje”, pontua o cantor. 

Shows

Rodrigo Tozzette comentou que o Bando do Velho Jack está em hiato neste momento e, portanto, não fará apresentações. Já a banda On The Road se apresenta hoje (13), a partir das 17h, no Shopping Pátio Central. A banda Monsters, da qual Ellora é vocalista, toca no Irlandês Pub na próxima sexta-feira (15), à meia-noite, fazendo um especial de Iron Maiden e Metallica.

O Bando do Velho Jack

Foto: Divulgação

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