Cia de Dança do Pantanal destaca-se novamente por suas apresentações, mas dessa vez o espetáculo foi apresentado no palco do programa “Caldeirão com Mion”. Agustín Salcedo e Frantielly Khadija são os bailarinos responsáveis por encantar a plateia com a performance “Duo de Onças” no programa da emissora Globo, normalmente apresentado aos sábados, a partir das 16h30. A performance integra em parte o espetáculo “Guadakan”, estreado pela companhia em 2022. A apresentação do duo foi exibida sábado (17) e levou ao público uma experiência visual única, propondo uma reflexão sobre as ameaças humana para com o bioma pantaneiro.
Divindade para alguns povos, o rugido da onça, para o povo Tukano, grupos indígenas localizados na região noroeste do Brasil, representa o prenúncio de chuva; enquanto no noroeste da Colômbia, a tribo Desana considera o animal a manifestação do sol. Na performance “Duo de Onças”, o objetivo é ressaltar a vigorosidade do animal enquanto símbolo do bioma pantaneiro, mas em especial como ser vivo, conforme explicou o bailarino e professor Agustín Salcedo.
“O objetivo é mostrar a força da onça, a importância que ela tem no bioma e a sua preservação frente às ameaças que sofrem pelo homem, como a caça e as queimadas que acontecem no Pantanal. Tudo isso foi comentado dentro do espetáculo Guadakan, que aborda os incêndios que ocorreram em 2020 e os danos que causaram, trazendo reflexões para o presente e futuro”, explicou Agustín. O duo das onças é um trecho do trabalho anteriormente mencionado.
Coreografia
O espetáculo é uma idealização do coreógrafo Chico Neller, fundador do Ginga Espaço de Danças, uma escola de dança tradicional em Campo Grande, em conjunto com a direção artística de Márcia Rolon, diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural, em parceria com outros profissionais. Em entrevista ao Jornal O Estado, Márcia revelou que a participação dos bailarinos no quadro “Caldeirola” aconteceu por meio da produção da emissora que, ao visualizar o espetáculo ‘Moinho In Concert Guadakan’ no canal do instituto no YouTube, convidou a dupla para uma seleção. “Passamos por uma seleção rigorosa pela equipe do programa e fomos aprovados. Depois marcaram a data e fomos gravar”, disse a diretora.
Chegar ao palco com a devida performance foi memorável e de suma importância, para o bailarino. “Levar o Pantanal para um programa de rede nacional, exaltando a importância da preservação do mesmo, foi incrível.” Ainda, Augustín diz que seus objetivos profissionais mantêm-se alinhados a esse caminho. “Os próximos passos são continuar trazendo realidades contemporâneas e reflexões, e continuar fomentando os trabalhos culturais no Instituto Moinho Cultural”, concluiu.
Já Márcia Rolon, reforça o sentimento de arrebatamento diante da experiência singular, contudo, destaca, em especial, por ser um momento no qual o Instituto busca por parcerias. “Foi uma experiência linda, e esperamos que a partir dela possamos ainda mais levar nosso nome e nosso trabalho, em especial um trabalho que fala de proteção do nosso bioma, o Pantanal. Além disso, neste momento, tanto a Cia de Dança quanto o Moinho Cultural estão precisando de patrocínio para a nossa manutenção. Então, estar na Globo, em um programa com muita audiência, é de extrema importância para a visibilidade da Cia e, consequentemente, para o Moinho Cultural”, afirmou.
A perfomance
Inspirada no animal místico do Pantanal, a onça-pintada, predadora extraordinária na natureza, foi a protagonista dos movimentos expressivos e ritmados realizados pelos bailarinos Agustín e Frantielly, cujo propósito foi estimular reflexões por meio de técnicas que reinventam o corpo e expressam a força vital do animal que, por civilizações antigas, já foi considerado divindade e, em dias atuais, enfrenta ameaças, assim como seu habitat. “É letal como a falta de consciência mata e destrói”, disse a dançarina profissional em dança contemporânea Frantielly Khadija. Frantielly acrescenta: “Nossa motivação surge da impessoalidade nossa com o bioma que fazemos parte”. Por isso, a Cia de Dança do Pantanal traz à tona diversos emblemas e problemáticas. “O Pantanal é a maior planície alagada do planeta e poucos sabem disso”, enfatizou Frantielly durante a entrevista.
Segundo a dançarina, esse foi um ponto vigoroso para a construção do espetáculo. Em 2020, mais de 2,1 milhões de hectares do Pantanal foram atingidos por queimadas, de acordo com o estudo da ONG ICV (Instituto Centro Vida). O fogo histórico no bioma foi o contraponto da “beleza” do espetáculo Guadakan, segundo Frantielly. “Esse desastre ambiental matou 10 milhões de animais e afetou em média 4,6 bilhões de animais, perdendo assim sua grande variedade de animais e biodiversidades”, concluiu a dançarina.
Para conhecer mais sobre a Cia de Dança do Pantanal, acesse: @ciadedancadopantanal
Por Ana Cavalcante.
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